Será benéfico comer terra?

Síndrome de natureza se cura com o pé e a mão na terra!

 

https://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2018/02/26/is-it-beneficial-to-eat-soil.aspx

 

 

Resumo da história

  • Depois de estudar 2.000 de amostras de solo, pesquisadores de duas proeminentes universidades dos EUA descobriram nova classe potencial de antibióticos alcunhadas de “malacidinas”, que podem ser um dia usadas para tratamento de infecções resistentes a medicamentos;
  • Em testes de laboratório envolvendo ratos infectados com Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA), o novo antibiótico foi capaz de esterilizar, com sucesso, os cortes na pele enquanto as bactérias MRSA mostram nulos os sinais de resistência;  
  • Contato regular com solo saudável, particularmente através da jardinagem e consumindo produtos contendo vestígios de sujeira, é uma ótima maneira de ajudar a fortalecer o sistema imunológico, introduzindo micróbios do solo potencialmente saudáveis ao corpo;
  • Pode-se auxiliar no combate à resistência a antibióticos ao se tomá-los somente quando necessários para se tratar infecções bacterianas (não virais), como se recusando produtos animais convencionais, consumindo alimentos prebióticos (nt.: produtos que são alimento para a flora) e fermentados, bem como probióticos ou esporobióticos (nt.: produtos onde os microrganismos estão presentes), especialmente quando se estiver em tratamento com antibióticos.

By Dr. Mercola

As taxas de doenças infecciosas que não respondem mais a antibióticos usados para tratá-las, continuam a disparar. Abunda tanto a resistência a medicamentos como o surgimento de super organismos. Numa linguagem mais simples, esta resistência ocorre quando bactérias, fungos, parasitas ou vírus causadores de infecções, evoluem e se tornam imunes a eles antes usados para os destruir.

Os dados oriundos dos U.S. Centers for Disease Control and Prevention (CDC)1 sugerem que em torno de 2 milhões de norte americanos são diagnosticados anualmente com infecções conhecidas como não responsivas a antibióticos, resultando na morte de 23.000 pessoas. Na Europa, 25.000 pessoas morrem a cada ano de infecções pela resistência a medicamentos.2 Em todo o mundo, pelo menos 700.000 morrem a cada ano pela resistência a medicamentos associada a enfermidades como infecção bacteriana, HIV, AIDS, malária e tuberculose.3

Agora, um estudo publicado na Nature Microbiology4 ressalta uma descoberta esperançosa na batalha contra os super organismos: depois de analisar 2.000 amostras de solo, os pesquisadores de duas universidades proeminentes dos EUA descobriram uma nova classe potencial de antibióticos. Surpreendentemente foram encontradas na ‘sujeira’. Suas descobertas não só ressaltam o potencial como controlador de mais de um tipo de bactérias, como gerou a questão: será benéfico ingerir solo?

Cientistas Descobrem Nova Classe Potencial de Antibióticos na Vida do Solo

No processo de descoberta do potencial de nova classe de antibióticos, os pesquisadores das Universidades de Rochefeller de New York e de Rutgers sediada em New Jersey, foram capazes de extrair, clonar e sequenciar o DNA de amostras de solo.5 Seus objetivos eram identificar genes capazes de produzir moléculas com potencial antibiótico. Depois de realizarem sistematicamente suas buscas através de centenas de amostras de solo, descobrem uma nova classe de antibióticos chamada de malacidinas.

Parece, dizem os pesquisadores, que elas teriam capacidade de atacar e matar vários tipos de super organismos, incluindo o mortífero Staphylococcus aureus resistente à meticilina (methicillin-resistant Staphylococcus aureus/MRSA). Em testes envolvendo ratos infectados com o MRSA, as malacidinas foram capazes de esterilizar com sucesso cortes em seus couros.

Destacadamente, depois de três semanas de exposição, as bactérias mostraram sinais nulos à resistência.6 Mesmo que esta não seja a primeira fez que antibióticos sejam extraídos do solo, esta é a primeira vez que cientistas têm sucesso na identificação de espécie de bactérias com potencial de se tornarem um medicamento.

Como foi com a descoberta da penicilina, o primeiro antibiótico do mundo, a maioria dos medicamentos na luta contra bactérias vem sendo revelada através de testes feitos em laboratórios. Agora, em vez disso de se ter o desenvolvimento dos antibióticos em placas de Petri, os cientistas como o microbiologista Sean Brady, Ph.D., professor associado na Universidade de Rockefeller e responsável pelo laboratório Genetically Encoded Small Molecules, estão movendo suas pesquisas para locais abertos e externos.

“Em cada espaço que pisamos, ali estão 10.000 bactérias, a maioria das quais jamais vimos,” diz Brady. “Nossa ideia é de que há um reservatório de antibióticos lá fora no ambiente vivo que nós nem acessamos ainda.”7

Embora leve anos para moléculas como malacidinas serem desenvolvidas, testadas e aprovadas para serem usadas como medicação, a descoberta destes microrganismos poderosos do solo aparece como um esperançoso sinal. A introdução das malacidinas ressalta o valor da busca de soluções naturais como um meio de auxiliar no combate à crescente epidemia de infecções resistentes a medicamentos.

