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https://portugues.medscape.com/verartigo/6512020
Dra. JoAnn E. Manson
28 de novembro de 2024
[NOTA DO WEBSITE: Mesmo que no final do texto a autora abra alguma oportunidade para estes alimentos, na dúvida é melhor prevenir quando podemos nos apropriarmos de nossas vidas e saúde. Sempre lembrar a matéria do NYT que fala do desprezo das corporações da Big Food em relação à nossa saúde de consumidores. Não hesitemos, principalmente em relação às nossas crianças que não têm discernimento para a escolha do que é melhor para elas. Nós somos os responsáveis por elas e sua saúde].
Uma publicação recente do periódico The Lancet Regional Health, do qual sou coautora, analisou três estudos de coorte prospectivos em larga escala de profissionais de saúde do sexo masculino e feminino dos EUA, com mais de 200.000 participantes no total.
Também analisou uma metanálise de 22 coortes internacionais com cerca de 1,2 milhão de participantes.
O que são alimentos ultraprocessados e por que são importantes? Por que nos importamos e quais são as lacunas do conhecimento?
Alimentos ultraprocessados são, em geral, alimentos embalados que contêm ingredientes para estender a vida útil e melhorar o sabor e a palatabilidade. Isso é importante, porque 60% a 70% da dieta nos EUA, se não mais, é composta por alimentos ultraprocessados. Então, a relação entre eles e a doença cardiovascular, assim como outros desfechos de saúde, é realmente muito importante.
Porém, as pesquisas até o momento sobre esse assunto têm sido bastante limitadas.
Frequentemente, alimentos ultraprocessados contêm aditivos, como conservantes, intensificadores de sabor, corantes, emulsificantes e adoçantes, e tendem a conter uma quantidade excessiva de calorias, açúcares adicionados, sal adicionado, sódio e gordura saturada. A embalagem pode ser rica em bisfenóis, que também foram associados a alguns desfechos de saúde.
Em outros estudos, esses alimentos ultraprocessados foram associados ao ganho ponderal e à dislipidemia; foram encontradas certa glicação tecidual e algumas mudanças no microbioma.
Alguns estudos associaram maior ingestão de alimentos ultraprocessados com diabetes tipo 2. Alguns analisaram certos alimentos ultraprocessados selecionados e encontraram um risco maior de doença cardiovascular, mas uma análise realmente abrangente dessa questão não foi realizada.
Então, foi isso que fizemos neste artigo e na metanálise com as 22 coortes, e constatamos um aumento significativo muito claro e distinto na doença cardíaca coronária em 23%, na doença cardiovascular (total) em 17% e no acidente vascular cerebral em 9%, quando comparadas as categorias mais alta e mais baixa [de ingestão de alimentos ultraprocessados].
Quando nos aprofundamos nos tipos de alimentos ultraprocessados nas coortes de profissionais de saúde dos EUA, constatamos algumas diferenças importantes na relação com doenças cardiovasculares, dependendo do tipo de alimento ultraprocessado.
Ao comparar o quintil mais alto versus o mais baixo [de ingestão total de alimentos ultraprocessados], vimos que alguns dos alimentos foram associados a elevações significativas no risco de doença cardiovascular, como bebidas adoçadas com açúcar e carnes processadas. Porém, alguns foram associados a um risco menor de doença cardiovascular, como cereais matinais, iogurte, algumas sobremesas lácteas e grãos integrais.
No geral, pareceu que os alimentos ultraprocessados são realmente bastante diversos em sua associação com a saúde. Não é uma relação única. Eles não são todos criados da mesma forma, e algumas dessas diferenças importam.
Embora, em geral, recomendemos que nossa alimentação seja focada em alimentos integrais, principalmente de origem vegetal, com muitas frutas e vegetais, grãos integrais, peixes e outros alimentos integrais, parece que, com base nesta publicação e na metanálise, certos tipos de alimentos ultraprocessados podem ser incorporados a uma alimentação saudável e não precisam ser evitados completamente.
Este conteúdo foi traduzido do Medscape