Lata de Coca-Cola. Aspartame é largamente usado em alimentos dietéticos. Foto: Andrea Warnecke/dpa/picture alliance
https://www.dw.com/pt-br/al%C3%A9m-do-aspartame-que-alimentos-a-oms-associa-ao-c%C3%A2ncer
14/07/2023
Agência para pesquisa do câncer da OMS classifica o adoçante aspartame, utilizado em refrigerantes, como possivelmente cancerígeno. Outros produtos já estão na lista.
O adoçante aspartame, utilizado em refrigerantes como a Coca Zero, pode ser cancerígeno para os humanos, mas os dados científicos conhecidos não obrigam a alterar os valores diários de consumo aceitáveis, afirmou nesta quinta-feira (13/07) a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A conclusão consta de uma análise conjunta efetuada pela Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC/International Agency for Resarch on Cancer, na sigla em inglês), que faz parte da OMS, e do comitê misto de peritos da Organização Mundial da Saúde e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (JECFA/Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives).
Daniel Leal/Agence France-Presse — Getty Images
A IARC classificou o aspartame como “possivelmente cancerígeno” para os humanos (grupo 2B), com base em “indicações limitadas sobre o carcinoma hepatocelular”, mas o JECFA concluiu que os dados avaliados não apontam para a necessidade de alterar a dose diária admissível previamente estabelecida de até 40 miligramas por cada quilo de peso do consumidor (nt.: novamente devemos ressaltar que, cada vez mais, parece haver diferenças entre a toxicologia de moléculas naturais em relação às artificiais. Sempre relembrando que o axioma dose-resposta proposto pelo médico e alquimista Paracelsus foi na Idade Média quando não existiam as moléculas artificiais como os adoçantes sintéticos aspartame e a sucralose, Sendo essa identificada como neurotóxica há poucos dias. Cada vez mais as moléculas sintéticas se mostram maléficas por não terem sido ‘criadas’ pela natureza que por isso não ‘sabe’ como degradá-las para confirmar outro axioma que diz que ‘na natureza nada se perde, tudo se transforma’).
Segundo o professor de epidemiologia de câncer Paul Pharoah, do Centro Cedars-Sinai de Los Angeles, “o público em geral não deveria se preocupar com o risco de câncer associado a um produto classificado no grupo 2B”. Nesse grupo estão também o extrato de aloe vera e o ácido caféico, assinala (nt.: infelizmente um cientista tentando ‘apaziguar’ os incautos, permitindo que as corporações, donas da moléculas artificiais, continuem se agigantando mais e mais em cima de sua saúde).
Tendo como exemplo um refrigerante dietético contendo 200 ou 300 miligramas de aspartame, um adulto com 70 quilos precisaria consumir entre nove e 14 latas por dia para exceder a ingestão diária aceitável desse adoçante artificial, adiantaram as duas entidades.
“As indicações limitadas sobre o carcinoma hepatocelular provêm de três estudos” realizados nos Estados Unidos e em dez países europeus. “Esses são os únicos estudos epidemiológicos sobre o câncer de fígado”, precisou a doutora Mary Schubauer-Berigan, da IARC. Segundo ela, são necessários estudos adicionais para “esclarecer ainda mais a situação” (nt.: e por isso tudo deveria ser suspenso até provas consistentes e inquestionáveis em contrário, senão os esperados resultados se darão em cima das dores dos incautos e ingênuos que pensam que os adoçantes sintéticos eliminarão suas obesidades).
O aspartame é amplamente utilizado em vários produtos dietéticos, ou “lights”, em substituição ao açúcar desde a década de 1980, como bebidas (Coca Zero, por exemplo), chicletes, gelatinas, sorvetes, iogurtes, cereais, pastas de dentes, e também em medicamentos.
Esta não é a primeira vez que a OMS considera haver risco de câncer no consumo de um alimento. A lista inclui também:
Carnes processadas
Comer carne processada, como presunto, salsicha e bacon, aumenta o risco de câncer, apontou um relatório da IARC e da OMS divulgado em outubro de 2015 (nt.: já existem várias matérias nos últimos tempos que mostram como os chamados ‘ultraprocessados‘ são danosos à saúde).
