https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15371226/
https://tratamentodeagua.com.br/artigo/benomil-e-carbendazim-em-aguas/
Desregulação endócrina na toxicidade reprodutiva e de desenvolvimento induzida por carbendazim em ratos
[NOTA DO WEBSITE: abaixo vão quatro notícias para se ver como a proibição de um agrotóxico é visto por três enfoques. O primeiro é na mídia convencional onde um assessor do agronegócio clama pela proibição. O segundo é de um professor que traz sua visão, imagina-se como tal e como consumidor, sobre este veneno. E o terceiro é de uma publicação científica de 2004, onde mostra o que esse agrotóxico causa em animais, aqui de laboratório, e sendo os humanos animais também, pode-se imaginar que os mesmos efeitos poderão estar grassando por aí. E o quarto é um estudo científico de 2018 mostrando esse veneno nas águas que bebemos. Mas que veneno é esse? É um produto que atua sistemicamente, querendo dizer que ele estará dentro das células das plantas que serão pulverizadas e, nem se sabe, o quanto poderão permanecer até chegar à mesa em nossas refeições. Limpar os alimentos por fora, como irresponsavelmente algumas programas, até de televisão, propagam, é um crime porque não se conseguirá eliminá-lo. O interesse de nosso website é dar ao leitor a oportunidade de fazer uma análise de discurso das matérias e da amplitude que os quatro meios de divulgação terão junto a toda a população brasileira. Cínico e irônico, não é? Assim, poderá compreender porque estamos tratando a atividade agrícola chamada de ‘agronegócio’, mais por AGRONECRÓCIO, ou seja, algo como a ‘morte no campo’ e não ‘negócio no campo’ e muito menos de ‘cultura no campo=agricultura’. Almejamos que com isso possa aprimorar seu senso crítico sobre a realidade que estamos sendo obrigados a viver nesse momento no Brasil. Para conhecimento: os produtos BENOMIL e CARBENDAZIM são da mesma ‘família’].
PRIMEIRA NOTÍCIA : do GLOBO RURAL.
Mais de 30 entidades se unem contra a suspensão do carbendazim
Produto é um dos 20 mais usados no país no combate a fungos que atacam as lavouras
06/07/2022
Mais de 30 organizações ligadas à produção agrícola no Brasil se uniram na tentativa de reverter uma decisão tomada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última semana. Essas entidades buscam derrubar a suspensão imposta contra o carbendazim, um dos 20 defensivos mais utilizados no país para combater a propagação de fungos que atacam — e destroem — as lavouras.
Para Glauber Silveira, que é presidente da Câmara Setorial da Soja e comentarista do Canal Rural, a decisão da Anvisa sobre o carbendazim mostra que, infelizmente, o produtor rural brasileiro só tem levado “chumbo”. Ele lembrou que a autoridade sanitária determinou a retirada imediata do produto do mercado, apesar de, tecnicamente, ele estar em fase de reavaliação.
“Isso é um absurdo”, enfatizou Silveira, que, ao participar da edição desta quarta-feira (6) do telejornal Mercado & Companhia, detalhou qual é, de fato, a solicitação do setor. “O que as entidades pedem é que ele [o produto] possa ser utilizado enquanto está sendo reavaliado porque, muitas vezes, na reavaliação [final] acaba sendo liberado para seguir no mercado”, pontuou.
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SEGUNDA NOTÍCIA : no Blog do Pedlowski
21/06/2022
Anvisa suspende agrotóxico cancerígeno, o Carbendazim, mas avalia dar tempo para uso de estoques
Uma matéria escrita pelo jornalista Eduardo Militão e publicada pelo site UOL nos dá conta que “o pau quebrou” na 8a. reunião extraordinária da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aparentemente por desacordos em relação ao que fazer com relação ao agrotóxico Carbenzadim.
É que premidos pelas evidências de que o Carbendazim , banido nos EUA e na União Europeia por ser por suspeita de causar câncer e malformação de fetos, não restou aos diretores da Anvisa suspender provisoriamente a autorização para importação, aprodução, comercialização, distribuição e uso deste agrotóxico no Brasil.
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O interessante é que já em 2012, os EUA suspenderam a importação de laranjas produzidas no Brasil por conterem o Carbendazim, após a Coca Cola encontrar níveis elevados deste agrotóxicos em suas análises preventivas, já que o produto brasileiro era utilizado na produção de sucos. No entanto, apenas uma década depois, os brasileiros talvez não tenham mais que se preocupar com o fato de terem seu suco de laranja “batizado” com Carbendazim.
De toda forma, premidos pela pressão do justiça, os diretores da Anvisa deram o primeiro passo para nos livrar do Carbendazim. E essa é uma boa notícia, entre tantas ruins.
