Olharmos pelos olhos e sentirmos com o coração de Raoni, poderia talvez nos sensibilizarem e, com amor, renunciarmos à ideologia da Bula Papal do século XV, “Bula da Descoberta’, e chegarmos no âmago de nosso país. E como Seres Coletivos, ficarmos com a mesma tristeza e indignação do honorável Cacique Kayapó.
Tristeza absoluta. Ver no texto a relação que fizemos entre a Ilha do Bananal e o Mar Aral, hoje nos territórios do Uzbequistão e Cazaquistão. Antes faziam parte da União Soviética. Como tudo é a mesma visão de mundo supremacista branca de tradição cristão, agora na Eurásia, o resultado é o mesmo. DEVASTAÇÃO ABSOLUTA E DEFINITIVA!
Basta se observa que é o povo que tem a consciência de agir como um Ser Coletivo ao ter a dimensão do que representa um rio para a vida de todos os seres vivos da Terra. Parece ser esse o caminho: nós todos abraçarmos o Ser Coletivo que vive em cada um de nós. Alguns mais adormecidos do que outros.
Definitivo divisor de águas entre visões de mundo. De um lado os povos originários de todos os continentes, que se identificam com as forças da vida como parte de sua existência. De outro dos supremacistas brancos eurocêntricos que se consideram superiores e senhores autocratas das vidas do Planeta e de suas mortes.
Um dos biomas fundamentais para a harmonia ecológica do nosso país, como os povos originários, vem sofrendo agressão após agressão, mas com resiliência mostra a riqueza de sua diversidade. Ainda há tempo de integrarmos, a parcela que, consciente e/ou inconscientemente, está contaminada pelo supremacismo branco, no cotidiano de nossa humanidade.
Novamente é a comunidade mais arraigada às lides mais simples e humanas com a terra que são reconhecidas globalmente como guardiãs das vidas no planeta.
É inacreditável como há essa ideologia estúpida e suicida de se desconhecer o quanto no nosso patrimônio nacional são as nossas florestas originárias. A Europa, principalmente Alemanha, Suíça, Itália e outros países se atinaram o mal que fizeram ao destruírem suas matas nativas. Hoje são obrigados a conviverem com a pobreza das florestas plantadas que jamais recuperam a bela diversidade das matas originais.
Triste realidade que foi incrementada como um projeto miliciano, nos últimos anos quando o que sempre foi ilegal passa a ser apoiado e incentivado pelas estruturas governamentais fazendo com que o narcotráfico se aligeirasse e passasse a se considerar também passível de legalidade agora associado à ‘legalização’ do garimpo. Olhem só que duas fontes de renda fabulosas! As duas ilegalidades agora se potencializando sob a ‘proteção’ oficial . Locupletam-se do patrimônio de todos e, pior, da saúde do país, do ambiente, das pessoas e .da humanidade.
QUE MARAVILHA! Essa é a verdadeira agricultura ecológica. Ou seja, gerar cultura no campo para produção de alimento da maneira de alguém de conhece a casa onde vive. Esses processos deveriam estar na ponta do processo agrícola brasileiro. Assim como as PANCs. Infelizmente, o resto é caricato.
Novamente defendemos a tese de que não são só os perfluorados que podem ser chamados de ‘forever chemicals’. Constata-se que organoclorados como os PCBs e o DDT além de outros, mesmo proibidos há décadas, ainda circulam pelo Planeta.
Anversos da crença
Não vislumbro um futuro humano plástico, mas muito plástico no futuro desumano. E não falo de monturos, falo de montanhas de plástico impuro. Falo de futuro suástico, inseguro, iconoclástico. Plásticos grandes e pequenos, moles e duros, que se amontoam. Nanoplástico que se respira, que se bebe e se come, se adoece, se morre e se consome. Presente fantástico de futuro hiperplástico, plástico para sempre, para sempre espúrio, infértil e inseguro. Acuro todos os sentidos e arrepio em presságios. Agouros de agora, tempos adentro, mundo afora. Improvável um futuro fúlguro! Provavelmente escuro e obscuro. Assim, esconjuro e abjuro!
João Marino