O relatório foi compilado por 22 especialistas de dez países, que analisaram mais de 800 estudos internacionais sobre carne e câncer. A equipe classificou a carne processada como “cancerígena para humanos” (nt.: ou seja, todos os ‘burgers’, salsichas e outros fazem parte dessas carnes. E as corporações de alimentos e de processamento, bem como os consumidores finais, pararam de produzir e consumir os tais ‘alimentos’?).
A análise revelou que havia “evidências suficientes nos humanos de que o consumo de carne processada provoca câncer colorretal”, afirmou a agência com sede em Lyon, na França. Entre as carnes desse tipo estão salsichas, carne enlatada, carne seca e molhos à base de carne.
Assim, a carne processada foi listada no grupo 1 da IARC – categoria que também inclui cigarros, amianto e fumaça de diesel. No entanto, a agência ressaltou que isso não significa que ela seja tão perigosa quanto eles.
“Para uma pessoa, o risco de contrair câncer ao comer carne processada continua sendo pequeno, mas ele aumenta de acordo com a quantidade de carne consumida”, disse Kurt Straif, da IARC. Cada porção de 50 gramas de carne processada consumida diariamente aumenta em 18% o risco de câncer colorretal, segundo a agência.
Carne vermelha
Quanto à carne vermelha, há “evidências fortes dos efeitos cancerígenos” do consumo do alimento – principalmente no desenvolvimento de câncer de cólon e de reto, mas também no de pâncreas e próstata. Isso inclui carne bovina, de porco, cordeiro, carneiro, cavalo e cabra. A carne vermelha está, assim, no grupo 2A da OMS, dos que “provavelmente causam câncer”.
Grupos da indústria da carne criticaram o resultado, argumentando que o câncer não é causado por alimentos específicos, mas por vários fatores.
Há algum tempo médicos e agências governamentais vêm alertando que uma dieta com muita carne vermelha está associada ao câncer, incluindo o de cólon e no pâncreas.
Não está claro ainda em que medida a carne vermelha pode aumentar o risco de câncer, mas um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, tem uma hipótese.
Eles acreditam que o ácido siálico Neu5Gc, uma molécula de açúcar presente na carne vermelha, estimule um processo inflamatório no organismo, que predispõe ao desenvolvimento do câncer.
O Neu5Gc é encontrado naturalmente na maioria dos mamíferos, mas não nos seres humanos. O consumo persistente de carne vermelha levaria a uma inflamação crônica – que, como já se sabe, pode desencadear tumores – se o sistema imunológico humano estiver constantemente produzindo anticorpos contra o Neu5Gc, uma molécula estranha ao organismo.
Para testar a hipótese, os pesquisadores manipularam ratos de laboratório para que eles imitassem os humanos, ou seja, para que o Neu5Gc fosse uma substância estranha a eles também. Depois, os ratos foram alimentados com Neu5Gc e desenvolveram uma inflamação sistêmica. A formação de tumores quintuplicou e houve acúmulo de Neu5Gc nos tumores.
O teste em humanos é mais complicado, mas a equipe acredita que a descoberta possa ajudar a explicar a conexão entre a carne vermelha e outras doenças agravadas por inflamações crônicas, como aterosclerose e diabetes tipo dois.
Álcool
O álcool está desde 2012 no mesmo grupo da OMS que a carne processada, o grupo 1. Esse é o grupo dos alimentos que causam câncer, ainda que o risco associado a cada um varia muito.
Entre os tipos de tumores relacionados ao consumo de álcool estão os câncer de intestino, fígado, esôfago e mama.
Mais do que isso: um recente estudo sobre o consumo de bebidas alcoólicas abrangendo 195 países apontou que até mesmo pequenas quantidades de vinho ou cerveja ingeridas ocasionalmente podem aumentar o risco de problemas de saúde ou de morrer.
E a OMS alerta: o consumo etílico está relacionado a mais de 200 enfermidades e condições crônicas. Essa lista, que inclui o câncer e a cirrose, mata 3,3 milhões de pessoas por ano – o equivalente a cerca de 6% do número global de óbitos.
