Testosterona, Riscos e sua Terapia

Testosterona, riscos e sua terapia. Quais caminhos vão além da terapia de reposição hormonal.
Terapia de Testosterona

Resumo da História

  • Sete ensaios clínicos revelaram que a terapia com testosterona proporcionou tanto benefícios como riscos, em homens de idade avançada. Enquanto aumenta a densidade óssea e reduz a incidência de anemia, também poderia aumentar o risco de eventos cardiovasculares;
  • Limitar o consumo de açúcar e fomentar os níveis de gorduras saudáveis, realizar exercícios de alta intensidade e treinamento de força bem como otimizar os níveis de vitamina D e diminuir os níveis de estresse, são estratégias úteis que demonstraram aumentar os níveis de testosterona de forma natural;
  • Ter relações sexuais, evitar os medicamentos que diminuem os níveis de testosterona como efeito secundário, realizar um jejum intermitente, consumir alimentos que fomentem a produção de testosterona e tomar certos suplementos fitoterápicos também são estratégias que poderiam incrementar, de forma segura, os níveis de testosterona.

 

 

http://fitness.mercola.com/sites/fitness/archive/2017/03/17/avoid-testosterone-therapy-risks.aspx

 

 

 

By Dr. Mercola

A testosterona desempenha papeis muito importantes na saúde dos homens. Paralelamente afetando seu desempenho sexual, ela também auxilia a manutenção da massa muscular, densidade óssea, os glóbulos vermelhos do sangue e uma sensação geral de vitalidade e bem estar.

Principiando ao redor dos 30 anos, os níveis de testosterona masculina começam a declinar e permanecem assim pelo decorrer dos tempos — a menos que direcione as vidas proativamente. Nos sintomas comuns do declínio dos níveis de testosterona estão:

  • Decréscimo do desejo sexual;
  • Disfunção eréctil e/ou problemas para urinar;
  • Depressão;
  • Dificuldades com a concentração e a memória;
  • Ganho de peso e aumento das mamas.

Mudanças no estilo de vida tais como limitação de açúcar/frutose na dieta (limiting sugar/fructose in your diet) enquanto reforça a ingestão de gorduras saudáveis, aderindo a exercícios de alta intensidade (high-intensity exercises) e exercícios com pesos (strength training), otimizando os níveis de vitamina D (optimizing your vitamin D levels) e reduzindo o estresse, são todas estratégias auxiliares que demonstram o incremento natural dos níveis de testosterona. Mas e o tratamento de testosterona?

Cuidado com as Promessas das Propagandas das Drogas de Testosterona

A terapia de reposição hormonal (hormone replacement therapy) é um negócio questionável devido à complexidade de como diferentes hormônios agem entre si, o modo de administrar, o momento exato, a dose e muitas outras variáveis. É praticamente impossível fazer-se recomendações responsáveis que sejam aplicáveis à maioria das pessoas.

Quando se trata de hormônios, precisamos realmente trabalhar com um médico que seja competente e que seja bem apropriado do tema e mantenha-se atualizado nos últimos avanços tanto nos exames clínicos como nos tratamentos.

Infelizmente, a propaganda de drogas direta ao consumidor, que é permitida nos EUA, leva muitos homens a usarem testosterona, mesmo que não sejam bons candidatos para ela. Perda de energia e de desejo sexual não significam automaticamente que se está com deficiência de testosterona, garantindo a necessidade de sua ingestão.

Pesquisa anterior 1 detectou variações significativas individuais na quantidade de testosterona requerida por quaisquer homens para manterem massa corpórea magra bem como força e função sexual.

Outros hormônios, mesmo o hormônio sexual feminino, o estrogênio (mesmo em muito baixa concentração), da mesma forma atuam em papéis críticos na saúde dos homens. Assim, o foco específico sobre a reposição de testosterona pode tanto ser inapropriada — como ter riscos desnecessários.

Benefícios e Riscos da Terapia de Testosterona

Mais recentemente, um conjunto de sete experimentos clínicos interconectados, financiado com recursos federais 2,3,4,5,6,7,8 , envolvendo 790 homens acima de 65 anos, revelou tanto benefícios como riscos no tratamento de testosterona (testosterone treatment).9,10,11,12,13,14,15

Em homens mais velhos com baixos níveis de testosterona, tratamento de curto prazo (1 ano) detectou o incremento da densidade óssea e da força 16 (especialmente na coluna vertebral) e redução da anemia.17 No que se refere ao conhecimento, nenhum avanço significativo foi observado na memória dos homens ou nas habilidades para resolverem problemas.18

No lado negativo, um ano de tratamento com testosterona também aumentou o risco de eventos cardiovasculares em homens com 65 anos ou mais que apresentavam nível sérico de testosterona abaixo de 275 nanogramas por decilitro (ng/dL) além de sintomas de hipogonadismo.19,20,21

Comparado ao grupo do placebo, aqueles que receberam testosterona tiveram um maior aumento na placa da artéria coronária — um incremento de 20%, comparado ao  crescimento de 1% no grupo do placebo, o que é uma diferença bastante significativa.

