Festas, Yoga e Outras Vestimentas.

Festas, Yoga e Outras Vestimentas. Poliéster, nylon, ‘feece‘, colantes, cangas e tantas alternativas técnico desportivas e seus efeitos sobre a saúde.

 

Resumo da História

  • O algodão não orgânico é um cultivo químico-dependente. Mesmo que constitua só 2,4 % das terras cultivadas, recebe 10 % do total dos químicos agrícolas e 25 % do total dos inseticidas;
  • Vestimentas desportivas, como as roupas para yoga e jaqueta de ‘fleece‘ (nt.: feito com a resina plástica poliéster), liberam quantidades enormes de fibras microscópicas das resinas plásticas de que são feitas, cada vez que são lavadas;
  • Cada ano, chegam aos oceanos em torno de 1,7 milhões de toneladas de microfibras;
  • Para reduzir a contaminação: optemos pelo uso de tecidos orgânicos tingidos com corantes naturais; evitemos os artigos impressos por serigrafia e os tecidos técnicos de marcas registradas; instalemos filtro de microfibras em nossa máquina de lavar roupa; levemos em consideração como lavamos nossa roupa sintética e procuremos a Certificação do Sistema ‘Bluesign‘ (nt.: ver este sistema criado para controlar a poluição têxtil – https://www.bluesign.com/).

 

http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2017/03/29/microfibers-yoga-pants-athletic-wear.aspx

 

 

By Dr. Mercola

A poluição da água tem várias fontes. A agricultura é muito significante, mas a indústria têxtil é outra que não tem recebido a devida atenção.

A produção de algodão não orgânico contribui para os problemas ambientais já que a maioria é geneticamente modificado (GM) e sobre ele são aspergidas  copiosas quantidades de herbicida da Monsanto, o ‘Roundup‘. Um de seus ingredientes é o princípio ativo glifosato (glyphosate), possível cancerígeno humano conforme a OMS (nt.: importante: a OMS não pode afirmar que é cancerígeno por uma questão ética. Senão pareceria que teria existido pesquisa diretamente sobre pessoas humanas).

De fato, o algodão não-orgânico é uma das culturas mais dependentes da química sintética da agricultura modernizada. Enquanto constitui somente 2,4% da área agrícola global, ela recebe 10% dos insumos agrícolas químicos no total e 25% de todos os inseticidas.1

No entanto, as fibras sintéticas como poliéster e nylon são muito destrutivas. 2 Em 2014, o poliéster — uma resina plástica de material feito de nafta petroquímica — constituía mais de 60% de todo o tecido produzido pela indústria têxtil. 3

Infelizmente, tecidos flexíveis como os colantes e confortáveis de yoga, o aconchegante ‘fleece‘ (nt.: feito de poliéster que imita a lã de ovelha), tornaram-se itens de uma verdadeira maldição por derramarem copiosas quantidades de fibras microscópicas da resina plástica que são feitas, a cada vez que elas são lavadas. Devida a seu diminuto tamanho, estas microfibras (microfibers4 fluem direto através das estações de tratamento de esgoto sem serem capturadas.

Microfibras causam a Maioria da Poluição de plásticos

Amostras demonstram que microfibras sintéticas constituem 85% dos detritos nas costas marinhas de todo o mundo,5 e estão particularmente concentradas nos sedimentos das praias próximas de estações de tratamento de esgoto.6

De acordo com estimativa feita pela International Union for Conservation of Nature, acima de 1,7 milhões de toneladas de microfibras entram em cada oceano, a cada ano. 7

Uma vez na coluna d’água, estes micro detritos plásticos bloqueiam a luz solar requerida pelo plâncton e algas para medrarem e as ramificações desta situação reverbera, inteiramente, através da cadeia alimentar. Para se ter uma ideia exata de como este problema tornou-se tão severo, consideremos isto: em algumas águas oceânicas, os detritos plásticos excede o plâncton num fator de 6 para 1!8 

Corantes tóxicos, tratamentos dos tecidos como o uso de retardadores de chamas (flame retardants) = (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/retardadores-de-chama-e-as-criancas/) e substâncias químicas que tornam os tecidos resistentes a manchas, além de detergentes para lavagem dos tecidos mais agregam os crescentes problemas ambientais trazidos por todo o ciclo das roupas e dos tecidos.

