Cuidado: Cadeirinhas de carro contaminadas com tóxicos

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Cuidado: cadeirinhas de carro contaminadas com tóxicos.
toxic chemicals in child's car seat

Resumo da história

  • A compra de cadeirinhas de para carros depende mais das taxas de seguridade e conveniência do que dos riscos significativos de contaminação por substâncias químicas tóxicas; 
  • Uma pesquisa recente sobre estas cadeirinhas mostra que os fabricantes estão progredindo em reduzirem a quantidade de tóxicos nestes produtos, mas ainda estão impregnadas com retardadores de chama relacionados a múltiplas questões de saúde;
  • Reduzir a contaminação tóxica de nossas crianças poderá diminuir o risco geral a certos cânceres, a mudanças neuro comportamentais, hiperatividade e infertilidade. 

 

 

http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2016/12/28/toxic-chemicals-childrens-car-seat.aspx

 

By Dr. Mercola

Comprar cadeirinhas de crianças para carros pode não ter nenhuma conexão com cuidado quanto a substâncias químicas tóxicas (toxic chemicals). É irônico que a cadeirinhas das quais se imagina que se está protegendo as crianças, podem expô-las a substâncias tóxicas conhecidas por provocarem sérios danos à saúde,  particularmente a crianças pequenas.

Estes produtos que protegeriam, podem estar contaminados com ftalatos (phthalates), retardadores de chamas e (BPA). Em vez de serem responsabilizados pelas contaminações tóxicas, os fabricantes vêm recebendo luz verde tanto para a produção como distribuição destes produtos para um tipo de público totalmente indefeso.

Depois de um estudo de 2011 no  qual os pesquisadores descobriram que, pelo menos, 60% das mais do que 150 cadeirinhas testadas continham ao menos um químico tóxico,1 os fabricantes começaram a reduzir a maioria das substâncias tóxicas nelas.2

É importante que se continue a usar a cadeirinha nos automóveis para o transporte das crianças já que esta é a maneira mais segura de protegê-las em um acidente automobilístico. No entanto, existem várias alternativas para auxiliar a redução da contaminação das crianças a substâncias tóxicas presentes nas cadeirinhas enquanto for necessário para sua segurança dentro dos automóveis.

 

A Última Pesquisa feita sobre Cadeirinhas de Carros Revela Progresso e Danos Persistentes

Apesar do último estudo publicado pela ONG Ecology Center demonstra que as cadeirinhas de automóveis continuam a conter substâncias químicas tóxicas conhecidas como retardadores de chamas. Também mostra que os fabricantes estão começando a fazer algum progresso na eliminação da maioria das substâncias químicas tóxicas.

No entanto, enquanto reduzir químicos com maior toxicidade representa progresso, nenhuma criança deveria estar exposta aos que têm conhecidos efeitos negativos à saúde.

Pela primeira vez em mais de 10 anos, nenhuma cadeirinha de automóveis foi testada positivamente para chumbo (no car seat tested positive for lead), que afeta negativamente o fígado, rins, sistemas reprodutivo e nervoso.3 As cadeirinhas também não foram testadas positivamente para a substância química chlorinated tris [nt.: Tris(1,3-dicloro isopropil)fosfato/TDCPP], conhecido por ter propriedades que geram .4

A regulamentação federal atual dos exige que os fabricantes sigam os padrões para prevenirem a inflamabilidade do produto.

No entanto, os pesquisadores neste estudo sugerem que os fabricantes podem respeitar os padrões sem o uso de substâncias químicas, apesar do processo tornar também as cadeirinhas de carros mais caros. Jeff Gearhart, M.S., diretor científico do Ecology Center, comentou:5

“É fundamental que os pais coloquem seus filhos em cadeirinhas de carros apropriadamente instaladas que cumpram com sua proteção a acidentes, independentemente do perigo químico. Destaque-se, entretanto, de que algumas são mais saudáveis do que outras quanto à presença de substâncias químicas tóxicas.”