No entanto, uma pesquisa separada do Southern California Permanente Medical Group em Pasadena detectou que homens com deficiência de androgênios, de 40 anos ou mais, e níveis baixo de testosterona matinal, menos do que 300 ng/dL, a terapia de testosterona não foi associada com o aumento de riscos cardiovasculares.22

De fato, o acompanhamento por três anos sugere resultados de risco cardiovascular foi 33% mais baixos naqueles que receberam testosterona do que o grupo do placebo. No entanto, este estudo não foi um ensaio controlado com placebo.

Examinou-se registros médicos de 8.800 homens a quem foram prescritas terapias de testosterona, para identificar casos de ataques cardíacos, angina instável, acidente vascular cerebral ou morte súbita cardíaca durante um período de três anos.

Ainda Não Há Regras Rígidas e Rápidas sobre a Terapia de Testosterona

Como observado por Susan Ellenberg, professora de bioestatística no Perelman School of Medicine na Universidade da Pennsylvania, é co-autora de quatro estudos. 23 “Existem definitivamente benefícios e riscos potenciais. Não é uma conclusão esmagadora de que cada homem com mais de 65 anos deve estar envolvido com a terapia ou ficar longe dela.”

De fato, três experimentos com testosterona, publicado no último ano, produziu uma leva semelhante de resultados misturados.24 Enquanto homens acima de 64 anos com níveis de testosterona experimentaram melhoras modestas na libido quando usaram testosterona na forma de gel, o tratamento não teve impacto benéfico sobre a vitalidade em geral ou a habilidade de andar.

O mesmo tipo de resultados misturados foram detectados em outros estudos anteriores. Por exemplo, ao se utilizar os dados de 83.000 veteranos da guerra do Vietnam dos EUA, foram detectados de que homens com baixos níveis de testosterona que usaram o hormônio em gel, emplastros ou injeções tinham risco reduzido de ataques de coração, derrames e outros tipos de mortalidade, comparando com homens não tratados.25

Enquanto isso, uma pesquisa 26 publicada dois anos antes, detectou que homens com 65 anos e mais que ingeriram testosterona DOBRARAM seus riscos de ataque do coração (heart attack) nos primeiros três meses de uso, mesmo se eles não tivessem tido ataques de coração antes de começarem a terapia. O resultado foi similar em homens mais jovens diagnosticados com doença do cardíaca.

Outra pesquisa de 2013 27 detectou que a terapia de reposição de testosterona pareceu não ter nenhum efeito positivo sobre a saúde cardiovascular de homens que a fizeram, observando que “o perfil risco/benefício cardiovascular da terapia da testosterona permanece em grande parte evasivo.”

Curiosamente, a análise sugeriu que baixa testosterona e doença cardíaca podem ambas serem causadas por “pobre estado de saúde em geral”. 28

Concordo que esta é uma das razões do porquê eu recomendo focar os esforços sobre uma dieta saudável bem como o estilo de vida mais do que a reposição hormonal, já que a relação risco/benefício da terapia de reposição permanece obscura, especialmente as de longo prazo.

De acordo com a Endocrine Society, que é responsável pelo lançamento do catálogo clínico para a terapia de reposição de testosterona, ela poderá ser receitada somente a homens com sintomas persistentes e “níveis inequivocadamente baixos de testosterona”, uma condição conhecida como hipogonadismo.

Conforme um estudo de 2012 29 observando a sensibilidade e a especificidade da testosterona total como um indicador do hipogonadismo bioquímico, o nível total abaixo de 150 ng/dL é indicativo de hipogonadismo, enquanto níveis acima de 350 ng/dL passam a excluir esta condição na maioria dos casos.

9 Ações sobre o Corpo para Otimizarem os Níveis de Testosterona, Naturalmente

 

 

Embora o nível de testosterona dos homem decline com a idade, começando em torno dos 30 anos, existem muitos fatores junto com o envelhecimento que também atuam. Pense nas gerações passadas, quando os homens eram ativos e saudáveis até a idade provecta. Certamente, é possível envelhecer sem perder “o vigor extra”.

 

 

Assim, a não ser que já esteja atuando com um especialista em hormônios, a melhor aposta é simplesmente direcionar a fatores conhecidos de estilo de vida que influenciam os níveis de testosterona. O vídeo acima descreve nove estratégias auxiliares, incluindo:

Perda de peso. Gordura visceral (gordura interna na barriga) é conhecida por suprimira produção de testosterona  30  Exercícios de alta    intensidade Treinamento com peso
Limitar ou eliminar o açúcar da dieta, os picos de insulina sabotam a produção de testosterona.

