Cartaz do minidocumentário Do Quilombo pra Favela, ilustrado por Amanda Nainá e Deco Ribeiro
Em março de 2020, a Cooperativa dos Agricultores Quilombolas do Vale do Ribeira (Cooperquivale) sentiu o baque da pandemia da Covid-19. De forma unilateral, seus contratos para entrega de alimentos para a merenda escolar com prefeituras do Estado de São Paulo, foram suspensos.
Era o início de um período de insegurança e angústia. Sem renda e com a maior crise sanitária do século 21 batendo às suas portas, a cooperativa via ameaçado o sonho de crescimento e valorização da cultura alimentar quilombola.
O minidocumentário “Do Quilombo pra Favela” mostra como, em um período de dois anos, a Cooperquivale recuperou suas forças e conectou suas raízes negras a uma favela da zona oeste de São Paulo, a São Remo, através do alimento e da solidariedade.
Com o apoio do Instituto Socioambiental e parceiros, a cooperativa quilombola elaborou um plano emergencial que, após dois anos, conseguiu levar 330 toneladas de 56 variedades de alimentos para 11 municípios do Estado de São Paulo. A biodiversidade chegou à mesa em frutas, legumes e verduras cultivados com técnicas ancestrais, que mantêm a Mata Atlântica em pé e cada vez mais resistente.
Ao todo, 42 mil pessoas receberam cestas de alimentos orgânicos e agroecológicos, que simbolizam um jeito de viver e produzir que é parte do Sistema Agrícola Tradicional Quilombola, reconhecido em 2018 como patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).