A evolução para um capitalismo consciente.

Há mais de dez anos venho falando em minhas palestras sobre a importância de termos líderes conscientes e transformadores no mundo, que entendam que somos apenas micro-organismos vivendo num planeta, onde ocupamos apenas 12% do mesmo (isso quando pegamos toda a massa do planeta). Se pararmos para pensar, ocupamos apenas uma casca do planeta. Ao descermos mais de 4 mil metros em qualquer que seja o oceano, encontramos um ambiente tão inóspito para o ser humano quanto o é o ambiente de Marte.

 

 

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por Alfredo Assumpção*

empresasgrafico A evolução para um capitalismo consciente

Ou temos a sociedade viva ou não temos clientes para aquisição dos produtos e serviços das empresas.

Trato deste assunto em detalhes nos meus livros Gestão sem Medo, Felicidade, o Deus Nosso de Cada Dia e Talento, a Verdadeira Riqueza das Nações. Em resumo, ou nós entendemos de uma vez por todas que o planeta não é nosso e que precisamos respeitá-lo na sua integridade ou ele nos liquida. Falamos de término da humanidade a qualquer momento.

Ou de forma lenta e gradual. Vamos nos lembrar de que para cada ação nociva sobre o planeta recebemos do mesmo uma reação muito mais destrutiva. Então é questão de tempo. Ou nos conscientizamos – políticos, religiosos, educadores, militares e empresários – sobre esta realidade ou estamos fadados a ter o planeta destruindo o habitat de nossas futuras gerações.

O título deste artigo é bem categórico. Falo de porque é o capitalismo que comanda o mundo. Se analisarmos a receita das 50 maiores multinacionais vamos concluir que cada uma delas tem uma receita anual maior do que o PIB de cada um dos 70% dos países do globo. Se pegarmos as dez maiores multinacionais, sua receita em conjunto só perde para o PIB de Estados Unidos, China, Japão e Alemanha (os quatro maiores PIBs do planeta).

Então, para evoluirmos com o tema, vamos descobrir que a maior concentração de líderes no mundo atual encontra-se no mundo corporativo, digno representante do mundo capitalista. Não estão mais na igreja, no governo, nas forças armadas ou no mundo acadêmico. Então precisamos trabalhar na conscientização dos líderes do mundo corporativo para que, através deles, consigamos desenvolver uma melhor ambiência planetária. E o objetivo é simples. Ou temos a sociedade viva ou não temos clientes para aquisição dos produtos e serviços das empresas. Ou cuidamos do planeta ou não teremos mais países, nações, empresas, famílias e, em última instância, o ser humano.

Podemos, a partir desta rápida análise, ser categóricos em dizer que o mundo caminha para um capitalismo consciente. Os humanos estão evoluindo e, com esta evolução, é natural que o mundo dos negócios também evolua. Encontramos cada vez mais empresas responsáveis direcionando seu modelo produtivo para um capítulo sustentável. Não há porque mantermos discursos inflamados contra o lucro. Somente o lucro possibilita que essas empresas responsáveis reinvistam na formação de seu pessoal com atitude desenvolvida para se atingir o bem em curto, em médio e em longo prazo.

Sendo assim, o modelo capitalista que se aproxima (grande parte dele já em operação) é o de continuar a buscar altos padrões de produtividade consciente para atingir lucro, sabendo remunerar bem e de forma correta, onde quem mais produz recebe mais. Até para que se estimule o processo natural de inventividade, aceite de risco, inovação e criatividade, sem o que as empresas não sobrevivem.

E, a reboque, surgem os governos, usando do setor corporativo – sempre mais produtivo, livre de amarras políticas – para fazer rodar suas economias. Assim serão criados verdadeiros valores para as sociedades. Quanto mais efetividade se encontrar no mundo corporativo, mais barato e de melhor qualidade serão os serviços e produtos sendo disponibilizados para esta sociedade que cada vez demanda mais produtos bons e baratos, independentemente da origem das empresas. Este processo não tem retorno.

Atualmente as transnacionais, muitas delas com presença física em mais de cem países, já fazem mais receita fora dos seus países de origem do que na matriz. São apátridas. São essas empresas, que se fusionam constantemente, as responsáveis pelo futuro que advirá, com integração das empresas e depois das nações, podendo o bem ser replicado na forma de novos valores a todos os habitantes do planeta terra.

É para onde caminhamos. O capitalismo consciente é a última tendência.

Alfredo Assumpção é Chairman & Partner da Fesap, holding das empresas Fesa, Asap Recruiters e Fesa Advisory.

** Publicado originalmente no site Carta Capital.

(Carta Capital)