Difundir a arte de dar

As sementes de Vandana Shiva.

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Lucia Capuzzi, publicada por Avvenire, tradução é de Luisa Rabolini

25-09-2022.

Difundir a arte de dar.” É isso que Vandana Shiva, pioneira do compromisso prático e teórico pela proteção da casa comum, pede agora aos jovens da Economia de Francisco.

Estudiosa e fundadora do Navdanya, movimento Nove sementes, contra o patenteamento das sementes, acompanha os jovens, há três anos. Ela teria gostado muito, portanto, de encontrá-los, cara a cara, em Assis. Um imprevisto de última hora, porém, a impediu de sair da Índia, onde mora. No entanto, ela quis participar de forma virtual.

Os dois Franciscos – o Santo e o Papa – são duas figuras centrais no seu percurso humano e acadêmico. “A Laudato si’ foi uma preciosa fonte de inspiração”, explica ao Avvenire. “E o Poverello de Assis me ensinou que somos parte da grande família humana”. Justamente São Francisco é o exemplo que Vandana Shiva indica aos garotos e às garotas engajados em continuar o processo iniciado pela Economia de Francisco. “Ele tinha entendido que é só dando que se recebe. Seguindo este princípio, seremos capazes de criar uma economia ecológica, circular e justa”. Não se trata de “boas intenções”. Mudar o paradigma de produção – incluindo a economia da natureza, das mulheres e dos agricultores dos quais depende nosso sustento – é uma questão de vida ou morte. “Um imperativo para a sobrevivência do ser humano – a começar pela maioria a quem é negado o direito ao alimento, à saúde, ao trabalho decente e à terra”, define a ativista.

As plantas podem ser uma ajuda fundamental nessa jornada de transformação. “São mestras da generosidade, do excesso, da abundância. Elas nos doam oxigênio e comida. Milhares de frutas e cereais nascem de uma única semente. As árvores também nos lembram o pertencimento ao lugar. Elas nos ensinam a ter raízes ecológicas, espirituais, culturais”. A consciência de fazer parte de um todo mais amplo é fundamental para entender o quanto cada uma de nossas ações, positivas ou negativas, tem impacto global. Daí a centralidade do cuidado, da terra e da comunidade, tema desenvolvido em ‘Dall’avidità alla cura’ (Da avidez ao cuidado, em tradução livre, recém publicado na Itália pela Emi).

“Esta última, a cura, é a moeda básica da economia da vida”. Isso, ou seja, que os jovens da Economia de Francisco estão determinados a construir. “Estou convencida de que vão conseguir. Que salvarão o futuro do abismo do colapso e da extinção, porque têm coragem, fé e paixão. Através da comunidade global que eles criaram, atuarão como sementes de esperança, capazes de se multiplicar em círculos de amor em contínua expansão”.