Frituras
As frituras estão no grupo 2A da OMS, dos que “provavelmente causam câncer”. Elas foram associadas ao câncer de língua.
Além disso, os ácidos graxos trans, encontrados também em frituras, podem estar associados ao maior risco de desenvolver câncer de ovário, segundo um estudo da IARC divulgado em 2020.
Extrato de aloe vera
O extrato de aloe vera, uma planta conhecida popularmente como babosa, está no grupo 2B, dos que possivelmente causam câncer.
No Brasil, a Anvisa proibiu a venda, fabricação e importação de alimentos e bebidas à base de aloe vera porque não há comprovação de segurança de uso desses alimentos (nt.: se faz isso com a babosa, por que não fazer o mesmo com os adoçantes sintéticos? Eis a questão. O que estaria impedindo essa ação? Não seria a diferença de dimensão das corporações que fazem um ou outro produto?). Em alimentos, essa substância só pode ser utilizada como aditivo na função de aromatizantes.
[NOTA DO WEBSITE: abaixo colocamos a mesma informação publicada por outra mídia internacional para se fazer uma análise dos discursos de uma e outra, além do nosso]
Aspartame é uma possível causa de câncer em humanos, diz agência da OMS
O aspartame, um dos seis adoçantes aprovados pelos reguladores dos EUA, é encontrado em milhares de produtos, desde pacotes de Equal a muitos iogurtes com baixo teor de açúcar, chicletes sem açúcar, refrigerantes dietéticos, chás e bebidas esportivas e energéticas.Crédito…Daniel Leal/Agência France-Presse — Getty Images
https://www.nytimes.com/2023/07/13/health/aspartame-cancer-who-sweetener.html
13 de julho de 2023
A FDA e a poderosa indústria de bebidas protestaram contra as novas descobertas, e um segundo grupo da OMS manteve seu padrão de que o adoçante é geralmente seguro.
Uma agência da Organização Mundial da Saúde declarou na quinta-feira que o aspartame, um adoçante artificial amplamente utilizado em bebidas dietéticas e alimentos com baixo teor de açúcar (nt.: primeiro é importante se reconhecer que o baixo teor seria de um açúcar natural, a sacarose, já que o aspartame não é um açúcar e sim uma molécula sintética que desperta nas papilas gustativas a sensação de doce), pode causar câncer.
Um segundo comitê da OMS, porém, manteve-se firme em sua avaliação de um nível seguro de consumo de aspartame. Por alguns cálculos usando o padrão do painel, uma pessoa pesando 150 quilos poderia evitar o risco de câncer, mas ainda beber cerca de uma dúzia de latas de refrigerante diet por dia.
A declaração por uma agência da OMS de um risco de câncer associado ao aspartame reflete a primeira vez que o proeminente órgão internacional se pronunciou publicamente sobre os efeitos do quase onipresente adoçante artificial. O aspartame tem sido um ingrediente controverso por décadas.
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, ou IARC, disse que baseou sua conclusão de que o aspartame era um possível carcinógeno em evidências limitadas de três estudos observacionais em humanos que a agência disse ligar o consumo de bebidas adoçadas artificialmente a um aumento nos casos de câncer de fígado – em níveis muito abaixo de uma dúzia de latas por dia. Ele alertou que os resultados poderiam ser distorcidos para o perfil de pessoas que bebem quantidades maiores de bebidas dietéticas e pediu mais estudos.
Ainda assim, as pessoas que consomem grandes quantidades de aspartame devem considerar mudar para água ou outras bebidas sem açúcar, disse o Dr. Francesco Branca, diretor do Departamento de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS.
Mas, acrescentou: “Nossos resultados não indicam que o consumo ocasional deva representar um risco para a maioria”.
As preocupações com o aumento das taxas globais de obesidade e diabetes, bem como as mudanças nas preferências do consumidor, resultaram em uma explosão de alimentos e bebidas sem ou com baixo teor de açúcar. O aspartame, um dos seis adoçantes aprovados pelos reguladores dos Estados Unidos, é encontrado em milhares de produtos, desde pacotes de Equal até chicletes sem açúcar, refrigerantes dietéticos, chás, bebidas energéticas e até iogurtes. Também é usado para adoçar vários produtos farmacêuticos.
