
Crédito da Big Stock: Maksymiv
22 jul 2025
[Nota do Website: Novamente a indústria praticando o ‘greenwashing’ e gerando um crime corporativo. Ao utilizar a vontade popular de agir com cuidado e sustentabilidade, introduz num produto agora ‘sustentável’, um veneno terrível, os ‘químicos eternos/forever chemicals’. Então quando tratamos essa ação industrial e tecnológica como um crime corporativo, são as próprias corporações que se autodenunciam. Ou não?].
Um novo estudo descobriu que muitos produtos menstruais reutilizáveis que ganharam popularidade crescente entre adolescentes estão cheios de “químicos eternos/forever chemicals” tóxicos.
Entre os maiores reincidentes estão absorventes e roupas íntimas laváveis, de acordo com o estudo, publicado na terça-feira na Environmental Science & Technology Letters. E, à medida que mais consumidores optam por produtos multiuso em vez dos descartáveis, os autores do estudo expressaram motivos para preocupação.
“Como os produtos reutilizáveis estão em ascensão devido à sua maior sustentabilidade em comparação aos produtos descartáveis, é importante garantir que esses produtos sejam seguros”, disse a coautora Marta Venier, professora associada da Universidade de Indiana, em um comunicado.
“Isso é crucial, especialmente para adolescentes e mulheres jovens, que são mais vulneráveis a potenciais efeitos negativos à saúde”, acrescentou Venier.
Os compostos em questão são conhecidos como substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas (PFAS) e são comuns em vários itens domésticos, como roupas impermeáveis, panelas antiaderentes e vários produtos de cuidados pessoais.
Estima-se que existam 15.000 tipos de PFAS, todos artificiais, e alguns deles associados a cânceres e outras doenças graves. Esses chamados “químicos eternos” permanecem quase indefinidamente no meio ambiente e por vários anos no corpo humano.
Pesquisas anteriores na China alertaram sobre a prevalência de PFAS em produtos de higiene pessoal do país, incluindo absorventes, protetores diários, tampões, fraldas de papel, coletores menstruais e líquidos bactericidas.
Além disso, um artigo da Sierra Magazine de 2020 — que contou com a participação de Graham Peaslee, autor sênior do estudo atual — identificou o “uso intencional de flúor” em um tipo de calcinha menstrual, o que levou a um processo judicial e a um acordo de US$ 5 milhões com a marca.
Para identificar a presença de PFAS em produtos, os cientistas geralmente começam implementando uma ferramenta de triagem abrangente: a avaliação do flúor total em uma amostra. Eles geralmente consideram o uso de flúor como “intencional” — ou deliberado na formulação de um produto, em oposição à contaminação acidental — quando os níveis ultrapassam um limite de segurança específico.
No estudo atual, os pesquisadores concentraram seu foco em 59 produtos de higiene reutilizáveis — como calcinhas menstruais, absorventes reutilizáveis, coletores menstruais e calcinhas e absorventes reutilizáveis para incontinência — da América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia e Pacífico.
Os produtos, eles explicaram, primeiro passaram por triagens totais de flúor usando uma tecnologia chamada espectroscopia de emissão de raios gama induzida por partículas.
Essas triagens preliminares mostraram que roupas íntimas menstruais e absorventes reutilizáveis provavelmente apresentaram as maiores taxas de uso intencional de PFAS: 33% e 25% dos itens em cada uma dessas categorias de produtos, respectivamente.
As descobertas foram aplicadas a mercados do mundo todo, com fluoração intencional detectada em sete pares de roupas íntimas sul-americanas, quatro pares norte-americanos e dois pares europeus, de acordo com o estudo.
Após as varreduras iniciais de flúor, os cientistas escolheram 19 produtos para análises direcionadas de 31 tipos “iônicos” e 11 tipos “neutros” de PFAS.
PFAS iônicos são aquelas moléculas que podem se “dissociar” no ambiente, tornando-se altamente móveis e passíveis de contaminação generalizada. Entre os tipos mais notórios de PFAS iônicos estão compostos legados como PFOA e PFOS, que foram em grande parte descontinuados da produção, mas permanecem no ambiente devido à sua persistência.
Os PFAS neutros, por outro lado, não se dissociam e eram considerados menos tóxicos. Mas os cientistas têm questionado essa suposição, visto que esses compostos são altamente voláteis e podem servir como precursores de PFAS iônicos.
Nos testes PFAS mais precisos para os 19 produtos do período, os pesquisadores detectaram os compostos em 100% dos produtos, com dois tipos de PFAS neutros — álcoois fluorotelômeros 6:2 e 8:2 (FTOH) — apresentando a presença mais abundante.
O coautor Sydney Brady, candidato a doutorado no grupo de Venier, enfatizou em uma declaração que o 8:2 FTOH era um dos tipos mais comuns de PFAS em itens norte-americanos, apesar de sua eliminação das embalagens de alimentos pelos fabricantes.
Essa eliminação gradual, explicou Brady, ocorreu devido às preocupações da Food and Drug Administration sobre a “persistência do produto químico no corpo após exposição alimentar”.
“Notavelmente, 8:2 FTOH pode ser transformado em PFOA mais tóxico uma vez dentro do corpo”, alertou Brady.
Embora reconheçam que existem muito menos pesquisas sobre a exposição ao PFAS pela pele em comparação com alimentos ou água, os autores citaram estudos iniciais sobre absorção dérmica como uma via de exposição potencialmente “significativa para o PFAS quando presente em produtos de higiene feminina”.
“Os produtos de higiene feminina permanecem em contato com a pele por longos períodos”, disse Venier. “Os riscos da absorção dérmica de PFAS, especialmente PFAS neutros, não são bem compreendidos.”
Assim, os pesquisadores solicitaram estudos adicionais para definir o risco de exposição aos PFAS através da pele humana. Além disso, após identificar pelo menos uma amostra por categoria de produto que não continha PFAS adicionados intencionalmente, eles enfatizaram que alternativas mais seguras e saudáveis provavelmente podem ser fabricadas sem eles.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, julho de 2025