A 3M oferece um acordo de US$ 10,3 bilhões sobre a contaminação de PFAS em sistemas de água

https://theconversation.com/3m-offers-10-3b-settlement-over-PFAS-contamination-in-water-systems-now-how-do-you-destroy-a-forever-chemical-208362

A. Daniel Jones e Hui Li

Esta é uma versão atualizada, junho/2023, de um artigo publicado originalmente em 18 de agosto de 2022.

Agora, como se destrói um ‘produto químico eterno’?

Os produtos químicos ‘forever chemicals’ – PFAS pareciam uma boa ideia a princípio. Como Teflon, eles tornaram as panelas mais fáceis de limpar a partir da década de 1940. Eles fizeram jaquetas impermeáveis ​​e tapetes resistentes a manchas. Embalagens de alimentos, espuma de combate a incêndios e até maquiagem pareciam melhores com substâncias perfluoroalquil e polifluoroalquil.

No entanto, os testes começaram a detectar PFAS no sangue das pessoas.

E hoje, os PFAS estão presentes no solo, na poeira e na água potável em todo o mundo. Estudos sugerem que eles estão em 98% dos corpos dos norte americanos, onde foram associados a problemas de saúde, incluindo doenças da tireoide (nt.: IMPORTANTÍSSIMO ver o link do nosso website, por ter um documentário que trata de como estes venenos interferem na formação do sistema nervoso central do embriões e fetos, gerando menores QIs e danos cerebrais), danos ao fígado e câncer renal e testicular. Existem agora mais de 9.000 tipos de PFAS. Eles são frequentemente chamados de “produtos químicos eternos/forever chemicals” porque as mesmas propriedades que os tornam tão úteis também garantem que não se decomponham na natureza.

Enfrentando processos judiciais por contaminação de PFAS, a gigante industrial 3M (nt,: destaque em negrito dado pela tradução para caracterizar perfeitamente que pratica e praticou esse crime corporativo), que fabrica PFAS para muitos usos há décadas, anunciou um acordo de US$ 10,3 bilhões com fornecedores públicos de água em 22 de junho de 2023, para ajudar a pagar por testes e tratamento. A empresa não assume qualquer responsabilidade no acordo, que depende de homologação judicial. A limpeza pode custar muitas vezes esse valor.

Mas como você captura e destrói um produto químico eterno?

(nt.: destaque dado pela tradução para ressaltar essa pergunta que não tem nada de retórica, É A QUESTÃO CHAVE DE TODA A QUÍMICA SINTÉTICA ARTIFICIAL QUE PASSA A NOS ENVOLVER A PARTIR DA METADE DO SÉCULO XX).

O bioquímico A. Daniel Jones e o cientista do solo Hui Li trabalham com soluções PFAS na Michigan State University e explicaram as técnicas promissoras que estão sendo testadas hoje.

Como o PFAS passa dos produtos do dia a dia para a água, o solo e, eventualmente, para os seres humanos?

Existem duas vias de exposição principais para o PFAS entrar em humanos – água potável e consumo de alimentos.

Os PFAS podem penetrar no solo por meio da aplicação de biossólidos no solo, ou seja, lodo do tratamento de águas residuais, e podem ser lixiviados de aterros sanitários. Se biossólidos contaminados forem aplicados em campos agrícolas como fertilizante, o PFAS pode entrar na água e nas plantações e vegetais (nt.: contaminam daí as verduras, o leite e a carne de todos os animais que pastam nessas áreas conforme o link, publicado em nosso website, o que impede a utilização dessas regiões agrícolas como está acontecendo no estado de Maine no nordeste norte americano, como citado a seguir).

Por exemplo, o gado pode consumir PFAS através das colheitas que comem e da água que bebem. Houve casos relatados em MichiganMaine e Novo México de níveis elevados de PFAS em carne bovina e vacas leiteiras. O tamanho do risco potencial para os seres humanos ainda é amplamente desconhecido .

Duas vacas olham para um cocho de feno de madeira com um celeiro ao fundo.

Vacas foram encontradas com altos níveis de PFAS em uma fazenda no Maine. Adam Glanzman/Bloomberg via Getty Images

Cientistas do nosso grupo de pesquisa na Michigan State University estão trabalhando em materiais adicionados ao solo que podem impedir que as plantas absorvam o PFAS, mas deixariam o PFAS no solo.

O problema é que esses produtos químicos estão por toda parte e não há nenhum processo natural na água ou no solo eficaz para decompô-los. Muitos produtos de consumo são carregados com PFAS, incluindo maquiagem, fio dental, cordas de violão e cera de esqui (nt.: destaque dado pela tradução para chamar a atenção do leitor dos produtos que possam ter essas moléculas aqui mesmo no Brasil).

Como os projetos de remediação estão removendo a contaminação de PFAS agora?

Existem métodos para filtrá-los da água. Os produtos químicos vão aderir ao carvão ativado, por exemplo. Mas esses métodos são caros para projetos de grande escala e você ainda precisa se livrar dos produtos químicos (nt.: sim! O que fazer com o carvão ativado impregnado com PFAS?).

Por exemplo, perto de uma antiga base militar de Sacramento, Califórnia, há um enorme tanque de carvão ativado que absorve cerca de 1.500 galões de água subterrânea contaminada por minuto, filtra e depois bombeia para o subsolo. Esse projeto de remediação custou mais de $ 3 milhões, mas impede que o PFAS se mova para a água potável que a comunidade usa.