A Food and Drug Administration/FDA dos EUA, que aprovou o aspartame décadas atrás, divulgou na quinta-feira uma crítica incomum às descobertas da agência global e reiterou sua posição de longa data de que o adoçante é seguro. Em um comunicado, o FDA disse que “discorda da conclusão da IARC de que esses estudos apóiam a classificação do aspartame como um possível carcinógeno para humanos” (nt.: depois da colocação da observadora da EPA quanto à avaliação negativa do agrotóxico clorotalonil em reunião internacional sobre esses venenos – ver o link -, qualquer posicionamento de órgãos reguladores norte americanos, passam a ficar sob judice. Nessa matéria sobre agrotóxicos fica clara que a defesa da saúde dos norte americanos não tem nada a ver com a saúde do resto do mundo. Parece que a ‘saúde’ do capital, lucros e interesses dos acionistas, CEOs, cientistas corporativos e da bolsa de valores. que envolvam as empresas de agrotóxicos norte americanas estariam acima de tudo e de todos. Será que os lucros de empresas como Coca-cola, Pepsi-cola e outras também não estariam para a FDA?).
A FDA também disse que “o aspartame sendo rotulado pela OMS como ‘possivelmente cancerígeno para humanos’ não significa que o aspartame esteja realmente ligado ao câncer”. A FDA se recusou a disponibilizar qualquer um de seus especialistas para entrevistas para discutir as preocupações específicas da agência.
Mas sua defesa contra a organização internacional certamente provocaria mais debates na Europa – onde o adoçante ainda é considerado seguro – e renovaria a revisão nos Estados Unidos. E os pronunciamentos das agências globais conflitantes provavelmente alimentarão a confusão entre os consumidores.
A WHO/OMS. ocasionalmente esteve fora de sintonia com outras autoridades sobre os riscos potenciais de câncer, como o glifosato, e mais tarde liderou o caminho para estabelecer que era perigoso para a saúde humana (nt.: aqui está outro caso que interfere diretamente nos interesses das transnacionais dos venenos agrícolas como é a Monsanto). A designação do organismo internacional de uma ligação cancerígena a esse ingrediente do Roundup, um herbicida, tornou-se o trampolim para ações judiciais contra os fabricantes do herbicida (nt.: sutilmente se vê que a questão judicial passa a ser mais relevante, mesmo nos EUA, do que a saúde os próprios norte americanos pelo ‘constrangimento’ econômico que está vivendo agora a dona do veneno cancerígeno).
Em todo o mundo, a poderosa indústria de bebidas lutou muito contra qualquer descoberta regulatória ou científica que vinculasse o uso de adoçantes artificiais a riscos de câncer ou outros problemas de saúde. O aspartame é apenas o mais recente campo de batalha para as empresas multinacionais se oporem a novos estudos ou possíveis vínculos com riscos à saúde.
Pesquisadores do Centro de Pesquisa do Câncer Cesare Maltoni em Bolonha, Itália, em 2006. Pesquisadores italianos conduzindo estudos com roedores de 2005 a 2010 reacenderam o debate sobre o aspartame.Crédito.. Pigi Cipelli para o New York Times.
“O aspartame é seguro”, disse Kevin Keane, presidente interino da American Beverage Association (nt.: imagina se ele não diria isso!), em um comunicado. Ele citou os anúncios conflitantes da OMS, destacando o segundo painel, o Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares, que realizou uma revisão simultânea e deixou inalterada a quantidade diária recomendada. Também considerou as evidências de câncer em humanos “não convincentes”, mostra um resumo da OMS.