Micro plásticos são a Maior questão no Golfo do méxico

A pesquisadora da Universidade da Florida, Maia McGuire, Ph.D., estuda plásticos nas vias hídricas da Florida. No início, ela espera encontrar principalmente micro esferas — pequeninas esferas de plástico encontradas em esfoliantes de rosto e corpo — mas ela rapidamente constatou que as microfibras eram longe a maior preocupação. McGuire contou à ABC News:9

“A grande preocupação é nós conhecermos que a quantidade de plástico está crescendo e cresce de tal forma que se torna exponencial neste momento. E, pela própria natureza do plástico,  sendo um químico sintético, outras moléculas artificiais aderem a ele e finalmente os animais por similitude acabam comendo-o.

Constatamos o grande número de animais grandes que sofrem o impacto dos detritos plásticos maiores, levando-nos a imaginar o efeito destas moléculas sobre os pequenos animais (oriundo dos microplásticos) …

O que podemos fazer quanto a isso é uma questão de bilhões de dólares. O consenso parece ser de que necessitamos aprimoramento tecnológico das máquinas de lavar roupas e de processos eficazes no tratamento das estações de esgoto em combinação , no sentido de tentar filtrar e reter estas fibras. Há tanta coisa que não temos nem noção.”

Entre setembro de 2015 e agosto de 2016, o Projeto de Consciência dos Microplásticos da Florida, da pesquisadora Maia McGuire, coletou e analisou amostras de água de 256 locais na Florida. 89% continham plástico, 82% delas estavam na forma de microfibras. Somente 7% foram de micro esferas (nt.: material empregado em produtos de cuidado pessoal tipo xampus e pasta de dente para agirem como esfoliantes).

A partir de julho deste ano (nt.: em 2016 nos EUA – http://www.pensamentoverde.com.br/atitude/lei-que-proibe-uso-de-microesferas-e-aprovada-nos-estados-unidos/), produtos de cuidado pessoal não são mais permitidos conterem estas microesferas (nt.: no Brasil, pelo que consta, ainda, em 2017, são permitidas).10 No início de julho de 2018, as microesferas também serão banidas de cosméticos e a partir de julho de 2019, devem ser eliminadas também de medicamentos sem receita obrigatória, vendidos nos EUA.11

Enquanto banir as microesferas é um passo na direção adequada, as análises de água revelam que elas não estão sendo as prevalentes no ambiente como são as microfibras. Assim, banir as microesferas enquanto não se faz nada quanto às microfibras não se estará fazendo o impacto necessário, realmente significativo.

Microfibras ameaçam vida selvagem e terminam no suprimento alimentar humano

Uma vez que estas fibras estejam nos lagos, rios e oceanos, é lógico que serão consumidos pela vida selvagem, migrando mais e mais na cadeia alimentar e foi o que os pesquisadores detectaram. As fibras foram encontradas tanto no sal de cozinha como em vários frutos de mar vendidos para consumo humano (nt.: ver https://nossofuturoroubado.com.br/plastico-e-cadeia-alimentar/).13 

Microfibras têm demonstrado aumentar a mortalidade entre as pulgas d’água 14 e reduzindo a ingestão alimentar de caranguejos, vermes e lagostins (também conhecidos como ‘Norway lobster‘),15,16  por isso ameaçando suas taxas de sobrevivência. Análises de peixes tanto de água doce como salgada mostraram que 90% têm resíduos de microfibra em seus corpos.17,18

As fibras não fazem, na verdade, só danos à saúde da vida marinha, mas também em quem os consome, já que elas são bio acumulativas. Atuam também como esponjas, adsorvendo e concentrando tóxicos como os (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/mulheres-ameacadas-pelos-disruptores-endocrinos/), agrotóxicos e mesmo , fazendo com que o animal — que pode terminar em nosso prato do almoço — torne-se muito mais tóxico do que poderia ser.

Estas substâncias químicas têm mostrado causar danos ao figado, como tumores, e sinais de serem também disruptores endócrinos (endocrine disruption) em peixes e outros frutos do mar, incluindo baixa na fertilidade e na função imunológica. No último ano, citando um relatório 19 do British Department for Environment, Food and Rural Affairs [DEFRA], o periódico Daily Mail escreveu: 20

“Microplásticos têm sido detectados em ampla variedade de espécies incluindo zoo plâncton, mexilhões, ostras, camarões, vermes marinhos, peixes, focas e baleias. Substâncias químicas aderidas aos microplásticos, ingeridos por um organismo, podem dissociarem-se das partículas plásticas e serem absorvidas pelos tecidos de seu corpo …

[O DEFRA] informa ser evidente das pesquisas com animais, que pequenas partículas plásticas podem atravessar as membranas das células, causando danos e inflamação.

