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A natureza tem uma ótima maneira de estocar água.

É crescente o número de municípios que sofre crises no abastecimento de água. Em tempos de variabilidade climática e de imprevisibilidade no padrão de chuvas essas crises se tornam mais frequentes e graves. Dispor de reservas de água capazes de abastecer as necessidades humanas em períodos de seca é fundamental para a segurança hídrica local. Prover água de forma segura e permanente demanda estocá-la, gerir bem o estoque e distribuí-la de modo eficiente. Estocada, ela se torna uma poupança valiosa. Para isso, a capacidade de planejamento e gestão precisa ser aprimorada.

Crise hídrica de São Paulo passa pelo agronegócio, desperdício e privatização da água.

Para muitos, o racionamento de água em São Paulo já é uma realidade líquida e certa. Resta saber até quando políticos ganharão tempo para escondê-la ou se a população agirá, a ponto de, quem sabe, se repetirem as chamadas ‘guerras da água’, já vistas em locais onde os serviços hídricos e sanitários foram privatizados. De toda forma, o assunto não é passageiro e exige toda uma reflexão a respeito dos atuais modelos de vida e economia.

Nestlé mata água mineral em São Lourenço MG.

As águas minerais, de propriedades medicinais e baixo custo, eram um eficiente e barato tratamento médico para diversas doenças, que entrou em desuso, a partir dos anos 50, pela maciça campanha dos laboratórios farmacêuticos para vender suas fórmulas químicas através dos médicos. Mas o poder dessas águas permanece. Médicos da região, por exemplo, curam a anemia das crianças de baixa renda apenas com água ferruginosa.

Seca de São Paulo: entenda por que a carne, o leite e o queijo na sua mesa estão influenciando a falta de água na sua torneira.

Já não é nenhuma novidade o fato de que o estado de São Paulo está à beira do colapso no abastecimento de água. Os reservatórios do Sistema Cantareira já estão com menos de 5% da capacidade, mesmo com o uso do primeiro lote do chamado volume morto. E diversas cidades metropolitanas e interioranas e muitos bairros da capital paulista estão enfrentando interrupções cada vez mais longas e frequentes no fornecimento de água. Você não sabia, mas essa seca tem ligação íntima com a carne que você come e o leite que você toma.

Por que desmatar 79% da área de mananciais secou São Paulo.

Estudo da Fundação SOS Mata Atlântica divulgado com exclusividade pela revista Época constatou que a cobertura florestal nativa na bacia hidrográfica e nos mananciais que compõem o Sistema Cantareira, centro da crise no abastecimento de água que assola São Paulo, está pior do que se imaginava. Hoje, restam apenas 488 km2 (21,5%) de vegetação nativa na bacia hidrográfica e nos 2.270 km2 do conjunto de seis represas que formam o Sistema Cantareira.

Brasília, olhe para o mar e o proteja da degradação.

Com cerca de 8 mil km de costa e uma vasta área marinha jurisdicional correspondente, o Brasil está entre os países com maior responsabilidade global na conservação dos oceanos. Fomos abençoados com uma enorme riqueza e diversidade de vida em nosso mar, graças à extensão dessa jurisdição nacional. Entretanto, nos últimos dois governos essa riqueza foi simplesmente ignorada, quando não se adotaram políticas fortemente daninhas à sua conservação e uso sustentável. Ao nos perguntarmos o que poderia melhorar na gestão ambiental em um próximo governo federal, seja lá de quem for, o mar aparece como um dos maiores passivos em (falta de) política adequada a serem resolvidos.

Água: o que há em comum entre Sikri, Ilha de Páscoa e São Paulo.

Crises não são novidade. Depois que ocorrem, após algum tempo para análise, surgem várias explicações sobre suas causas e sobre o que poderia ter sido feito para evitá-las. Em muitos casos, os estudos de crises passadas criam conhecimento que poderia prevenir futuras. Porém, em certos casos, evitar crises nos demandaria esforços maiores do que gostaríamos empreender e portanto nos entregamos à tendência coletiva de achar que desta vez será diferente. Mas será? Antes de falar da estiagem que aflige São Paulo, vejamos alguns episódios passados sobre crises hídricas, que nos transmitem valiosas lições.

Nascente do rio São Francisco secou, diz diretor de parque.

Pela primeira vez em sua história, a nascente do rio São Francisco, situada no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, está completamente seca. O fato é simbólico, mas não significa, necessariamente, que o curso do rio será interrompido mais adiante. "Não afeta todo o rio porque ele é muito grande, tem outros tributários [afluentes] que vão ajudando a mantê-lo. A gravidade maior é a seca. É uma questão simbólica", diz o diretor do parque, Luiz Arthur Castanheira.