“Depois de uma análise rigorosa, a Organização Mundial da Saúde concluiu que o aspartame é seguro e ‘não há razão suficiente para alterar a ingestão diária aceitável previamente estabelecida’”, disse o Sr. Keane. “Esta forte conclusão reforça a posição da FDA e das agências de segurança alimentar de mais de 90 países.” (nt.: novamente não esquecer a posição quanto ao fungicida clorotalonil na defesa de interesses econômicos, acima da saúde, como esses representados por esse representante do lobby das empresas de bebidas dos EUA)
A Coca-Cola encaminhou as perguntas à American Beverage Association e a PepsiCo não respondeu aos pedidos de comentários (nt.: exatamente as que colocamos acima e que mostra como pressionam os seus lobby que, aliás, devem lhes custar muitos dólares).
A segurança dos substitutos do açúcar, incluindo a disputa científica de décadas sobre o uso de sacarina na bebida dietética Tab, foi fortemente examinada. Uma vez ligado ao câncer de bexiga em ratos, o Congresso determinou um estudo mais aprofundado da sacarina. Desde então, de acordo com o FDA , 30 estudos mostraram que os resultados em roedores não se aplicavam a humanos; As autoridades americanas removeram a sacarina de uma lista de possíveis cancerígenos. Mais recentemente, outros adoçantes foram investigados por seus vínculos com possíveis riscos à saúde.
No centro da disputa sobre o aspartame estão estudos com roedores de 2005 a 2010 realizados por pesquisadores da Itália que mostraram uma ligação com o câncer. A FDA rejeitou os estudos há muito debatidos como “comprometidos”.
William Dahut, diretor científico da American Cancer Society, que liderou um dos principais estudos em que a OMS se baseou, disse que as descobertas devem ser consideradas juntamente com o relatório da OMS no início deste ano, que indicava que os adoçantes artificiais não ofereciam ajuda na perda de peso ou proteção contra outras condições crônicas.
Ele disse que há pouca evidência agora para sugerir que uma Diet Coke diária aumentaria o risco de câncer, acrescentando que “mais pesquisas são necessárias”. No geral, disse ele, a ciência foi mais definitiva na redução do risco de câncer, evitando tabaco, álcool, carne processada e excesso de peso corporal.
A IARC disse que não pode descartar a possibilidade de que os estudos que ligam o aspartame ao câncer de fígado sejam resultado do acaso ou de outros fatores associados ao consumo de refrigerante diet.
A agência de câncer da OMS tem quatro categorias: cancerígeno, provavelmente cancerígeno, possivelmente cancerígeno e sem classificação. Esses níveis refletem a força da ciência, e não a probabilidade de a substância causar câncer.
O outro grupo da OMS sobre aditivos alimentares recomendou que o consumo diário seja inferior a 40 miligramas de aspartame por quilograma de peso de uma pessoa – ligeiramente abaixo do nível sugerido nos EUA de 50 miligramas.
A FDA disse que estimou que uma pessoa pesando 132 libras precisaria consumir 75 pacotes de adoçante aspartame para atingir o limite de exposição a um risco potencial.
Para a revisão do aspartame, a IARC convocou 25 especialistas em câncer de 12 nações em Lyon, França, para conduzir a revisão dos estudos existentes. Concluiu-se que havia evidências limitadas de câncer em humanos com base em três estudos que ligavam bebidas adoçadas artificialmente ao aumento do carcinoma hepatocelular, o tipo mais comum de câncer de fígado.
Um estudo em 2016 foi liderado por funcionários da OMS, que analisaram quase 500.000 pessoas na Europa que foram acompanhadas por cerca de 11 anos. O estudo rastreou a ingestão de sucos e refrigerantes dos participantes e a relação com câncer de fígado e ducto biliar. Ele examinou aqueles que bebiam refrigerantes adoçados artificialmente e descobriu que cada porção adicional de refrigerante diet por semana estava associada a um aumento de 6% no risco de câncer de fígado.
Um estudo norte-americano publicado no ano passado por pesquisadores de Harvard, da Universidade de Boston e do Instituto Nacional do Câncer examinou o consumo de bebidas açucaradas relatado por pessoas em questionários e registros de casos de câncer. Os pesquisadores descobriram um risco elevado de câncer de fígado em pessoas com diabetes que afirmaram consumir dois ou mais refrigerantes adoçados artificialmente por dia. Esse estudo não encontrou aumento no câncer de fígado entre bebedores de refrigerante diet que não tinham diabetes.