Observando as implicações sobre os seres humanos, [o DEFRA] diz: ‘Muitos estudos mostram que os microplásticos, vindos do Atlântico, estão presentes nos frutos do mar vendidos para consumo humano, incluindo mexilhões em criatórios do Mar do Norte tanto de mexilhões como ostras. ‘A presença de microplásticos marinhos nos frutos do mar podem gerar uma ameaça à segurança alimentar.’”

Também de acordo com este mesmo relatório, comendo seis ostras pode-se introduzir em torno de 50 microplásticos no corpo de quem consome. Um terço dos peixes capturados no Canal de Mancha também contêm microesferas, como 83% dos camarões fritos vendidos no Reino Unido.21

Fatores que pioram a liberação de Microfibras

Testes demonstram que cada vez que se lava uma jaqueta de fleece (nt.: novamente a indústria tenta copiar a natureza e até ‘rouba’ o nome natural para seus produtos como agora quando esta palavra em inglês significa velo de lã, como direto de um pelego de ovelha) sintética mostra que libera de 1,7 a 2,7 gramas de microfibra. 22,23,24  Para efeitos de comparação, um clip de papeis pesa em torno de 1,5 gramas.

As estimativas sugerem que uma cidade de 100.000 habitantes descarte acima de 120 quilos de microfibras em seus mananciais hídricos a CADA DIA — uma quantidade que equivale a 15.000 sacos plásticos que entram nos cursos d’água diariamente. Uma série de diferentes fatores contribuem para esta quantidade de fragmentos de fibras, incluindo:

  • Idade do produto. Uma jaqueta velha de ‘fleece‘, mais microfibras serão liberadas 25
  • Qualidade do material. Material de marca genérica de baixa qualidade pode perder até 170% mais em sua vida útil do que produtos de boa qualidade
  • Tipo de tecido. Em uma comparação entre o acrílico, o poliéster e a mistura de poliéster com algodão, o acrílico é o pior, por espalhar microfibras mais do que quatro vezes mais rápido do que a mistura poliéster e algodão 26,27
  • Tipo de máquina de lavar. Testes mostram que as máquinas que tem carregamento superior (nt.: a grande maioria dos modelos brasileiros) liberam em torno de 530% mais microfibras do que as que têm o carregamento frontal 28
  • Temperatura da água, comprimento e resistência à agitação do ciclo de lavagem além do tipo de detergente (nt.: outra forma de chamar o sabão em pó) usado. Calor, agitação e agressividade do sabão/detergente, todos promovem a degradação e a liberação das microfibras.

Soluções Potenciais

Um dos remédios mais rápidos e fáceis é adicionar um filtro na máquina de lavar roupa que capture as microfibras. 29 Wexco é atualmente o distribuidor exclusivo (nt.: esta informação é dos EUA) do Filtrol 160 , 30 projetado para capturar fibras que não sejam biodegradáveis das descargas das máquinas de lavar roupa. Aqui está – link to Google – para encontrar as fontes deles.

Infelizmente, esta solução resolve somente parcialmente o problema, já que no final as microfibras irão ainda para um aterro de lixo quando se tiver o filtro cheio.  A partir daí, poderão entrar na cadeia biológica.

Outra nova solução potencial — uma máquina de lavar sem água — que foi desenvolvida pela TERSUS Solutions no Colorado, com o financiamento da empresa Patagonia (nt.: grande empresa que desenvolve roupas para aventuras e que usa praticamente só tecidos artificiais). Ela lava as roupas usando dióxido de carbono pressurizado em vez de água. 31  A empresa Patagonia também está buscando soluções para mitigar esta realidade, incluindo produtos reprojetados para prevenirem a liberação de microfibras.

Talvez o caminho mais simples para contornar todos estes problemas é também biologicamente a mais elegante, é a que evita a compra de roupas com fibras sintéticas. Assim, em primeiro lugar será a que fizer a opção por tecidos de algodão orgânico, cânhamo, seda, lã e mesmo bambu, em vez das sintéticas.

a degradação gerada pelo Poliéster vai além da poluição pelas Microfibras

Muito além da poluição da microfibra, o poliéster e outros tecidos sintéticos feitos pelo homem têm muita outras desvantagens ambientais, incluindo o que segue: 32

•O poliéster não é só feito do petróleo; o processo de fabricação dele e de outros tecidos sintéticos é também energético-intensivo, liberando grandes quantidade de emissões atmosféricas tóxicas, incluindo os compostos orgânicos voláteis, material particulado e gases ácidos (nt.: situação que gera a agressiva chuva ácida).