Ter boa sensibilidade para a insulina tem uma correlação positiva com as concentrações saudáveis de testosterona 31

Otimizar os níveis de vitamina D. Para produzir testosterona, o corpo requer muitos nutrientes diferentes.

Entre eles muito seguidamente há deficiência de vitamina D3 e zinco

Reduzir o estresse (stress). Quando crônico e não direcionado, pode resultar em hipercortisolismo, o que inibe a produção de testosterona 32
Aumentar a ingestão de zinco e magnésio.

Zinco (zinc) é um dos nutrientes requidos para a produção de testosterona, e o magnésio (magnesium) também tem demonstrado melhorar os níveis de hormônio sexual, incluindo a testosterona e o hormônio de crescimento humano

Comer gorduras saudáveis, e não evitar alimentos ricos em colesterol já que o corpo não pode produzir testosterona sem o colesterol.

Pesquisa mostrou uma dieta com menos do que 40% de energia da gordura (principalmente de fontes animais, i.e. saturada) levou a um decréscimo nos níveis de testosterona 33

Aumentar a ingestão de amino ácidos de cadeia ramificada. Será melhor se acompanhada com alimento integral como proteína concentrada de soro de leite (não isolar)

Sexo, Drogas e Alimento — Outras Considerações Que Afetam a Produção de Testosterona

Além disso, enquanto a baixa libido e a disfunção eréctil são sintomas de baixa testosterona, sabe-se que ter relações sexuais em si mesmas incrementam o nível de testosterona (boost your testosterone level). 34,35  De fato, estudo concluiu que o ato sexual é provavelmente o que aumenta a testosterona nos homens e não o contrário. Significando que elevações na testosterona não são o que lhe coloca no bom ou mau humor. Em vez disso, “praticando-o” é que o leva a um movimento cíclico de retroalimentação positiva, resultado em um aumento na libido.

Também evite drogas que baixem a testosterona como efeito colateral. As estatinas (statins), por exemplo, estão associadas com vários sintomas comumente atribuídos à deficiência de testosterona, incluindo a perda cognitiva e a disfunção sexual. As estatinas também anulam muitos dos benefícios dos exercícios.

Assim se alguém está tomando estatina e se exercita aumenta a testosterona, mas os resultados podem ser menos satisfatórios. Esteroides e analgésicos opioides também baixam a testosterona.

Como mencionado, o organismo requer numerosos nutrientes diferentes para produzir eficazmente testosterona, incluindo a vitamina D e o zinco. Para fornecer ao organismo os blocos de construção necessários, adicionar mais dos seguintes alimentos na dieta:

 

Romã (pomegranate). Uma xícara de suco de romã por dia aumenta os níveis de testosterona entre 16 e 30% conforme uma pesquisa 36 Azeite de oliva extra virgem autêntico (authentic extra virgin olive oil). Numa pesquisa, os participantes que consumiram azeite de oliva, diariamente, experimentaram um aumento nos níveis de testosterona entre 17 e 19%, durante o período de três semanas 37
Alimentos ricos em zinco (zinc-rich foods) tais como ostras, sardinhas, anchovas, caju, salmão selvagem do Alasca e sementes cruas de abóbora Coco ou gordura de coco (coconut and coconut oil) melhorará a habilidade corporal de fazer colesterol, que é necessário para a produção de testosterona
Vegetais crucíferos-couve-flor, espinafre, brócolis (broccoli), nabo, rúcula, agrião, mostarda rabanete e couve de Bruxelas  (cruciferous vegetables) auxiliam os corpos dos homens a excretarem o excesso de estrogênio, aumentando assim a testosterona disponível 38 Alho (garlic). Embora não contenha nenhum nutriente necessário para a produção de testosterona, ele contém alicina, princípio ativo que baixa o cortisol (nt.: hormônio envolvido com o estresse)

Com níveis mais baixos de cortisol, o corpo pode usar, efetiva e eficazmente, a testosterona que produz 39

 

Outra estratégia efetiva para aumentar a testosterona é o jejum intermitente (intermittent fasting). Auxilia a incrementar a testosterona pela melhora da expressão de hormônios de saciedade como insulina, leptina, adiponectina, o peptídeo tipo glucagon 1 (GLP-1), a colecistoquinina (CCK) e as melanocortinas, que estão conectados à função saudável da testosterona, aumentando a libido e a prevenção ao declínio de testosterona induzido pela idade.

