Agrotóxico danifica cérebros humanos, incluindo crianças.

Veneno E As Corporações

As fusões e incorporações da Bayer/Monsanto, ChemChina/Syngenta e Dow/DuPont criam um controle quase total, por apenas cinco megacorporações, de todo o agrotóxico planetário!

 

https://www.ewg.org/news-and-analysis/2018/03/thanks-scott-pruitt-30-million-pounds-brain-damaging-pesticide-will-be

 

 

(NOTA DO SITE: artigo importante para mostrar como a questão da corrupção transita por todos os países e todos os níveis de poder, e em escalões como este, fundamentais para a sobrevivência de todos os seres do planeta, a começar por nossas crianças!)

 

Scott Pruitt, chefe indicado por Trump, para a Environmental Protection Agency/EPA – agência que trata de toda a questão ambiental nos EUA, incluindo agrotóxicos.
THURSDAY, MARCH 29, 2018

Um ano atrás da data de hoje (One year ago today), o administrador da Environmental Protection Agency/EPA, Scott Pruitt aliou-se com o lobby dos agrotóxicos acima dos cientistas da agência na decisão de última hora, abortando a proposta da própria agência de banir um agrotóxico, chamado ‘clorpirifós’ (nt.: inseticida organofosforado, ou seja, tem tanto cloro como fósforo, os dois elementos chaves das armas químicas que se transformaram em ‘aliados’ do envenenamento dos alimentos) usado em culturas alimentares. Este agrotóxico é um inseticida que pode danificar, mesmo em pequenas doses, o cérebro de crianças e o seu sistema nervoso.

Se Pruitt tivesse apoiado seus próprios cientistas, a proibição do clorpirifós poderia ter entrado em vigor no ano que vem, mas agora a EPA não reavaliará sua segurança até 2022. Com base nos dados do Serviço Geológico dos EUA, o atraso significa cerca de 15 mil toneladas deste  químico que serão pulverizados em terras agrícolas em todo o país, nos próximos cinco anos.

Quanto de clorpirifós foi aspergido em sua região? Procure neste mapa interativo do EWG.

A evidência é esmagadora de que mesmo pequenas doses de clorpirifós podem danificar partes do cérebro que controlam a linguagem, a memória, o comportamento e a emoção. Múltiplos estudos independentes documentaram que a exposição ao clorpirifós prejudica o QI das crianças. As avaliações dos cientistas da EPA sobre esses estudos concluíram que os níveis do agrotóxico atualmente encontrado nos alimentos e na água potável são inseguros (levels of the pesticide currently found on food and in drinking water are unsafe).

Mas o sr. Pruitt ignora tudo isso. Aqui vai alguns eventos nos primeiros meses de 2017:

  • Jan. 17: Dow Chemical, que fabrica o chorpirifós, entra com uma petição (files a petition) junto à EPA, exortando a agência que rejeite o banimento do agrotóxico.
  • Jan. 20: Presidente Trump assume o cargo, comemorando com bailes de abertura para os quais a Dow contribuiu com US $ 1 milhão.
  • Fev. 17: Pruitt is confirmado pelo senado como o administrador da EPA, mesmo com seus conhecidos laços com as indústrias que deverá regular.
  • Mar. 1: De acordo com documentos obtidos do The New York Times, a organização que representa os interesses exclusivos dos produtores, Washington State Farm Bureau, encontra-se com a EPA, pressionando-a para fazer o cancelamento do banimento proposto, sobre o qual a agência deveria decidir até 31 de março. Pruitt diz ao grupo de pressão de que se está sob “um novo dia, um novo futuro” para o relacionamento entre a agricultura química e a EPA.
  • Mar. 9: Pruitt encontra privadamente com o CEO da Dow em um hotel na cidade de Houston/Texas.
  • Mar. 29: Pruitt assina uma ordem cancelando a proposição de banimento do agrotóxico.

Como os próprios cálculos da EPA sugerem, nenês, crianças e mulheres grávidas ingerirão, todos, muito mais clorpirifós do que seria seguro (eat much more chlorpyrifos than is safe).

A EPA estima que uma exposição corriqueira para os nenês é cinco vezes mais alta do que a agência poderia considerar como segura. Para as crianças que estão na fase de andar e um pouco mais velhas, a exposição é de 11 a 15 vezes àquela que se considera segura e para as mulheres grávidas, cinco vezes maiores do que o necessário para proteger o feto em desenvolvimento.

American Academy of Pediatrics exorta de que Pruitt reconsidere sua decisão e realize o pretendido banimento. No entanto, Pruitt nem considera a advertência de 60.000 médicos que atendem a infância.

O clorpirifós agrega um risco extra tanto aos trabalhadores rurais como a seus familiares além das pessoas que vivem perto de suas áreas agrícolas.

Dados originários da Califórnia, o único estado que rastreia o uso de agrotóxicos em detalhes, mostra que só em 2010, mais do que 3.500 quilos de clorpirifós foram aspergidos dentro de 400 metros de escolas no estado. Pouco mais de um mês depois que Pruitt reverteu a proposta de proibição, mais do que 50 trabalhadores rurais (more than 50 California farmworkers) da Califórnia foram expostos ao chorpirifós que flutuava à deriva de uma área próxima, com pelo menos 12 reportando náusea, vômito e desmarios.

De acordo com os dados da U.S. Geological Survey, aproximadamente 3 mil toneladas de chorpirifós foram aplicados nas áreas agrícolas em 2015.

Fonte: U.S. Geological Survey

O uso de clorpirifós é mais pesado em áreas dominadas pela agricultura, incluindo a Califórnia, o nordeste e o meio oeste dos EUA. É aplicado em parreiras; em árvores frutíferas como maçãs, nectarinas, pêssegos, citros e amêndoas; além de milho, trigo e soja.

Pesquisadores do U.S. Department of Agriculture, que testam a produção agrícola quanto a resíduos de agrotóxicos, todos os anos, estimam que quase a metade das maçãs produzidas convencionalmente foram aspergidas com agrotóxicos. Além disso, os norte americanos são expostos ao clorpirifós da produção que é importada.

Mesmo quando a EPA proíbe um agrotóxico, ele não desaparece da caixa de ferramentas química do do dia para a noite. Esta eliminação demora anos. Se Pruitt tivesse implementado esta proibição em 2017, a quantidade de clorpirifós a ser utilizada na agricultura convencional possivelmente começaria a declinar neste ano e continuaria a diminuir nos próximos anos. Em vez disso, veremos, pelo menos, 3 mil toneladas de clorpirifós ser aspergida cada ano até a EPA reavaliar a segurança do veneno, em 2022.

A Dow Chemical e o agronegócio podem celebrar a decisão de Pruitt agora. Mas, todos os norte americanos que  querem comer alimentos livres de venenos que danificam os cérebros das crianças, deveriam ficar indignados com esta celebração.

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, junho de 2018.

 

1 comentário

  1. Impressionante a ação criminosa de colocação de agrotóxicos nos alimentos que nos envenenam….num país com tanta terra em que tudo nasce ,água,climas variados e mão de obra barata!