Acordo judicial da Bayer-Monsanto interessa a quem?

https://www.ewg.org/release/bayer-monsanto-agrees-10b-settlement-victims-poisoned-roundup-weedkiller

Alex Formuzis (202) 667-6982 – [email protected]

FOR IMMEDIATE RELEASE: WEDNESDAY, JUNE 24, 2020

Nota do website: Por que publicar sobre matéria que já havia sido postada? Simplesmente porque cada vez se torna mais dramática a presença deste veneno, conhecido como tal pela Monsanto desde os anos 70, em todos os nossos alimentos. Porque ainda num país como o nosso existem movimentos de parlamentares querendo tornar as formulações agrícolas do glifosato, um ‘defensivo’ praticamente inócuo. E principalmente porque, no desconhecimento generalizado que existe entre todos os brasileiros, sejam do campo ou da cidade, este produto vem sendo usado como ‘água benta’ que lhes livrará das ‘ervas daninhas’! Pedimos por amor aos nossos descendentes que leiam todos os ‘posts’ que publicamos neste website sobre esta molécula e comecem a ser seus antagonistas até que seja banido definitivamente não daqui no Brasil, mas de todo o planeta… que é um e tudo o que acontece num local irá reverberar em todos os cantos de nossa Terra, nossa Pachamama!

WASHINGTON – Em um acordo alcançado em junho de 2020, a corporação alemã Bayer AG concordou em pagar US$ 10 bilhões (nt.: só para o leitor ter uma noção de que valor é esse, a compra da Monsanto pela Bayer, custou-lhe em torno de 63 bilhões de dólares. Dá para ter ideia do que representa este valor para a transnacional?) por reivindicações de que seu exclusivo Roundup cause câncer em pessoas, de acordo com um relatório da agência de notícias Reuters.

O acordo de US $ 10 bilhões será distribuído a quatro escritórios de advocacia dos principais demandantes, que, por sua vez, distribuirão o dinheiro a quase 100.000 clientes que sofreram de câncer após o uso prolongado do herbicida tóxico.

A empresa alemã adquiriu a gigante agroquímica norte americana Monsanto, sediada em St. Louis, em 2018, por US $ 63 bilhões, e herdou a responsabilidade em milhares de ações judiciais movidas por pessoas que reivindicam exposição ao ‘Roundup’ e seu principal ingrediente glifosato foi a causa do câncer.

Nota do site: Além do arrazoado acima também queremos refletir com o leitor sobre estes aspectos: alguém já se perguntou por que a Bayer comprou a Monsanto? Percepção do nosso website: por desespero da sociedade do capital ocidental. Como assim? Porque a corporação estatal chinesa ChemChina comprou, em 2016, a segunda maior corporação agroquímica mundial, a suíça Syngenta, por 43 bilhões de dólares. E o que a venda da Monsanto tem a ver com isso? Porque ela desistiu de comprar a empresa suíça – que tem a atrazina como seu ícone, outro veneno terrível, ainda na sombra – e constatava que cada vez mais e mais os juízes a condenavam, como imaginamos que farão, daqui um tempo, também com a Syngenta pela atrazina. E qual o drama? A ChemChina depois de abocanhar a suíça estava em negociações de comprar a norte americana Monsanto, e no nosso entender os acionistas e os CEOs não mais queriam ficar na mira da justiça dos EUA e precisavam se desfazer como os suíços já haviam feito. Mas deixaria o capital ocidental que a China se apossasse das duas maiores corporações agroquímicas e assim dominasse definitiva e terminantemente a senhora absoluta de toda a agricultura global? Assim, o capital resolveu fazer um sorteio, ou ‘azareio’, de quem seria a vítima que ira comprar a Monsanto. E a Bayer foi a ‘azarada’ e agora os norte americanos, acionistas e CEOs de sua ex-Monsanto, aliviados, riem por terem se livrado da ‘bucha’!! Dá para entender??)

O presidente do EWG, Ken Cook, fez esta declaração sobre o acordo:

 “O acordo de hoje é uma justificativa para todos aqueles que adoeceram de câncer como resultado da exposição a esse produto químico. Nenhuma quantia em dinheiro pode reverter os danos que a Bayer-Monsanto infligiu a essas vítimas e a inúmeras outras pessoas, mas, devido a sua incansável luta bem como de seus advogados por justiça, a empresa que os expôs agora está pagando um preço muito alto por seu engodo, agora duplicado já as duas empresas sabem do seu produto”.