•Subprodutos da produção de poliéster também incluem poluentes da água como os monômeros (nt.: como o poliéster é um polímero, este é a agregação de milhares de monômeros – mono=um; poli=muitos) voláteis e os solventes.

•Substâncias químicas tóxicas também são usadas durante a produção de muitos tecidos sintéticos como os perfluorados (nt.: em inglês perfluorochemicals/PFCs – ver https://nossofuturoroubado.com.br/busca/?q=pfcs), os ftalatos (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/busca/?q=ftalato), corantes  azóicos (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/onze-grupos-de-substancias-perigosas-que-devem-ser-eliminadas-de-nossas-roupas/), dimetilformamida (DMF), nonilfenol etoxilado (nt.: em inglês – nonylphenols ethoxylates/NPEs), nonilfenóis (nt.: em inglês = nonylphenols/NPs) e triclosan (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/onu-lanca-alerta-sobre-impacto-de-produtos-quimicos-do-dia-a-dia/). Pesquisa sueca estima que 10% de todos os químicos usados na indústria têxtil são potencialmente perigosos para a saúde humana. 33

De acordo com um relatório do Greenpeace, 34 as roupas esportivas tendem a conter os mais altos níveis de substâncias químicas tóxicas, incluindo os disruptores endócrinos que podem ter efeitos tóxicos agudos se formos suscetíveis. Produtos químicos são aplicados à maioria dos tecidos sintéticos para melhor sua performance na drenagem, permitindo a resistência à água e a manchas, além de diminuir os odores corpóreos.

Alguns fabricantes de roupas estão agora começando a tomar estes fatos com maior seriedade. Por exemplo, a Patagonia está trabalhando para desenvolver tratamentos com os tecidos usando matérias primas naturais e, junto com a   Adidas, estão prometendo eliminar os PFCs (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/saude-bane-tres-toxicos-de-embalagens-nos-eua/). Adidas prometeu ter produtos 99% livre de PFCs a partir deste ano. Outros, como Ibex, Alternative Apparel, SilkAthlete e Evolve Fit Wear estão usando algodão orgânico, combinações de seda e lã merina para suas linhas de roupas esportivas. 35

Corantes de vestuários Tóxicos causam estragos ambientais

O tingimento têxtil é outro grande destruidor ambiental. Muitos destas fábricas estão localizadas em países em desenvolvimento onde as normas são frouxas e custos operacionais baixos. Águas residuais, sem tratamento ou minimamente tratadas (untreated or minimally treated wastewater), são normalmente descartadas nos rios próximos, de onde se dirigem para os lagos e oceanos, atravessando todo o globo através da correntes marinhas. Estima-se que 40% das substâncias químicas da indústria têxtil são descartadas pela China. 36 A Indonésia também está lutando com as consequências químicas da indústria do vestuário.

O rio Citarum (nt.: rio da Indonésia, localizada na Ilha de Java, perto da capital Jacarta) é, atualmente, um dos mais fortemente poluídos no mundo, graças a congregação de centenas de fábricas têxteis ao longo de suas margens. As análises feitas pelo Greenpeace revelam que a água do rio contém quantidades alarmantes de chumbo, mercúrio (mercury)  arsênio (arsenic) , nonilfenol (um disruptor endócrino – endocrine disrupting chemical) e muitos outros químicos tóxicos — todos eles são descartados diretamente pelas fábricas no rio, sem mesmo a mais básica filtração química ou tratamentos dos efluentes líquidos.

O produto final dos vestuários pode também conter nonilfenol (nt.: para se ter uma ideia este foi um dos primeiros disruptores endócrinos a ser descoberto como feminizador dos machos. Ver o documentário – https://nossofuturoroubado.com.br/saude-agressao-ao-homem-documentario/). Esta substância pode estar nos detergentes (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/produtos-quimicos-altamente-toxicos-em-roupas-de-grife/) que se usa para muitas fases de lavagens, até fazer parte do processo de desbotamento do tecido. Significa que esta substância está sendo despejada nos nossos próprios mananciais hídricos onde se desbota roupas já confeccionadas. O nonilfenol (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/a-mae-que-expos-as-conexoes-entre-a-obesidade-e-os-quimicos-comuns/) é considerado tão venenoso que muitos membros da União Europeia baniram seu uso na indústria de vestuários (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/disruptores-endocrinos-moleculas-alienigenas-nao-criadas-pela-vida/). Nem sequer é permitido  nos produtos têxteis importados. Surpreendentemente, nos EUA (nt.: e muito menos no Brasil) não existe este tipo de restrições.