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA – EPA/Environmental Protection Agency – propôs o estabelecimento de regulamentações legalmente aplicáveis ​​para níveis máximos de seis produtos químicos PFAS em sistemas públicos de água potável. Dois desses produtos químicos, PFOA e PFOS, seriam reconhecidos como produtos químicos perigosos individuais, com ações regulatórias aplicadas quando os níveis de qualquer um excederem 4 partes por trilhão, o que é substancialmente menor do que a orientação anterior (nt.: MAS NUNCA ESQUECER QUE PARA ESSES DISRUPTORES ENDÓCRINOS NÃO HÁ NÍVEIS POSSÍVEIS – COMO IMITAM HORMÔNIOS, SUAS DOSES SÃO INFINITESIMAIS !).

A filtragem é apenas uma etapa. Depois que o PFAS é capturado, você deve descartar os carvões ativados carregados com PFAS, e o PFAS ainda se move. Se você enterrar materiais contaminados em um aterro sanitário ou em outro lugar, o PFAS acabará por ser lixiviado. É por isso que encontrar maneiras de destruí-lo é essencial.

Quais são os métodos mais promissores que os cientistas encontraram para quebrar o PFAS?

O método mais comum de destruição de PFAS é a incineração, mas a maioria dos PFAS são notavelmente resistentes à queima. É por isso que eles estão em espumas de combate a incêndio.

Os PFAS têm vários átomos de flúor ligados a um átomo de carbono, e a ligação entre o carbono e o flúor é uma das mais fortes. Normalmente, para queimar alguma coisa, você precisa quebrar a ligação, mas o flúor resiste à quebra do carbono. A maioria dos PFAS se decompõe completamente em temperaturas de incineração em torno de 1.500 graus Celsius (2.730 graus Fahrenheit), mas consome muita energia e os incineradores adequados são escassos.

Existem várias outras técnicas experimentais que são promissoras, mas não foram ampliadas para tratar grandes quantidades de produtos químicos.

Vários paletes de água engarrafada ficam parados enquanto as pessoas se preparam para colocá-la nos porta-malas de SUVs que a pegam.

Wayland, Massachusetts, uma das cidades que processou a 3M, distribuiu água engarrafada aos residentes em maio de 2021, depois que níveis elevados de PFAS foram detectados em suas fontes públicas de água. Pat Greenhouse/The Boston Globe via Getty Images

[NOTA DO WEBSITE: INCRÍVEL QUE ESSA FOTO MOSTRA UMA REALIDADE QUE TEM MAIS DE DOIS ANOS!! ÁGUA ENGARRAFADA SENDO DISTRIBUIDA PARA A POPULAÇÃO POR CAUSA DA CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA ‘POTÁVEL’… ATÉ QUANDO?? IMAGINA-SE A SITUAÇÃO DO BRASIL, ONDE NEM SE SABE DISSO COMO A MAIORIA DOS OUTROS POVOS DO PLANETA !]

Um grupo em Battelle desenvolveu a oxidação supercrítica da água para destruir o PFAS. Altas temperaturas e pressões alteram o estado da água, acelerando a química de uma forma que pode destruir substâncias perigosas. No entanto, escalar ainda é um desafio.

Outros estão trabalhando com reatores de plasma, que usam água, eletricidade e gás argônio para quebrar o PFAS. Eles são rápidos, mas também não são fáceis de escalar.

O que provavelmente veremos no futuro?

Muito dependerá do que aprendermos sobre a origem da exposição humana ao PFAS.

Se a exposição for principalmente de água potável, existem mais métodos com potencial. É possível que eventualmente possa ser destruído no nível doméstico com métodos eletroquímicos, mas também há riscos potenciais que ainda precisam ser compreendidos, como a conversão de substâncias comuns, como cloreto, em subprodutos mais tóxicos.

O grande desafio da remediação é garantir que não pioramos o problema liberando outros gases ou criando substâncias químicas nocivas. Os seres humanos têm uma longa história de tentar resolver problemas e piorar as coisas. As geladeiras são um ótimo exemplo. Freon, um clorofluorcarbono/CFC (nt.: o gás que destrói a camada de ozônio, Observem que tem os elementos mais perigosos do planeta quando isolados pela química sintética = CLORO -ver agrotóxicos organoclorados como DDT e outros, já proibidos há mais de 50 anos, mas continuam agindo; FLÚOR – por tudo o que se sabe como agem e como foram lançados no consumo humano; e CARBONO – que associado a outros elementos torna-se até um gás de efeito estufa. E AS CORPORAÇÕES USAM ESSES ELEMENTOS CONJUNTAMENTE COMO SE INÓCUOS FOSSEM !) foi a solução para substituir a amônia tóxica e inflamável em refrigeradores, mas depois causou a destruição do ozônio estratosférico. Foi substituído por hidrofluorcarbonos, que agora contribuem para a mudança climática.

Se há uma lição a ser aprendida, é que precisamos pensar em todo o ciclo de vida dos produtos. Quanto tempo realmente precisamos de produtos químicos para durar?

A. Daniel Jones, Professor de Bioquímica, Michigan State University

Hui Li, Professor de Química Ambiental e do Solo, Michigan State University

Declaração de divulgação

A. DANIEL JONES recebe financiamento da National Science Foundation, National Institutes of Health, Departamento de Agricultura dos EUA-Instituto Nacional de Alimentos e Agricultura, Serviço Florestal dos EUA e Programa Estratégico de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental do Departamento de Defesa dos EUA (SERDP).

HUI LI recebe financiamento da Agência de Proteção Ambiental, do Departamento de Agricultura dos EUA e do Instituto Nacional de Ciências de Saúde Ambiental.

Parceiros

A Michigan State University fornece financiamento como parceira fundadora da The Conversation US.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, julho de 2023.