Ecologia: Um orangotango selvagem usou uma planta medicinal para tratar uma ferida, dizem os cientistas

Orangotango Ferido E Curado

Combinação de fotos da Fundação Suaq, mostrando os dois momentos do orangotango ferido e curado, da Indonésia, depois de ter mastigado certas folhas e aplicado em seu ferimento. (Armas/Safruddin/Suaq Foundation, via AP)

https://apnews.com/article/orangutan-medicinal-plant-self-medicate-68d4e94359ac95eaa873c64349d4abb7

CHRISTINA LARSON

02 de maio de 2024

[NOTA DO WEBSITE: Bela informação que nos mostra como existem alternartivas na própria natureza que os animais sabem e usam. Já nós, os animais com racionalidade, não estimulamos seu emprego para que se empregue os chamados remédios químicos. Deveríamos fazer iso somente quando não houvesse alternativas naturais disponíveis. Mas para isso precisaríamos abdicar do domínio e da domesticação que as imensas corporações petroagroquímicas, de todo o mundo, vem fazendo com o ocidente, desde o início do século XX. Conforme documentário que publicamos, isso vem acontecendo há mais ou menos um século por interferência do homem mais rico do mundo que viveu até meados do século passado, John Rockfeller. É pai de todos os Rockefeller que circularam pela política glocal do planeta, nos últimos 100 anos].

WASHINGTON (AP) – Um orangotango apareceu para tratar uma ferida com remédio de uma planta tropical – o exemplo mais recente de como alguns animais tentam aliviar seus próprios males com remédios encontrados na natureza, relataram cientistas na quinta-feira.

Os cientistas observaram Rakus arrancar e mastigar folhas de uma planta medicinal usada por pessoas em todo o Sudeste Asiático para tratar dores e inflamações. O orangotango adulto usou então os dedos para aplicar os sucos da planta em um ferimento na bochecha direita. Depois, ele pressionou a planta mastigada para cobrir a ferida aberta como um curativo improvisado, de acordo com um novo estudo publicado na Scientific Reports.

Pesquisas anteriores documentaram várias espécies de grandes símios em busca de medicamentos nas florestas para se curarem, mas os cientistas ainda não tinham visto um animal tratar-se desta forma.

“Esta é a primeira vez que observamos um animal selvagem aplicando uma planta medicinal bastante potente diretamente numa ferida”, disse a coautora Isabelle Laumer, bióloga do Instituto Max Planck de Comportamento Animal em Konstanz, Alemanha.

O comportamento intrigante do orangotango foi registrado em 2022 por Ulil Azhari, coautor e pesquisador de campo do Projeto Suaq em Medan, na Indonésia. As fotografias mostram a ferida do animal fechada em um mês sem problemas.

Os cientistas têm observado orangotangos no Parque Nacional Gunung Leuser, na Indonésia, desde 1994, mas nunca tinham visto este comportamento.

“É uma observação única”, disse o biólogo da Universidade Emory, Jacobus de Roode, que não esteve envolvido no estudo. “Mas muitas vezes aprendemos sobre novos comportamentos começando com uma única observação.”

“Muito provavelmente é automedicação”, disse de Roode, acrescentando que o orangotango aplicou a planta apenas na ferida e em nenhuma outra parte do corpo.

É possível que Rakus tenha aprendido a técnica com outros orangotangos que viviam fora do parque e longe do escrutínio diário dos cientistas, disse a coautora Caroline Schuppli, do Max Planck.

Rakus nasceu e viveu quando era jovem fora da área de estudo. Os pesquisadores acreditam que o orangotango se machucou em uma briga com outro animal. Não se sabe se Rakus tratou anteriormente de outros ferimentos.

Os cientistas já registraram outros primatas usando plantas para se tratarem.

Os orangotangos de Bornéu esfregavam-se com sucos de uma planta medicinal, possivelmente para reduzir dores no corpo ou afastar parasitas.

Chimpanzés em vários locais foram observados mastigando brotos de plantas de sabor amargo para acalmar o estômago. Gorilas, chimpanzés e bonobos engolem certas folhas ásperas inteiras para se livrar dos parasitas estomacais.

“Se este comportamento existe em alguns dos nossos parentes vivos mais próximos, o que isso poderia nos dizer sobre como a medicina evoluiu?” disse Tara Stoinski, presidente e diretora científica da organização sem fins lucrativos Dian Fossey Gorilla Fund, que não teve nenhum papel no estudo.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2024.