Sejamos parte da solução: tiremos tudo isso de noso armário

Enquanto algumas companhias estão ativamente investigando maneiras de produzir roupas ambientalmente seguras, cada um e todos nós podemos contribuir na solução, restringindo nosso consumo e pondo mais atenção no que estamos comprando e como podemos cuidar e lavar aquilo que já temos.

Como venho descrevendo em artigos anteriores quando trato de “fast fashion”, o ciclo de vida de uma peça de roupa deveria, idealmente levar em conta, antes de sua compra, o seu descarte (discarded clothes).  Isso porque, atualmente, a maioria  acaba em aterros de lixo ou são revendidas para países em desenvolvimento onde as indústrias locais de tecidos, por sua vez, sofrem esta concorrência.

A maioria dos norte americanos tem roupas suficiente para vestir comunidades inteiras de alguns outros países. Não haveria dúvidas se alguns deles absorvessem algumas das premissas de vida sugeridas pelo movimento minimalista (minimalism movement). Como afirmou o diretor de estratégia ambiental da empresa Patagonia à rede de tevê CBS em 2015: 37

“As pessoas precisam aprender como comprar menos e as companhias necessitam saber como serem rentáveis vendendo menos … Alguma coisa deve, radicalmente, mudar no mundo do consumo para que se reduza a pressão sobre as matérias primas e daí a pressão sobre o planeta …”

Rejeitar substâncias químicas tóxicas e reduzir a poluição ambiental, associando à lavagem e ao uso de roupas, se levarmos em consideração as seguintes recomendações:

Optar por tecidos de algodão orgânico, cânhamo, seda, lã e bambu. Embora  estes itens, normalmente, custam mais caro do que os não orgânicos e sintéticos, comprando menos permitirá que gastando menos podermos investir nos melhores produtos. Por outro lado, produtos orgânicos com mais alta qualidade tendem a ser mais duradouros, com um cuidado apropriado, valorizando assim, no final, mais o nosso desembolso.
Optar por itens tingidos com corantes naturais não tóxico, quando possível. Entre as empresas que estão investindo em fazendas orgânicas e corantes naturais, inclui a PACT (roupas íntimas e roupões – https://wearpact.com/men), Boll & Branch (linha cama e banho – https://www.bollandbranch.com/), Jungmaven (cânhamo orgânico e algodão para camisetas T-shirts – https://jungmaven.com/), Industry of All Nations (roupas em geral – http://www.industryofallnations.com/) e muitas outras.
Rejeitar todos os produtos impressa em ‘screen printed’, já que normalmente no processo pode conter o disruptor endócrino ftalato (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/os-ftalatos-estao-por-toda-parte-e-os-riscos-sobre-a-saude-preocupantes-quanto-sao-eles-realmente-prejudiciais/).
Procurar pela certificação ‘Bluesign System Certification’ (nt.:  ver – http://www.bluesign.com/),38 que nos fala do item que está sendo fabricado com a mínima quantidade de químicos perigosos ou nenhum.
Evitar tecidos técnicos de marcas registradas, a maioria está recoberto com substâncias químicas que irão no final sair com a lavagem.
Ser consciente de onde e como lavar as roupas sintéticas. Lavar as roupas sintéticas de forma tão inusitada quanto possível. Usar sabão neutro e secar a roupa no varal em vez de colocá-la em uma máquina secadora. Na máquina tanto o calor como a agitação irão liberar as fibras.

Lavar a mão ou usar água fria na máquina também irá minimizar a soltura das fibras, como será com uma máquina que tenha entrada frontal (nt.: tipo de máquina pouco comum no Brasil). Evitar amaciantes de roupas e as esferas secadoras de roupas. Deixam uma película sobre os tecidos que bloqueiam a capacidade de absorção das fibras.

Instalar um filtro para microfibras na máquina de lavar (nt.: algo ainda impensado no Brasil e a pergunta é a já feita: o que fazer com o filtrado? jogar no lixo?).

Fontes e Referências

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, abril de 2017.