Retardadores de Chamas Muito Além do que Cadeirinhas de Carros

 

O documentário da HBO, “Toxic Hot Seat” 6  (nt.: ‘Perigo: Cadeirinha Tóxica') desvela a verdade tóxica dos retardadores de chamas, revelando muitos fatos perturbadores sobre estas substâncias químicas alegadamente “salvadoras de vidas”. O filme não estará livre por muito um tempo, mas ainda é disponível de ser visto no computador.

A cadeirinha de carro é só um dos muitos produtos domésticos contaminados por retardadores de chamas (flame retardants) que são empregados para cumprir com os padrões de inflamabilidade. Então, mesmo sendo as cadeirinhas de carro o objeto do mais recente estudo, estas substâncias tóxicas também são encontradas em roupas de cama, colchões, mobiliário, brinquedos, mordedores infantis e andadores de nenês.

Existem numerosas diferentes substâncias tóxicas empregadas para reduzir a inflamabilidade de produtos de consumo; no entanto, todas são considerados carcinogênicos perigosos, disruptores hormonais e tóxicas ao desenvolvimento.

Apesar de muitas destas substâncias ainda estejam sendo utilizadas em brinquedos infantis, não se deve perder de vista do fato de serem seus sistemas neurológico especialmente vulneráveis aos efeitos das poeiras e das fumaças.

Enquanto os autores do Children's Car Seat Study (nt.: ‘Estudo de Cadeirinhas de Carros de Crianças') dizem ter havido melhoramentos na fabricação das cadeirinhas de carro — esta foi a primeira vez que a substância química conhecida como “Chlorinated tris” (nt.: tris clorada = tris(1,3-dicloro-2-propil) fosfato/TDCPP) não foi detectada na avaliação das cadeirinhas de carros — elas ainda continuam sendo um risco para as crianças.7 Por exemplo, todas as 15 cadeirinhas estudadas continham substâncias químicas retardadoras de chamas.

Alguns fabricantes pararam de usar retardadores feitos de bromo já que são particularmente perigosos, mas os químicos que foram usados como substitutos não foram totalmente testados. Um deles é o V6, que é aplicado à espuma de poliuretano tanto em carros como em móveis (nt.: procurar ver na internet fotos da espuma de poliuretano para saber bem o que é isso).

Em um estudo publicado no website do Environmental Science and Technology os pesquisadores encontraram concentrações muito altas do químico em carros (chemical were higher in cars) do que nas casas e o tris phosphate, um conhecido carcinogênico, era parte desta mistura química no V6 como uma impureza.8

O medo de fogo é primordial. Esta é possivelmente a razão de ser tão difícil haver leis aprovadas relacionadas ao uso de químicos retardadores de chamas, apesar do fato deles fazerem mais mal do que bem tanto a cada uma das pessoas atingidas como aos bombeiros que atuam junto aos incêndios.9

Os Retardadores de Chama Contribuem para o Retardo do Neuro Desenvolvimento e para a Hiperatividade

Um estudo da American Chemical Society detectou que certos químicos retardadores de chamas aumentam a quantidade de monóxido de carbono e do gás cianeto de hidrogênio no fogo.10 Inalar estes gases é uma da principais causas de mortes em incêndios, não de queimaduras.

Químicos retardadores de chama também afetam o feto não nascido. Em uma audiência pública na Califórnia, Gretchen Lee Salter, executiva de projetos e de política do Breast Cancer Fund, testemunhou que:11

“Os retardadores de chama atravessam a barreira placentária e podem alterar a configuração normal do desenvolvimento da mama que a criança tem em seu processo, no sentido de aumentar seu risco do câncer de mama.”

