Vinícius Mendonça/IBAMA
ClimaInfo, 16 de fevereiro de 2024.
[NOTA DO WEBSITE: A estupidez e a autofagia são tão violentas, movidas pela ganância pregada pela doutrina do capitalismo criado pelo supremacismo branco eurocêntrico que está levando não só a eles nesse suícido, mas todos nós, brasileiros. Como? Pela perda definitiva da riqueza que os Rios Voadores Amazônicos vêm presenteando exatamente a região do país, sul e sudeste, de onde saem os exterminadores do presente e do futuro. Os homens do agronegócio porque são eles, sem dúvida, que estão devastando o centro-oeste, o norte e nordeste do Brasil. São esses supremacistas dessa região que cegamente praticam lá a ideologia da colonialidade. Vide as biografias dos devastadores que tudo isso se confirma].
Produtividade menor, safras ameaçadas: o negacionismo de parte significativa do agronegócio brasileiro amplia as mudanças climáticas e causa prejuízos ao próprio setor e ao país.
A bancada ruralista é uma das mais violentas e ferozes do Congresso Nacional. Supostamente, defende os interesses do agronegócio brasileiro, um dos principais setores econômicos do país. No entanto, ao atacarem especialistas e ativistas, indígenas e Povos Tradicionais, esses deputados e senadores não apenas negam as mudanças climáticas, que tiveram grande contribuição de práticas ilegais, como o desmatamento, adotadas por parte significativa do setor agropecuário. Ameaçam também o futuro do próprio negócio. E, de quebra, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Giovana Girardi, da Agência Pública, lembra uma expressão cunhada por Raoni Rajão, pesquisador da UFMG que hoje atua no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, para definir o comportamento de parte do setor e de seus representantes políticos: agrossuicídio. O termo é perfeito diante dos resultados de um novo estudo da mesma UFMG sobre a redução das chuvas e o aumento da temperatura em áreas desmatadas para a expansão agropecuária.
Pesquisadores do Centro de Sensoriamento Remoto da universidade observaram que em 20 anos, entre 1999 e 2019, as regiões que mais perderam floresta tiveram um atraso acumulado de cerca de 76 dias no início da estação chuvosa agrícola. Houve uma redução de 360 mm nas chuvas e um aumento de 2,5°C na temperatura máxima. A novidade foi quantificar esse impacto na dupla safra de soja e milho que domina as paisagens amazônicas, um sistema extremamente dependente do início da estação chuvosa e com peso altíssimo no PIB nacional.
O trabalho, publicado na revista International Journal of Climatology e também destacado pelo Observatório do Clima, foi o primeiro a isolar apenas os impactos que o desmatamento inflinge sobre as alterações observadas. A ideia foi separar a perda da floresta de outras condições que também vêm afetando o comportamento do clima, como o aquecimento global e fenômenos naturais, como El Niño e La Niña.
Nas regiões onde 80% da floresta já foi perdida, na 1ª safra, da soja, há um risco de 58% de ocorrer uma queda no volume de chuva maior ou igual a 100 mm em relação ao que seria esperado para a época. Já na 2ª safra, de milho, essas regiões mais desmatadas têm um risco de 44% de enfrentar redução maior ou igual a 200 mm nas chuvas. Onde a cobertura de vegetação é maior que 80%, o risco cai à metade, aponta o estudo.
Pelas últimas notícias, não se trata mais de “vai acontecer”, mas sim de “está aí”. Os extremos climáticos tiraram o entusiasmo de produtores rurais do norte do Paraná com a próxima safra de soja, informa a Folha. Por causa das temperaturas altas e da pouca ou nenhuma chuva, há uma previsão de quebra superior a 30% em relação a uma média histórica da colheita.
A situação não é diferente no Centro-Oeste, a região com maior produção de grãos do país. “Em 25 anos de lavoura, a gente nunca viu uma situação dessas”, disse o produtor de soja Jonny Chaparini, de Montividiu, em Goiás. A estiagem tem castigado a região, que já contabiliza perdas, destaca a Globo Rural.
Em um grande evento do setor no início deste mês, produtores que mal sabem se terão lucro na atual safra de soja foram buscar por novidades que pudessem reduzir custos ou agregar produtividade nos próximos ciclos, explica a Globo Rural. Muitos deles ainda se mostravam reticentes em fechar negócios.
Diante disso, o mercado de fertilizantes está mais lento no país, por causa das projeções de quebras de produção de grãos da safra 2023/24, mostra também a Globo Rural. As compras do insumo para a 2ª safra praticamente travaram. E o cenário para 2024/25 também indica incerteza.
“Os resultados [da pesquisa] são um apelo veemente para que investidores, formuladores de políticas públicas e cientistas se engajem com empresas agrícolas para eliminar o desmatamento de suas cadeias de suprimentos”, diz Argemiro Teixeira, coautor da pesquisa e professor na UFMG.
Para isso, também será preciso acabar com a bancada ruralista. Antes que ela acabe com o agronegócio nacional.