Aquicultura sustentável, uma opção para a segurança alimentar.

A pesca está com os dias contados? Diante do alarmante esgotamento das reservas pesqueiras do planeta, a aquicultura e outras tecnologias oferecem uma alternativa mais sustentável para explorar os oceanos, com o objetivo de garantir a segurança alimentar, garantem especialistas.

 

 

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Está previsto que em 2050 começará um declínio do nível da pesca silvestre.

Mais de 65% das reservas pesqueiras do mundo estão plenamente esgotadas ou superexploradas, segundo dados da FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

A estimativa de crescimento da população humana indica “que, sem um aumento considerável da captura de peixes ou aquicultura – que deveria dobrar – vai ocorrer uma escassez crítica para a disponibilidade de proteínas de origem animal e de pesca”, explicou à AFP Patricio Bernal, coordenador da Iniciativa de Alto-mar da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUNC, na sigla em inglês).

As “fazendas de peixes”, onde os animais nascem de forma controlada, se alimentam e são capturados, aparecem como uma solução para o problema, segundo especialistas internacionais reunidos esta quarta-feira em Santiago do Chile na quinta edição da Iniciativa Azul de Mônaco, impulsionada pelo príncipe Albert II.

“A aquicultura é o futuro. No que diz respeito às terras de cultivo ou à criação de gado, não há muito mais que possamos fazer, mas precisamos começar a olhar para os oceanos, que têm tanto para oferecer”, disse à AFP Roy Palmer, da Associação Internacional de profissionais do marisco, que reúne pescadores, cientistas e comerciantes deste recurso.

Para Palmer, o exemplo mais claro deste potencial está no Delta do Rio Mekong, no Vietnã, onde se produz o peixe-panga, um pescado de carne branca, exportado para vários países, como os europeus, que fizeram dele um produto básico.

“Esta pequena área produz mais peixe nas águas doces do que todo o pescado capturado na água (marinha) e cultivado em toda a Austrália e Nova Zelândia juntas”, disse Palmer à AFP.

No entanto, nem todas as espécies são igualmente sustentáveis em sua criação, nem poderão saciar a demanda de proteínas de uma população mundial que cada dia cresce e consome mais.

O salmão, peixe mais cultivado no Chile sob métodos de aquicultura e uma de suas estrelas de exportação, precisa ser alimentado com farinha e óleo de peixe, o que aumenta seu custo final e o torna mais inacessível.

Algo que não acontece com os peixes herbívoros, como a tilápia ou os peixes-gato, que se alimentam de forma autônoma e são mais baratos.

Outra alternativa é melhorar as condições do sistema oceanográfico e biológico marinho para produzir mais biomassa e alimento para os peixes, assegurando assim a conservação dos recursos marinhos.

Com este objetivo, uma das propostas chilenas é a criação de recifes artificiais.

“As larvas (nr: alevinos) de algumas especies precisam de um lugar para se assentar, um substrato duro, e são limitados. No mar, há muito espaço, mas não há rochas suficientes. São como as pessoas, precisam de um lar”, explicou Victor Gallardo, da chilena Universidade de Concepción. (Fonte: Terra)