Os retardadores de chamas estão conectados a retardos no neuro desenvolvimento e na hiperatividade em crianças. Estas substâncias químicas também se acumulam no leite materno. Pesquisadores demonstraram que crianças nascidas de mães contaminadas com altos níveis de retardadores de chamas em seus corpos, apresentam quedas de 4,5 pontos na médias de seus QI.12

Éteres difenilos polibromados (nt.: em inglês = Polybrominated diphenyl ethers, daí a sigla = PBDEs) os bifenilos polibromados (nt.: em inglês = polybrominated biphenyls, sigla = PBBs) são dois dos mais comuns retardadores de chamas utilizados nos lares, nos negócios e nas indústrias de transportes, mesmo sendo considerados produtos orgânicos persistentes.13

Estas substâncias que são usadas em nossa mobília (furniture) e em brinquedos infantis, vêm demonstrando ter consequências no neuro desenvolvimento tanto na fase pré-natal como na infância.

Pesquisadores mostram que exposições na infância estão fortemente associadas com o déficit de atenção, redução da coordenação motora fina e o decréscimo da habilidade cognitiva.14

Estes resultados são de um trabalho de coorte do Centro de Avaliação de Saúde Materno e Infantil (nt.: Center for the Health Assessment of Mothers and Children of Salinas/CHAMACOS) de crianças de idade escolar, de todas as faixas etárias, e contribui para a ampliação do corpo de evidências de que estas substâncias químicas têm um impacto significativamente adverso sobre o comportamento no desenvolvimento neurológico das crianças.

Mais Problemas Negativos de Saúde Trazem Efetividade à Questão do Retardadores de Chamas

Os PBDEs são estruturalmente muito similares aos policlorados bifenilos/ (nt.: em inglês – polychlorinated biphenyls/PCBs). Historicamente a exposição aos PCBs resultou em uma imensa associação com cânceres de múltiplos órgãos como fígado, sistema sistema gastrointestinal, da medula óssea, dentre outros.15 Tanto os PCBs como os PBDEs são magnificados através da cadeia alimentar e estocados nas gorduras das células.16

Isso significa que estes químicos não são metabolizados por nossos organismos e, como os humanos estão no topo da cadeia alimentar, os alimentos que ingerimos, devem conter altos volumes de PBDEs ou PCBs (nt.: situação que ficou bem conhecida conforme os links a seguir, na ilha de Sta.Catarina – http://nossofuturoroubado.com.br/busca/?q=ostras%20da%20ilha%20de%20Santa%20Catarina).

Sérios efeitos de saúde associados com a exposição a estes químicos incluem neuro-toxicidade, retardo no desenvolvimento, mudanças neuro-comportamentais e o aumento do risco a certos cânceres.17

Surpreendentemente, podemos também encontrar os químicos retardadores de chamas (flame retardant chemicals) nos refrigerantes que nossos filhos consomem. Os óleos vegetais bromados (brominated vegetable oils/BVO), (nt.: composto artificial feito com óleo de milho ou – hoje ambos – em bebidas como Fanta, Gatorade e outras, para atuar como emulsionante. O bromo é um disruptor endócrino, feminizando os machos) foi primeiro desenvolvido como um retardador de chamas. No entanto, vem sendo adicionado aos refrigerantes e outras bebidas por décadas. Somente em 2014 a Coca-Cola e a PepsiCo renderam-se à pressão pública aceitaram retirar os BVOs de seus refrigerantes num futuro próximo.18

O bromo tem um efeito sedativo quando está próximo da toxicidade. Este elemento químico também se acumula no organismo, aumentando o risco de se experimentar, no tempo, seus efeitos tóxicos. Nos anos 50s, o sobreuso de produtos com bromo resultou em comas induzidas por ele.19

Tanto a Coca-Cola com a Pepsi negam que suas decisões para remover os BVOs estivessem de alguma forma relacionadas à saúde. A Coca-Cola diz que planeja trocá-los por isobutirato acetado de sacarose (nt.: em inglês – sucrose acetate isobutyrate/SAIB) e pelo éster glicerol de madeira de rosina (nt.: em inglês – glycerol ester of rosin/GEGR e GEWR). Infelizmente, a segurança destes é discutível, há muito poucos estudos existentes sobre eles. A Alemanha e outros países encontraram substitutos aos BVOs,  mais naturais e seguros.

