Seveso lembra catástrofe 25 anos depois

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10. julho 2001

SWI swissinfo.ch – sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

O primeiro grande acidente ecológico industrial ocorreu em 10 de julho de 1976, no norte da Itália. O vazamento de produtos químicos de uma fábrica da Roche não matou ninguém mas a saúde da população continua afetada até hoje.

O acidente de Seveso criou o que o ecologista suíço René Longet chama de “pedagogia da catástrofe”. Segundo ele, “mudou a visão da opinião pública a respeito da indústria química, passando a considerá-la como potencialmente perigosa”.

Seveso não foi tão grave quanto as catástrofes que ocorreram depois em Bopal, na Índia (1984) e Tchernobyl, na Ucrânia (l986). No entanto, a partir de Seveso, os países industrializados adotaram leis e formas de controle mais severas para a indústria química.

736 pessoas foram evacuadas e 193 tiveram de seguir tratamento médico em Seveso, pequena cidade do norte da Itália, perto de Milão e da fronteira suíça. A fábrica foi fechada dois dias depois do acidente e a multinacional suíça Roche pagou 240 milhões de dólares de indenização às vítimas.

“O acidente não causou mortes mas ainda tem conseqüências sobre a população”, lembra o médico Paolo Mocarelli, da Universidade de Milão, que estuda a questão há 25 anos.

Ele constata que o número de tumores e de diabéticos é maior que a média e que o número de nascimento de meninos é bem menor que o de meninas. A média européia é de 105 meninos para 100 meninas. Em Seveso, a média é de 60 meninos para 100 meninas, fenômeno ainda não totalmente explicado. (nota do website: destaque importantíssimo já confirmado pelo documentário da tevê canadense, CBC, de 2008, ‘Disappearing male‘, onde é demonstrado que populações próximas a polos petroquímicos estão indicando uma possível extinções dos machos nos próximos tempos!)

Nos 42 hectares da área contaminada, hoje existe uma reserva natural com 5 mil espécies de árvores e pássaros. No meio do parque, inaugurado 5 anos atrás, há uma espécie de colina, onde a grama cobre um tanque de cimento com 200 mil metros cúbicos de terra e dejetos industriais contaminados pela .

Outra conseqüência do acidente de Seveso é a Convenção de Basiléia sobre o lixo tóxico, em vigor desde 1992. Os países signatários se comprometem a reduzir a produção de dejetos industriais e são obrigados a eliminá-los. A exportação só é autorizada se o país produtor não puder eliminar o lixo sem poluir e com autorização do país importador.

[NOTA DO WEBSITE: toda a área contaminada foi coberta com camadas de isolantes e asfalto e transformada num parque. Mas as informações na queda no nascimento de meninos na relação com as meninas mostra que mesmo com essa aparente serenidade ambiental, a contaminação com a dioxina, pode permanecer por quantas décadas ou séculos? Ninguém ainda sabe.]

swissinfo com agências