O herbicida largamente empregado no mundo, dissecante usado tanto na área rural como urbana, glifosato, mostra que pode prejudicar o desenvolvimento reprodutivo da prole masculina pela exposição da mãe, ao interromper nos fetos a expressão das gonadotropinas (nt.: os hormônios luteinizante-LH e do estimulador do folículo-FSH).
http://www.springerlink.com/content/62510445h4056487/
Volume 86, Number 4 (2012), 663-673, DOI: 10.1007/s00204-011-0788-9
Marco Aurelio Romano, Renata Marino Romano, Luciana Dalazen Santos, Patricia Wisniewski, Daniele Antonelo Campos, Paula Bargi de Souza, Priscila Viau, Maria Martha Bernardi, Maria Tereza Nunes and Claudio Alvarenga de Oliveira(Departamento de Reprodução Animal, Laboratório de Dosagens Hormonais, Escola de Medicina Veterinária, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. [email protected])
Resumo.
A diferenciação sexual no cérebro tem lugar do final da gestação aos primeiros dias pós natal. E este processo depende da conversão da testosterona circulante em estradiol pela ação da enzima aromatase. O glifosato demonstrou alterar a atividade da aromatase e decrescer as concentrações de testosterona no soro sanguíneo. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar o efeito da exposição materna ao glifosato, durante a gestação (50 mg/kg, NOAEL –no observable adverse effect level-nível não observável de efeito adverso– para toxicidade reprodutiva) sobre o desenvolvimento reprodutivo da prole masculina. A prole masculina de ratos, com sessenta dias de idade, foi avaliada quanto ao comportamento sexual e preferência de parceiros; as concentrações no soro sanguíneo de testosterona, estradiol, e das gonadotropinas, FSH e LH; a expressão do mRNA e o conteúdo proteico de LH e FSH; a produção de espermatozóides e a morfologia do epitélio seminífero; e peso dos testículos, epidídimo e das vesículas seminais. O crescimento, o peso e a idade dos animais, na puberdade, foram também coletados para avaliar os efeitos do tratamento. As descobertas mais importantes foram as contagens progressivas da preferência dos parceiros sexuais e o período de inatividade quanto à primeira cobertura; concentrações no soro sanguíneo de testosterona e estradiol; a expressão do mRNA e o conteúdo proteico na glândula pituitária e a concentração no soro de LH; produção e reservas de espermatozóides; e a dimensão do epitélio germinal dos túbulos seminíferos. Observamos também uma precocidade do início da puberdade, mas sem efeitos sobre o crescimento destes animais. Estes resultados sugerem que a exposição materna ao glifosato causa distúrbios no processo de masculinização e promove mudanças comportamentais e histológicas além de problemas endócrinos nos parâmetros reprodutivos. Estas alterações estavam associadas com a hipersecreção de androgênios aumentaram a atividade gonadal e a produção de espermatozóides.
(nt.: sugestão de ver o documentário https://nossofuturoroubado.com.br/agricultura/o-mundo-segundo-a-monsanto-um-documentario-que-denuncia-a-gigante-dos-transgenicos)
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, julho de 2012.