Em memória de Antônio Cechin.

Em memória de Antônio Cechin, expresso meu agradecimento e meu reconhecimento a esta voz que expressava a concretude do amor ao próximo e ao longínquo, ao semelhante e ao diverso, ao uno e ao múltiplo, ao divino e ao terreno. Administrador do website, Luiz Jacques Saldanha.

 

http://www.ihu.unisinos.br/562412-em-memoria-de-antonio-cechin-querido-amigo-enfim-chegando-a-terra-sem-males

 

Em nota, o  Cimi, 16-11-2016, lamenta e presta homenagem ao marista Antônio Cecchin, um dos criadores das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) no Rio Grande do Sul, falecido na manhã desta quarta-feira (16), em Porto Alegre (RS), aos 89 anos.

Cecchin influenciou diversas gerações de militantes e agentes pastorais no Rio Grande do Sul e teve papel importante na criação da Romaria da Terra, da Romaria das Águas, além de idealizar a missa em honra ao líder Guarani São Sepé Tiaraju. Chegou a ser perseguido pela ditadura militar, preso e torturado.


Fonte: Cimi.

Cecchin foi, ainda, assessor do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), enquanto esse estava ligado às Comunidades Eclesiais de Base. Com base em sua experiência em movimentos sociais, escreveu o livro “Empoderamento Popular: uma pedagogia de libertação”, publicado em 2010 pela editora Estef. Mais recentemente, vinha atuando como Agente de Pastoral em diversas periferias da região metropolitana de Porto Alegre junto a comunidades de catadores e recicladores.

Nos últimos dez anos, o irmão Cecchin atuou de forma decisiva para a realização do evento Sepé Tiaraju, já tradicional encontro dos Guarani Mbya, no qual este povo – junto de outras populações Guarani do Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai, e também dos Kaingang – se reúne anualmente no mesmo local onde Sepé foi morto numa emboscada, há 260 anos, no município de São Gabriel (RS). Além disso, foi um impulsionador das bicicletadas, na qual percorre-se anualmente, no interior do Rio Grande do Sul, os caminhos que Sepé Tiaraju fazia no século XVIII, denominados hoje de “caminhos de São Sepé”.

O irmão marista sempre acompanhou de perto a atuação do Cimi e a realidade dos povos indígenas no Sul do país. A primeira Romaria da Terra organizada por ele, ainda na década de 1970, teve como tema a situação dos povos indígenas no Brasil e sua luta por suas terras tradicionais.

Leia, abaixo, homenagem do Cimi ao irmão Antônio Cecchin.

Querido amigo, enfim chegando na Terra Sem Males!

Irmão Antônio,
Profeta dos catadores e carroceiros
Profeta da ecologia, das CEBS, dos Sem Terra
Apaixonado pelas causas dos excluídos
Seguiu para a morada celestial!

Lá confraternizará, com lutadores e lutadoras, a vida doada
Será acariciado e acolhido com o carinho eterno
Estará com outros profetas
Que, assim como você, deram testemunhos de vida
Ofertadas exclusivamente às lutas por justiça e dignidade.

Lá estará com os torturados, os exilados, os perseguidos, os desaparecidos
Reencontrará os mártires da caminhada
As mulheres e homens das CEB’s, os catadores, ecologistas
Os indígenas, quilombolas, camponêses, sem teto
Lá estará com Sepé Tiaraju líder, santo e guia na busca da terra sem males.

Lá será um SER DE LUZ, um ENCANTADO
A interceder pelos que aqui permanecem
Lutando contra a intolerância, o preconceito, a discriminação
Contra a criminalização, a exploração e a exclusão
Combatendo a devastação, a contaminação, a concentração dos bens da terra.

Permaneceremos pelos caminhos que ajudou a construir
Por uma sociedade plena de justiça e solidariedade
Respeitosa nas diferenças e igualitária em direitos
Por um outro mundo possível
Pelo BEM VIVER.

ATÉ O REENCONTRO, querido Amigo!

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