6 de março de 2021
Esta história foi publicada originalmente pelo The Guardian e é reproduzida aqui como parte da colaboração do Climate Desk .
Veja por que isso é um problema para o clima.
As pessoas desperdiçam mais de 1 milhão de toneladas de alimentos por ano, revelou um relatório da ONU . É a avaliação mais abrangente até o momento e os resíduos encontrados foram cerca do dobro da melhor estimativa anterior.
A comida descartada apenas nas casas era em torno de 74 quilos por pessoa a cada ano, em média em todo o mundo, descobriu a ONU. No Reino Unido, que possui alguns dos melhores dados, os resíduos comestíveis representam cerca de oito refeições por família a cada semana.
O relatório da ONU também inclui dados sobre o desperdício de alimentos em restaurantes e lojas, com 17% de todos os alimentos despejados. Alguns alimentos são perdidos nas fazendas e nas cadeias de abastecimento, o que significa que, no geral, um terço dos alimentos nunca é consumido.
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O desperdício prejudica tanto os esforços para ajudar bilhões de pessoas que estão com fome ou não podem pagar uma dieta saudável, como também prejudica o meio ambiente. O desperdício e a perda de alimentos causam cerca de 10% das emissões que geram a emergência climática e a agricultura intensiva é uma das principais causas da crise da biodiversidade e da poluição global.
Se o desperdício de alimentos fosse um país, ele teria a terceira maior emissão, depois dos Estados Unidos e da China.
Mas os pesquisadores disseram que cortar o desperdício de alimentos é uma das maneiras mais fáceis de as pessoas reduzirem seu impacto ambiental. “Ainda assim, esse potencial tem sido lamentavelmente subexplorado”, diz o relatório.
O desperdício de alimentos era considerado um problema que afetava principalmente os países ricos. Mas o relatório da ONU descobriu que os níveis de desperdício foram surpreendentemente semelhantes em todas as nações, embora os dados sejam escassos nos países mais pobres.
Os pesquisadores disseram que ninguém comprava comida com a intenção de jogá-la fora e que pequenas quantidades descartadas a cada dia podem parecer insignificantes. Portanto, aumentar a conscientização das pessoas sobre o desperdício é fundamental, disseram, por exemplo, por meio de coletas separadas de resíduos alimentares pelas autoridades locais.
Ações governamentais e corporativas eram necessárias, mas ações individuais eram importantes, disseram os especialistas, como medir porções de arroz e macarrão, verificar a geladeira antes de fazer compras e aumentar as habilidades culinárias para usar o que estava disponível. O maior tempo disponível para planejar e cozinhar em casas durante os bloqueios por coronavírus no Reino Unido parece ter reduzido o desperdício em 20 por cento.
“Reduzir o desperdício de alimentos cortaria as emissões de gases de efeito estufa, desaceleraria a destruição da natureza por meio da conversão de terras e poluição, aumentaria a disponibilidade de alimentos e, assim, reduziria a fome e economizaria dinheiro em um momento de recessão global”, disse Inger Andersen, chefe do Programa de Meio Ambiente/Unep/UN Environmental Program/ONU, que publicou o relatório. “Empresas, governos e cidadãos em todo o mundo têm que fazer sua parte.”
“Estamos tão acostumados a desperdiçar alimentos que esquecemos seu valor.”
Marcus Gover, chefe da Wrap, uma ONG que ajudou a escrever o relatório, disse: “Estamos tão acostumados a desperdiçar alimentos que esquecemos seu valor e o custo que alimentar nossa crescente população global tem sobre o mundo natural. Goste ou não, nós em nossas casas somos a parte mais significativa do problema.”
O relatório foi produzido para apoiar os esforços globais para cumprir a meta de desenvolvimento sustentável da ONU de reduzir o desperdício de alimentos pela metade até 2030. Ele descobriu que 11 por cento de todos os alimentos vendidos aos consumidores foram desperdiçados em residências em 2019, com restaurantes descartando 5 por cento e lojas de alimentos descartando 2 por cento.
Bons dados sobre resíduos domésticos estavam disponíveis para países que representam 75 por cento da população mundial. O desperdício de alimentos inclui partes comestíveis e não comestíveis, como cascas e ossos. A mistura é de cerca de 50:50 em alguns países de alta renda, mas desconhecida em outros lugares.
“No entanto, mesmo que alguns desses resíduos não possam ser consumidos por humanos, existem maneiras ambientalmente preferíveis de gerenciá-los, [por exemplo], desviando-os para ração animal ou compostagem”, disse Clementine O’Connor da Unep . “O que queremos levar para casa é que precisamos eliminar os resíduos alimentares dos aterros.”
“Não é só a comida que jogamos fora, mas também todos os recursos naturais e financeiros” que a produziram.
“O Reino Unido realmente assumiu um papel de liderança na redução do desperdício de alimentos e é um dos poucos países que alcançou uma grande redução”, acrescentou ela. Entre 2007 e 2018, o desperdício de comida doméstica comestível foi reduzido em quase um terço , de acordo com a Wrap, embora o desperdício geral de comida ainda fosse 19 por cento em novembro de 2020.
Carina Millstone, do grupo de campanha de alimentos Feedback, disse que o relatório da ONU foi seminal e mostrou que a ação do desperdício de alimentos deve ser uma alta prioridade para os governos antes da cúpula do clima Cop26 em novembro: “Como anfitriões, o Reino Unido deve liderar – pode fazê-lo medindo e combatendo o desperdício de alimentos nas fazendas e introduzindo medições obrigatórias de desperdício de alimentos e metas de redução para as empresas ”.
A Wrap iniciou uma semana de ação sobre o desperdício de alimentos no Reino Unido na segunda-feira para aumentar a conscientização sobre o problema e promover mudanças. Nadiya Hussain, a chef e apresentadora de TV, é uma apoiadora. Ela disse: “Desde evitar comprar ou preparar muito para armazenar alimentos corretamente, a semana é para ajudar as pessoas a tirar o máximo proveito de seus alimentos e ajudar a proteger nosso planeta”.
Martina Otto, da Unep, disse: “Se você não tomar medidas quanto ao desperdício de alimentos, é uma perda tripla. Não é apenas a comida que estamos jogando fora, mas também todos os recursos naturais e financeiros que foram usados para produzi-la. Então, vamos ter uma vitória tripla.”
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, março de 2021.
