Na última sexta-feira, dia 4, aproximadamente 700 ameaçados pelas barragens de Garabi e Panambi do Brasil e da Argentina participaram de uma grande reunião com o representante da Eletrobrás, Valter Cardeal, e com o Grupo de Trabalho criado pelo governo do estado do Rio Grande do Sul para discutirem sobre os projetos das duas barragens, previstas para o trecho internacional do rio Uruguai, entre o Brasil e a Argentina. A reunião, que aconteceu na cidade gaúcha de Santa Rosa, também reuniu famílias ameaçadas pela UHE de Itapiranga.
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Reportagem é publicada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, 08-10-2013.
Entre as autoridades representantes do governo do estado do Rio Grande do Sul estiveram presentes o secretário de estado do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Marcelo Danéris; o secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan; e o secretário de Planejamento, João Mota.
O clima de tensão esteve presente em todo o período da reunião e qualquer manifestação por parte das autoridades que apoiava a construção das obras ou que mencionava indenizações e valores foi amplamente vaiada pela população, que também reclamou de falta de informação sobre os projetos.
As lideranças do MAB, como os pescadores e agricultores, as lideranças argentinas, comerciantes e os representantes dos sem terra e das igrejas demarcaram nas suas falas uma posição bastante firme contra a construção das duas obras e questionaram a postura do governo brasileiro em querer construí-las.
Os representantes do governo do estado também questionaram a postura até aqui adotada pela Eletrobrás, que não informa devidamente o próprio governo gaúcho, os prefeitos da região e principalmente a população.
Outra posição defendida pelo governo estadual foi a de que, se as barragens vierem a ser construídas, antes mesmo das obras físicas iniciarem cabe às empresas construtoras preverem e pagarem todos os custos sociais e ambientais que possam ocorrer com a obra.
“Não pode e não deve sobrar nem para a população, nem para o governo do estado e municípios pagarem a conta destas obras”, alertou o secretário Ivar Pavan. Entre as propostas defendidas por ele está a compra antecipada de grandes áreas de terra para reassentamento das famílias. Todos os presentes elogiaram o fato de que, pela primeira vez na história do estado, o governador Tarso Genro tenha criado um Grupo de Trabalho com a responsabilidade de acompanhar todas as questões sociais e ambientais da obra.
Como um dos encaminhamentos da reunião, ficou definido que todos os trabalhos a campo continuam paralisados, no mínimo até que sejam feitas as reuniões nos 19 municípios ameaçados, previstas para ocorrerem nos próximos dois meses. Esta é uma das principais reivindicações das famílias ameaçadas. O governo do estado, o MAB e a Eletrobrás farão uma agenda de trabalho marcando e realizando estas reuniões em todos os municípios.