Ameaças colocam em risco rios do Grande Sertão Veredas

Ameaças colocam em risco rios do Grande Sertão Veredas. e , duas pragas que estão infestando o futuro de todos os ecossistemas brasileiros!

 

 

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13 Abril 2016

Rio Carinhanha é o quinto maior afluente do famoso Velho Chico, aumentando em 20% o volume de suas águas, e sofre ameaça por implantação de PCHs

O rio Carinhanha é um divisor natural dos estados de Minas Gerais e Bahia, bastante citado na obra de Guimarães Rosa, “Grande Sertão: Veredas”. Apaixonado por essa região de beleza única no Cerrado brasileiro, o escritor via o sertão como importante fonte de água. Rosa entendia que conservá-lo era um meio de preservar a vida do lugar. E ele estava certo!

O Carinhanha é o quinto maior afluente do rio São Francisco, aumentando em 20% o volume de suas águas. Foi também considerado por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) o segundo rio mais rico em diversidade de peixes dentre os afluentes do Velho Chico. Ao todo, são mais de cem diferentes espécies de peixes que vivem no seu leito.

No entanto, o Carinhanha e seus afluentes que correm no oeste baiano podem sofrer com até 23 barramentos para geração de energia. Essa ameaça foi um dos temas discutidos na reunião do conselho do Parque Nacional Grande Sertão Vereda, na cidade de Côcos (BA), no início deste mês.

Nelson Miclos, secretário municipal de Meio Ambiente de Côcos, disse estar preocupado com a qualidade e quantidade das águas na região.  Ele salientou que outro grande impacto é a captação exagerada de água para irrigação de lavouras por pivô central.

“As tubulações que estão sendo instaladas cabem, dentro, um homem em pé”, comparou. Segundo ele, a captação ocorre, principalmente, no rio Itaguari, principal afluente do Carinhanha, mas esse problema é recorrente em outros rios da região.

A intensificação do desmatamento em áreas do Cerrado é também uma ameaça ressaltada pelos conselheiros, entre os quais estão representantes da sociedade civil, de órgãos públicos, de universidades e de organizações de base comunitária.

Kolbe Soares, analista de conservação do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, fez coro ao debate afirmando que, apesar da existência de um mosaico de Unidades de Conservação que incentiva um modelo de desenvolvimento sustentável no território, infelizmente, o desmatamento ilegal no Cerrado não está sendo contido. “É comum, inclusive, ver a destruição no interior de áreas protegidas de uso sustentável, em total desrespeito às leis ambientais”, lamentou.

Para conter esse quadro, Soares aposta no fortalecimento e funcionamento dos conselhos das UCs. “Os conselhos são um instrumento de participação da sociedade na gestão e implementação das áreas protegidas do bioma Cerrado”, explicou.

Outro tema discutido durante o encontro foi a renovação da Secretaria Geral do Conselho do Parque, em que o WWF-Brasil foi a organização eleita para compor o assento em substituição à Fundação Pró-Natureza (Funatura), que cumpriu nos últimos anos dois mandatos consecutivos.

Reunião do conselho do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu

Nos dias 7 e 8 de Abril, também em Côcos, foi realizada a 24ª reunião do conselho consultivo do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu. Entre as deliberações está a realização de um seminário, em Agosto, sobre o uso do solo e da água no território. O objetivo é encontrar soluções relacionadas aos desmatamentos e uso inadequado dos recursos hídricos.

Na ocasião, também foi criado um Grupo de Trabalho para os gestores das UCs compartilharem informações e ações com vistas ao melhoramento da gestão integrada das UCs do Mosaico, como medida para atender a uma lacuna identificada no estudo do WWF-Brasil sobre a Gestão Integrada de Áreas Protegidas: uma análise da efetividade de mosaicos.