Química Sintética (Pág. 14 de 16)

Contaminantes emergentes na água: “A cada ano temos mais de mil novas substâncias sendo introduzidas no nosso dia a dia”. Entrevista especial com Wilson Jardim

Análise recente da água de 20 capitais brasileiras demonstra que há altos índices de contaminantes emergentes, substâncias “não legisladas”, presentes na água utilizada para consumo. Entre os contaminantes, foram encontrados fármacos, produtos de higiene pessoal, hormônios naturais e sintéticos, agentes antichamas, protetores solares, nanomateriais e pesticidas. O coordenador da pesquisa, Wilson Jardim, professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, explica que existem mais de mil substâncias que se encaixam nessa categoria e que, “nas últimas décadas, por uma série de fatores, como padrão de consumo, falta de saneamento e adensamento populacional, entre outros, aumentaram sua concentração no ambiente e podem fazer com que a exposição humana a elas seja preocupante”.

Os monstros no seu armário.

Em julho de 2011, quando o Greenpeace lançou a campanha Detox, 18 grandes empresas do setor de vestuário comprometeram-se em diminuir a presença de substâncias tóxicas identificadas em suas peças. Tais partículas, frequentemente disruptores endócrinos, são conhecidas por inibir ou alterar o funcionamento de hormônios, promover a obesidade e até mesmo induzir a formação de câncer. Em janeiro de 2013, no entanto, um novo relatório divulgado pela organização aponta que diversas destas marcas ainda não atingiram os resultados esperados.

Fibras de roupas sintéticas: o perigo oculto.

Roupas sintéticas ou malhas que contém Poli (Tereftalato de Etileno), ou simplesmente PET, liberam fibras na máquina de lavar roupa, assim como qualquer outra roupa sintética. O detalhe é que o tratamento de esgoto mais comum não consegue remover estas fibras plásticas, que vão parar nos oceanos e tem grande potencial para impactar todo o ecossistema marinho.

Estudo conecta químico detectado em plásticos e alimentos processados elevando a pressão arterial de crianças e adolescentes.

Aditivos de plásticos conhecidos como ftalatos são inodoros, descoloridos e estão exatamente presentes em todos os lugares: eles fazem parte de revestimentos como pisos e forros, copos de plástico, bolas de praia, filmes de embalagens, tubos intravenosos e—de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention/CDC (nt.: equivalente ao Ministério da Saúde)—nos organismos da maioria dos norte-americanos. . Um grande número de evidência sugere que uma exposição aos ftalatos por ingestão alimentar (que pode lixiviar da embalagem e se misturar com o alimento) pode gerar significativas anormalidades metabólicas e hormonais, especialmente durante o desenvolvimento nas primeiras fases da vida.

Prozac na água torna peixes antissociais e agressivos.

Diariamente, milhões de litros de remédios e hormônios eliminados pelo organismo humano seguem pelo esgoto para um destino comum: as águas dos rios. Os peixes que vivem nas proximidades de plantas de tratamento são particularmente vulneráveis à poluição por drogas humanas, uma vez que os resíduos fármacos ainda não são eficazmente removidos nas estações.

O Atual ‘Coquetel’ de Químicos Agrícolas Coloca Riscos Especiais à Saúde Infantil.

Mulheres expostas a mais DDT, agrotóxico banido dos EUA em 1972, enquanto estavam sendo gestadas, tiveram acima de 3,6 vezes mais possibilidades de desenvolver hipertensão arterial do que aquelas que tiveram menores exposições prenatal. Especialistas acreditam que as taxas crescentes de defeitos congênitos, asma, desordens no desenvolvimento neurológico além de outras doenças crônicas sérias tanto em crianças como em adultos nos EUA, são resultados de contaminação química precoce.