 “As revelações mais contundentes neste caso descobriram, através dos documentos internos da própria empresa, até que ponto a Monsanto-Bayer reconheceu desde cedo o risco de câncer e outros problemas de saúde causados ​​pelo glifosato e suas formulações comerciais. A Monsanto-Bayer conspirou agressivamente durante décadas para ocultar ou mentir sobre as evidências ao público e aos órgãos reguladores, enquanto atacava incansavelmente cientistas e organizações que procuravam dizer a verdade sobre os produtos da empresa”.

 “Essa informação condenatória só se tornou pública porque os advogados da demandante a retiraram da empresa em tribunal e a tornaram pública. Esse encobrimento matou a integridade da empresa tão sistemicamente quanto seus produtos químicos matam as plantas. A dissimulação do lucro da Monsanto-Bayer em detrimento da saúde pública é uma mancha permanente em sua reputação. Nada neste acordo altera a conclusão de que se trata de uma empresa que simplesmente não pode ser confiável”.

O glifosato, o herbicida mais utilizado no mundo, foi classificado em 2015 pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (nt.: International Agency for Research on Cancer/IARC/OMS/ONU) como provavelmente cancerígeno para as pessoas. Em 2017, o glifosato também foi listado pelo Escritório de Avaliação de Perigos em Saúde Ambiental da Califórnia (nt.: California Office of Environmental Health Hazard Assessment) como um produto químico conhecido por causar câncer.

O glifosato é aplicado principalmente nas culturas de milho, soja e trigo, mas é cada vez mais pulverizado imediatamente antes da colheita em aveia, grão de bico e outras culturas como um agente de secagem, ou dessecante, para acelerar a colheita. O uso pré-colheita é o motivo pelo qual muitos cereais à base de aveia estão contaminados com glifosato.

Três rodadas separadas de testes de laboratório encomendados pelo EWG em 2018 e 2019 encontraram glifosato em quase todas as amostras de cereais populares à base de aveia e outros alimentos comercializados para crianças. As marcas contaminadas incluíam cereais e barras de café da manhã fabricadas pela General Mills e Quaker.

Um novo relatório de teste do EWG, que será lançado no próximo mês, mostrará a contaminação por glifosato generalizada tanto em húmus como em grão de bico.

Além de seu uso na agricultura, milhões de americanos pulverizam Roundup (nt.: marca comercial do herbicida da Bayer/Monsanto com o princípio ativo glifosato) em seus quintais e jardins – a principal fonte de exposição para aqueles que ficaram doentes e processaram a Bayer-Monsanto (nt.: por isso a presença deste veneno no húmus). Quatro pessoas na Califórnia já venceram seus processos em julgamentos de júri, incluindo Dewayne Johnson, um zelador da escola em Bay Area.

Mesmo quando comemoramos e parabenizamos aqueles que tornaram esse dia possível, milhões de pessoas estão sendo expostas ao glifosato através dos alimentos que ingerem, trabalhando como jardineiros ou agricultores ou mesmo com jardins domésticos”, disse Cook. A Bayer-Monsanto deve ser responsabilizada além do acordo de hoje. A Administração de Alimentos e Medicamentos (nt.: Food and Drug Administration/FDA/USA) deve eliminar imediatamente seu uso como dessecante antes da colheita e a Agência de Proteção Ambiental (nt.: Environmental Protection Agency/EPA/USA) deve proibir todos os usos domésticos. Essa é a única maneira de garantir que as futuras gerações de norte americanos não adoeçam ou morram devido à exposição a esse produto químico causador de câncer”.

O Environmental Working Group/EWG é uma organização sem fins lucrativos e apartidária que capacita as pessoas a viver vidas mais saudáveis em um ambiente mais saudável. Por meio de pesquisa, advocacia e ferramentas educacionais exclusivas, o EWG promove a escolha do consumidor e a ação cívica. Visite www.ewg.org para mais informações.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, agosto de 2020.