A FDA, que aprovou o aspartame décadas atrás, respondeu fortemente às conclusões da IARC.Crédito…Andrew Harnik/Associated Press
Um terceiro estudo, liderado pela American Cancer Society, examinou o uso de bebidas adoçadas com açúcar e adoçantes artificiais e os dados de morte por câncer. Encontrou um aumento de 44 por cento no câncer de fígado entre os homens que nunca fumaram e beberam duas ou mais bebidas adoçadas artificialmente por dia. Mesmo ajustando para a massa corporal alta – em si um fator de risco de câncer – os homens tiveram um aumento de 22% no risco, mostram os dados de um suplemento do estudo.
A American Beverage Association, que representa a Coca-Cola e a PepsiCo, tem afirmado abertamente que o painel de aditivos alimentares da OMS – não os especialistas em câncer – deve ser a principal autoridade avaliando o aspartame.
Nas últimas semanas, o grupo comercial da indústria de bebidas financiou uma nova coalizão liderada por Alex Azar, indicado pelo ex-presidente Donald J. Trump, e Donna Shalala, indicada pelo ex-presidente Bill Clinton. Tanto o Sr. Azar quanto a Sra. Shalala foram ex-secretários do Departamento de Saúde e Serviços Humanos. Em um artigo de opinião na Newsweek no início deste mês, os dois adotaram a posição do FDA sobre a segurança do aspartame e chamaram a agência de “o padrão ouro mundial para órgãos reguladores independentes”.
O grupo comercial já havia contestado outra revisão das ligações potenciais do aspartame com o câncer na Califórnia. Em 2016, um comitê estadual discutiu a revisão do aspartame, mas não foi além.
Autoridades da Califórnia disseram esta semana que o estado poderia revisar a última decisão da OMS.
Além do aspartame, a agência de câncer da OMS considerou outros possíveis carcinógenos, desde os aparentemente benignos, como extrato de Ginkgo biloba e extrato de folha de aloe vera, até os mais preocupantes, como escape de gasolina e ácido perfluorooctanóico, o mais comum dos produtos químicos industriais conhecidos como substâncias per e polifluoroalquil, ou PFAS, que foram recentemente sujeitas a acordos de bilhões de dólares sobre a contaminação da água potável.
Ao considerar o aspartame um possível carcinógeno, o IARC também mergulhou em uma das controvérsias centrais da pesquisa do aspartame. Ele concluiu que havia alguma evidência de câncer em animais de laboratório com base em estudos realizados pelo Instituto Ramazzini na Itália, citando a descoberta do grupo de aumento de tumores em estudos de aspartame em meados dos anos 2000. Com base nas preocupações sobre os métodos e interpretações do grupo, porém, as descobertas foram consideradas limitadas.
Por sua vez, o Instituto Ramazzini disse em 2021 que seu trabalho com o aspartame foi validado e que suas descobertas anteriores foram “selvagemmente atacadas pelas indústrias químicas e de alimentos processados e por seus aliados nas agências reguladoras”.
O Dr. Branca, da OMS, respondeu a perguntas sobre a necessidade de uma revisão da IARC durante uma coletiva de imprensa na quarta-feira, dizendo que 10 milhões de pessoas morrem de câncer a cada ano. “Portanto, há uma preocupação social à qual nossa organização precisa responder”, disse ele.
Ele disse que os resultados demonstraram uma clara necessidade de mais pesquisas de alta qualidade.
“De certa forma, levantamos uma bandeira aqui, indicando que precisamos esclarecer muito mais a situação”, disse Branca. “Não é algo que possamos descartar neste momento.”
Julie Creswell contribuiu com relatórios.
Christina Jewett cobre a Food and Drug Administration. Ela é uma jornalista investigativa premiada e tem grande interesse em saber como o trabalho do FDA afeta as pessoas que usam produtos regulamentados.
Tradução livre, parcial, do texto do NYT, feito por Luiz Jacques Saldanha, julho de 2023.