Os riscos do bromo são comandados por seu acúmulo, resultando na deficiência de iodo, incluindo aumento nos riscos de câncer,20,21 infertilidade,22  desordens psicológicos, erupções na pele,23 fatiga, anorexia e dores abdominais.

Manter Nossas Crianças Seguras Destes Químicos Tóxicos

Lembrar que,  grama por grama, as crianças sofrem o maior volume de exposição aos químicos tóxicos, tanto originária do ar como às estas substâncias presentes na poeira das casas. Crianças e animais domésticos, que estão perto do solo, estão provavelmente muito propensas a ingeri-la. Da mesma forma, as crianças têm o sistema neurológico imaturo, ainda em desenvolvimento, tendo menores números de certas proteínas que se conectam a estes químicos e que com isso acabam permitindo que mais deles alcancem seus órgãos.

O fato delas também terem sua habilidade reduzida à desintoxicação química bem como excretá-los de seus corpos, aumenta o potencial destas substâncias produzirem significativo dano à sua saúde por longo tempo. No sentido de reduzir o risco, existem numerosas maneiras que se pode diminuir a carga sobre nossas crianças:

Amamentar (breastfeed) o nenê e a seguir utilizar somente alimentos locais e/ou orgânicos. Usar somente mamadeiras de vidro. Usar tecidos naturais (natural fabrics) ou brinquedos de madeira não tratada em vez de plástico.
Ter a água da torneira testada quanto a contaminantes; se detectados, instalar um filtro apropriado de água, mesmo na banheira e no chuveiro. Mudar para produtos naturais de cuidado pessoal, incluindo shampoo, pasta de dente livre de flúor, loções e sabão de lavar roupa. Usar somente produtos de limpeza naturais em casa, como bicarbonato de sódio e vinagre branco.
Buscar alternativas “verdes” livres de toxinas para pinturas, carpetes e para pisos. Escolher mobiliário livre de tóxicos para o quarto do nenê e para a creche. Aspirar frequentemente tanto a cadeirinha (car seat) como o próprio carro.
Usar a cadeirinha somente para transportar e não para fora do carro. Investir num carrinho padrão que não acople a cadeirinha do carro. Lavar as mãos e da criança frequentemente já que as crianças colocam seus dedos, muitas vezes, em sua boca. Não comprar mobílias sem a etiqueta ‘TB 117‘ (nt.: boletim técnico do estado da Califórnia, atualizada em 2013, que controla e elimina os retardadores de chamas).
Umedecer a poeira de móveis e do piso regularmente. Usar cadeiras de madeira sem estofamento na mesa de jantar e não se alimentar nem no sofá, nem perto dele (nt.: quando for de tecido e estofamento sintéticos). Antes de comprar móveis novos, carpetes ou outros produtos, informar ao vendedor que está procurando produtos sem retardadores de chamas.
A ONG Ecology Center tem uma lista com as melhores e as piores escolhas para as cadeirinhas (list of the best and worst picks for car seats) em termos de exposição química.

Fazer a escolha baseada na relação exposição tóxica e segurança.

Abrir as janelas do carro para sair o gás interno antes de ligar o ar condicionado ou o aquecimento, senão estará recirculando o ar contaminado. Quanto mais quente o carro, mais envenenado com gás tóxico.

Se o carro ficar no sol, deixar uma janela aberta, lembrando de fechá-la se ameaçar chover.

Procurar por um colchão (mattress)  100% orgânico ou de lã para reduzir a exposição aos PBDEs, que são obrigatórios como retardadores de chamas em colchões.

Oito horas ou mais, por dia, do rosto do nenê pressionando o colchão, aumenta sua exposição às substâncias químicas tóxicas presentes nele.

Manter plantas que não sejam tóxicas na casa para auxiliarem na redução da contaminação geral de substâncias químicas no ar da residência. Abrir as janelas da casa, cada dia, por 15 minutos, inverno e verão, para permitir a troca dos gases e reduzir a contaminação tóxica da residência.

 

Fontes e Referências

 

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, janeiro de 2017.

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