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TERCEIRA NOTÍCIA : no NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE/PUB-MED.GOV
08/10/2004
Atividade de desregulação endócrina na toxicidade reprodutiva e de desenvolvimento induzida por carbendazim em ratos
Shui Yuan Lu 1, Jiunn-Wang Liao , Min Liang Kuo , Shun-Cheng Wang , Jenn-Sheng Hwang , Tzuu-Huei Ueng
1Instituto de Toxicologia, Faculdade de Medicina, Universidade Nacional de Taiwan, Taichung, Taiwan, República da China.
RESUMO
Este estudo foi desenhado para investigar a atividade de desregulação endócrina da toxicidade reprodutiva e de desenvolvimento induzida por carbendazim em ratos Sprague-Dawley tratados por via oral com o fungicida. O co-tratamento de ratos machos com 675 mg/kg de carbendazim e 50 ou 100 mg/kg de flutamida, um antagonista do receptor de andrógeno, uma vez ao dia por 28 dias bloqueou a redução do peso do testículo induzida pelo tratamento com carbendazim isolado. O cotratamento evitou perdas de espermatozoides e morfologia celular e diminuição da concentração espermática induzida pelo carbendazim. O tratamento prematuro de ratos machos e fêmeas com 200 mg/kg de carbendazim por 28 dias produziu efeitos androgênicos, incluindo desenvolvimento incompleto do corno uterino, aumento da ureta, ausência de vagina e indução de vesículas seminais na prole feminina, sem efeitos marcantes na prole masculina. O tratamento pré-acasalamento com 100mg/kg de benomil, o composto original do carbendazim, resultou em desenvolvimento incompleto do corno uterino e ausência de vagina na prole feminina e produziu atropia de testículo e epidídimo na prole masculina. O tratamento de ratos machos com 25, 50, 100, 200, 400 e 800 mg/kg de carbendazim por 56 dias produziu aumentos dose-dependentes das concentrações de receptores androgênicos no testículo e epidídimo. Adições de 5, 50 e 500 microM de carbendazim ao extrato de testículo de ratos não tratados substituíram a ligação de [3H]-5 alfa-diidrotestosterona ao receptor de andrógeno de uma maneira dependente da concentração. O presente estudo demonstra que a toxicidade reprodutiva induzida pelo carbendazim é bloqueada por um antagonista do receptor androgênico em ratos machos e a toxicidade de desenvolvimento do fungicida mostra propriedades androgênicas na prole feminina.
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QUARTA NOTÍCIA : no PORTAL TRATAMENTO DE ÁGUA/SCIENTECH AMBIENTAL
24/01/2018
Benomil e carbendazim em águas brasileiras: estado da arte
Andressa Rezende Pereira; Joane Mariela Miari Corrêa e Sérgio Francisco de Aquino.
Resumo
O aumento da demanda de alimentos e matérias-primas fez com que novas técnicas agrícolas fossem empregadas a fim de melhorar a produtividade das lavouras. O uso de defensivos agrícolas, também chamados de pesticidas, se tornou uma das técnicas mais comuns, porém estes podem ser carreados para diferentes matrizes ambientais após a aplicação nas culturas, atingindo corpos hídricos superficiais e subterrâneos, muitas vezes utilizados como mananciais de abastecimento público. As tecnologias empregadas nas estações de tratamento de água não são suficientes para remover estes compostos de forma a atender o padrão de potabilidade estabelecido pela Portaria nº2914/2011, sendo necessária a utilização de processos mais eficientes. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é levantar o estado da arte a respeito dos pesticidas Benomil e Carbendazim com relação à toxicidade, dinâmica ambiental, ocorrência em corpos d’água e remoção em técnicas de tratamento de água. Para isso, foram feitas buscas em bancos de dados de artigos, dissertações e teses, a fim de se obter estes dados. Verificou-se que, com relação a toxicidade, os dois compostos podem causar alterações no sistema reprodutivo e no desenvolvimento humano. Já com relação à dinâmica ambiental destes pesticidas, foi possível observar que estes apresentam tendência à volatilização, considerando que compostos com relação KH’/Kow maior que 10-9 são propensos a este processo. No monitoramento dos compostos em amostras de água superficial e subterrânea, observou-se a presença apenas do Carbendazim, já que o Benomil se degrada rapidamente no mesmo. Todas as amostras de águas brasileiras atenderam o padrão de potabilidade (120 µg.L-1). Por fim, das técnicas empregadas para a remoção destes compostos, apenas a adsorção em carvão ativado e a fotólise garantiram a eficiência de remoção dos compostos (99 e 95%, respectivamente), utilizando tempos de contato aplicáveis em ETAs. Não foram encontrados dados sobre remoção dos pesticidas em ETAs de ciclo completo, indicando a necessidade de mais estudos sobre estas técnicas.