Como os óleos vegetais estão roubando nosso futuro

Como os óleos vegetais estão roubando nosso futuro. Outra face da modernidade e que vem de encontro aos homens, principais criadores destas tecnologias. Será o efeito bumerangue?

 

 

http://lipidofobia.blogspot.com.br/2016/04/como-os-oleos-vegetais-estao-roubando.html

 

 

“Esta é uma série de artigos do australiano David Gillespie, um pesquisador da área de saúde e alimentação, que já publicou um livro sobre esses temas. Essa série me interessou de sobremaneira pois o título dos artigos me remete ao livro memorável “Nosso futuro roubado“, um marco na publicação de temas sobre a poluição ambiental, pois foi o pioneiro em apontar para a questão de produtos utilizados na produção de plásticos como agentes mimetizadores da ação hormonal com interferência na expressão de aspectos ligados a sexualidade nas espécies animais, incluindo o homem. Aqui o autor fala de um outro fator interferente perfeitamente plausível: os óleos vegetais. É uma série de quatro artigos.” Apresentação feita pelo Dr. José Carlos Brasil Peixoto, médico de Porto Alegre/RS em seu blog.

 

(Nota do site: estamos publicando esta matéria pela importância que tem face a conexão que o dr. José Carlos faz com o propósito da existência de nosso trabalho. Abaixo, os links remetem o leitor a leitura das outras três partes no blog original. Além da necessidade de se conhecer mais esta faceta da modernidade, também é nossa homenagem ao trabalho que o Dr. Peixoto vem fazendo, há anos, no esclarecimento, como médico, desta realidade global).

 

Parte  UM – A fertilidade masculina está em queda livre

Cerca de um em cada seis casais australianos atendem à definição da Organização Mundial de Saúde da infertilidade (incapazes de conceber após 12 meses com relações sexuais desprotegidas). E em cerca de metade dos casos, é porque o macho é infértil. Este é o primeiro de uma série de artigos examinando como óleos de sementes afetam nossos órgãos reprodutivos (e as potenciais consequências desastrosas para os nossos filhos).

A contagem de esperma é uma maneira antiquada, mas ainda altamente confiável para medir a capacidade de um homem de produzir crianças. Qualquer valor acima de 100 milhões de espermatozoides por ml é considerado um prêmio “vintage” e qualquer valor abaixo de 15 milhões significa que o homem tenha pouca probabilidade para se reproduzir. O único problema é que os homens com sêmen de “alta octanagem” estão ficando cada vez mais difíceis de serem encontrados.

Em 1992, pesquisadores da Universidade de Copenhague publicaram um estudo sobre as tendências da qualidade do esperma ao longo da metade do século anterior. Depois de analisarem 61 ensaios, os cientistas chegaram à chocante conclusão que a média de contagem de esperma diminuiu pela metade em apenas 50 anos (de 113 milhões em 1940 para 66 milhões em 1990).

Uma análise ainda mais abrangente de quase 27.000 homens franceses publicado em 2005 confirmou essa contínua tendência. Nesse estudo contagens médias de esperma caíram de 74 milhões em 1989 para 50 milhões em 2005 (a taxa de 1,9% ao ano). Se essa taxa de declínio continuar, não haverá homens franceses capazes de gerar bebês ao redor de 2.072.

 

Contagem de esperma em franceses (1989-2004)

 

Números semelhantes e taxas de declínio estão atualmente sendo relatados em todos os países ocidentais (embora de forma alarmante a uma queda de 3% ao ano, a Austrália está na parte alta dessa estatística). Mas em um país, o desastre da contagem de esperma faz parecer o francês ainda muito viril.

Os bancos de esperma em Israel estão relatando que há uma queda alarmante na qualidade do esperma entre os habitantes judeus. Esses bancos que já teriam rejeitado cerca de um terço dos candidatos na década de 1990 (por causa da baixa contagem de espermatozoides) estão agora lidando com índices de 80 a 90%. Com uma taxa de medida de declínio na contagem de espermatozoides com aproximadamente o dobro de qualquer outro país ocidental, os especialistas estão prevendo que em 2030, a média das contagens de esperma dos israelenses cairá para um nível em que a reprodução se torne praticamente impossível.

Existem tantas teorias sobre por que isso está acontecendo tanto quanto de cientistas que pesquisam o problema. Talvez seja o aumento dos níveis de estrogênio na dieta, talvez seja a exposição a agrotóxicos ou talvez seja o uso de BPA (bisfenol-A) nos plásticos. Mas apenas uma apresentou provas convincentes de causalidade – o consumo de gordura ômega-6 alimentar. E que a evidência vai muito mais além do que perceber que Israel é o maior consumidor de gorduras omega-6 do mundo.

A gordura ômega-6 é a gordura dominante dos “óleos vegetais” utilizados em todos os alimentos processados. Estes óleos não são feitos a partir de plantas. Ao contrário, eles vêm das sementes (como canola – ou colza, soja, girassol, cártamo, farelo de arroz e uva).

Ao contrário de outros tipos de gordura, os seres humanos não podem produzir ácidos graxos ômega-6. Precisamos deles para fazer funcionar corretamente o nosso sistema imunológico e (assim como ômega-3) devemos obtê-lo a partir das plantas que comemos. Felizmente, não precisamos de muito e somos mais do que capazes de conseguir tudo o que precisamos de produtos alimentares não processados.

Desafortunadamente (muito desafortunadamente), os óleos ômega-6 obtidos de semente são a gordura de escolha para a indústria de alimentos processados (porque eles são muito mais baratos do que as gorduras de animais e frutas exóticas como azeitonas, abacates e cocos), assim o consumo ocidental de gorduras ômega-6 pelo menos triplicou no último século. E, como consequência, a proporção de gorduras ômega-6 para ômega-3 gorduras subiu de cerca de 3: 1 para 26: 1.

 

Disponibilidade de óleos polinsaturados

 

Sabemos há algum tempo que, em animais experimentais, o elevado consumo de gordura ômega-6 reduz a contagem de espermatozoides e significativamente prejudica a qualidade daqueles remanescentes. Mas um estudo de 2009 em seres humanos levou a pesquisa um passo adiante.

Nesse estudo, 82 homens inférteis foram comparados com 78 homens (comprovadamente) férteis. Foram elaborados detalhados perfis da composição de ácidos graxos do sêmen de cada homem. Os resultados foram inequívocos. Os homens inférteis tinham uma proporção significativamente mais elevada de ômega-6 para ômega-3 (15 / 1 versus 6 / 1 em homens férteis). E crítico, quanto mais elevado o ômega-6, mais baixa é a contagem de esperma. A quantidade e a proporção de ômega-6 também afetavam dramática e negativamente as outras duas principais mensurações da qualidade dos espermatozoides, a motilidade (capacidade de se mover) e a morfologia (forma).

É provável que a razão para a destruição das células do esperma refere-se à oxidação aumentada causada pelo consumo excessivo de gorduras ômega-6. Infelizmente, este tipo de dano por oxidação conduz à ampla destruição de DNA o que pode resultar em câncer. Esse efeito direto sobre as taxas de câncer de testículo é o tema da próxima parte desta série.

 

Parte II ;

Parte III ;

Parte IV .

 

O artigo original e as referências de bibliografia são encontrados AQUI

o autor: David Gillispie

2 Comments

  1. Me interesso muito pelas faço curso de cozinha na Etec Uirapuru e junto com meu grupo estamos fazendo nosso TCC sobre PANCS.Se puderem me da mais informações,marca uma visita com vocês agradeseria muito.Obrigado.