Suplementos Auxiliares

Existem também suplementos nutricionais que podem dirigir alguns dos sintomas comumente associados com baixa testosterona. Alguns podem auxiliar a aumentar os níveis de testosterona também. São eles:

    • Saw palmetto. Juntamente dirigido a sintomas de baixa testosterona, esta planta pode também auxiliar na verdade a aumentar os níveis de testosterona pela inibição de sua conversão em dihidrotestosterona/DHT. 40  Quando escolher este suplemento, tenha certo ser extrato orgânico CO2 supercrítico de saw palmetto, que é verde escuro. Sendo o saw palmetto um suplemento lipossolúvel, ingeri-lo com ovos aumentará a absorção de seus nutrientes.
    • Astaxantina em combinação com saw palmetto. Também há pesquisas bem sólidas indicando que se for ingerida a astaxantina (nt.: carotenoide que dá a cor vermelha ao salmão e trutas selvagens) em combinação com saw palmetto, pode ocorrer significativos benefícios sinérgicos. Uma pesquisa de 2009 41 detectou que uma ótima dose de saw palmetto e astaxantina decresce o estrogênio enquanto simultaneamente aumenta a testosterona.
    • Ashwagandha (nt.: ou withania). Planta ancestral da Índia é conhecida como adaptogênica (nt.: substâncias naturais ou artificiais que melhoram a superação de situações estressantes), que auxilia o estímulo da resistência, do vigor e da energia sexual. Pesquisa publicada em 2010 42 detectou de que os homens que ingeriam a Ashwagandha experimentavam um aumento significativo nos níveis de testosterona.

Ashwagandha também auxilia a promover, em geral, a função imunológica e pode auxiliar o aumento da resistência ao estresse ocasional. 43  Enquanto alguns adaptogênicos são estimulantes no disfarce, este não é o caso com a Ashwagandha. Pode gerar mais estímulo ao exercício rotineiro da manhã, bem como se ingerido antes de dormir, favorecer uma boa noite de sono também. Recomendo o uso somente de 100% de raízes orgânicas, livres de enchimentos, aditivos e excipientes, para assegurar sua qualidade.

DHEA É Outra Rota Alternativa, Mas Mudanças no Estilo de Vida Tem Mais Segurança

A mensagem de todos esses estudos é que o uso de testosterona, se estiver saudável, poderia prejudicar a saúde praticamente sem ganho. E, se estiver usando um gel tópico ou creme, também estará comprometendo a saúde de qualquer pessoa da família que tiver contato pele a pele.

As mulheres e as crianças pequenas podem absorvê-lo através do contato da pele e nenhum deve usar testosterona. Pessoalmente, tenho elevado, com sucesso, meus níveis de hormônio, na faixa de jovem homem adulto saudável, usando os protocolos descritos acima.

No entanto, se a escolha for o emprego de hormônios, é realmente crucial usar a versão bioidêntica. Recomendo hormônios bioidênticos (bioidentical hormones) como DHEA/desidroepiandrosterona se esta for a forma de opção. A DHEA é um hormônio secretado pelas glândulas adrenais e é um dos hormônios precursores mais abundantes em nosso organismo.

É crucial para a criação dos hormônios sexuais, incluindo a testosterona. No entanto, é importante monitorar os níveis e trabalhar com um profissional experiente antes de usar a DHEA (ou quaisquer outros hormônios, bioidêntico ou não.)

As vias de administração preferidas para os níveis normais mais próximos são as aplicações trans-mucosas (intra-retal ou intravaginal). Provavelmente serão necessários alguns miligramas por dia, e não os 50 a 100 mg ou mais que é normalmente usado. Ter em mente, no entanto, que ainda há questões sobre segurança a longo prazo e ainda o potencial de efeitos colaterais. 44

Recomendo também a aplicação trans-mucosa (retal), pois permite a absorção mais eficaz e inibe a produção de metabólitos indesejados de DHEA.

Tendo dito tudo isso, não recomendo suplementação prolongada de DHEA e outros hormônios, mesmo os bioidênticos preferidos. Fazê-lo pode enganar seu corpo em parar a sua própria produção de DHEA e poderia potencialmente prejudicar sua função adrenal. Também é melhor monitorar regularmente os níveis hormonais se este for o caminho. O exame que me parece o mais adequado é o DUTCH test já que venho discutindo seus efeitos, em profundidade, com Mark Newman, o criador deste teste.

Em última análise, a melhor aposta ainda é focar na dieta e incorporar os exercícios de alta intensidade e treinamento de força na vida rotineira. Certos alimentos, suplementos nutricionais e plantas podem aumentar ainda mais os resultados pretendidos, tornando o tratamento hormonal completamente desnecessário.

Fontes e Referências

 

 

 

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, março de 2017.