Brady e seus colegas pesquisadores têm motivo para celebração, particularmente dado ao fato de que a ciência não tem trazido nada quanto a “novos medicamentos verdadeiramente antimicrobianos desde 1987.”8 A descoberta das malacidinas, diz o microbiologista, “é a prova de um poderoso princípio: um mundo de biodiversidade inexplorada potencialmente útil ainda está esperando para ser desvelada.”9

A Chave para Levar Adiante as Malacidinas, Ser um ‘Matador de Indivíduos Indesejáveis’

De acordo com o Los Angeles Times,10 as malacidinas, como uma nova classe potencial de antibióticos, funcionará a contento se elas forem capazes de viverem de acordo com a aspereza que a tradução latina de seu nome expressa:  “matador de indivíduos indesejáveis.” Malacidinas, é uma abreviatura sugestiva para ‘metagenomicas ácidas lipopeptídicas antibióticas-cidinas. Além disso, “mal” significa em latim mal mesmo e “cida” significa matar.  Notadamente, as malacidinas são parentes distantes do poderoso antibiótico daptomicina, que foi introduzido em 2003 e, até hoje, permanece incontestado pelas bactérias resistentes.

Daptomicina é conhecido por usar o cálcio para romper as paredes das células das bactérias. Embora as malacidinas pareçam funcionar de maneira diferente à daptomicina, os cientistas acreditam que elas serão pelo menos tão eficazes, já que não foram impedidas por bactérias resistentes após 20 dias de contato contínuo. Normalmente, esse período de tempo seria suficiente para a maioria das bactérias encontrar uma maneira de superar os efeitos de um antibiótico.

O fato da maioria dos microrganismos com propriedades antibióticas não crescerem bem sob as condições controladas de laboratório, torna-os de difícil estudo. Para acelerar seus esforços, Brady e seu grupo de pesquisas alavancaram a metagenômica, um termo cunhado nos final dos anos 90, para descrever a prática de sequenciamento do material genético recuperado diretamente das amostras ambientais em massa.

Isso envolve clonar vastas quantidades de DNA de centenas de amostras de solo e analisar o material numa maneira ordenada na esperança de descobrir sequências interessantes. Sobre este trabalho, o Los Angeles Times afirmou:11

“A equipe de Brady estava procurando especificamente por parentes distantes da daptomicina, que emprega cálcio para rebentar, quebrar e geralmente romper as paredes das células das bactérias alvo. Eles sabiam que, muito depois da eficácia de outros antibióticos terem diminuído, a daptomicina continuou a matar seus alvos e concluíram que seu uso distinto de cálcio poderia ser a chave para a longevidade de um composto antibiótico.

Eles também sabiam que tentar cultivar todas as suas amostras de solo em um laboratório levaria uma eternidade e que a maioria não se reproduziria em condições de laboratório. Então, ao invés disso, eles usaram processamento de computador de alta velocidade para “filtrar” as amostras de solo para a característica distintiva da dependência de cálcio.

Quando encontraram o que estavam procurando numa amostra particular de solo desértico, capturaram e clonaram os genes relevantes, rearranjaram e os inseriram em um organismo hospedeiro e expandiram a amostra resultante por fermentação. Este processo tornou isso possível ao testar as propriedades únicas das malacidinas em ratos infectados com MRSA.

Brady e sua equipe não estão só esperançosos como querem acelerar este processo de descoberta para novos medicamentos potenciais capazes de tratar enfermidades. A metagenômica também tem sido empregada para procurar novos  antibióticos em ambientes que vão de intestino de insetos à água oceânica.12 Além disso, a técnica revelou a extensão da resistência antibiótica (antibiotic resistance) baseada nos estudos dos lagos poluídos e esgoto urbano.13,14

O Que Causa Resistência Antibiótica?

A pressa em identificar novos antibióticos continua a ser alimentada pelo aumento dos níveis de resistência aos medicamentos. O problema começa quando os antibióticos matam não apenas as bactérias más que causam doenças, mas também as bactérias benéficas intestinais – aquelas necessárias para ajudar a proteger o organismo contra infecções. Com menos bactérias boas para combater, as bactérias resistentes aos medicamentos são capazes de crescer mais fortes e assumirem o controle. Pior ainda, algumas destas que são negativas transmitem suas habilidades de resistência a outras bactérias, exacerbando o problema.

Isto é em parte porque é importante reabastecer as bactérias intestinais depois de se completar um ciclo de uso de antibióticos. É preciso reequilibrar a flora intestinal. Usar até mesmo uma única rodada de antibióticos pode contribuir para o desenvolvimento de resistência a medicamentos, especialmente porque muitos dos prescritos são desnecessários (many prescribed antibiotics are unnecessary) e causam danos. Por esta razão, os antibióticos devem ser empregados somente quando necessário para tratarem infecções bacterianas.

Dito isso, não se deve procurar tomar antibióticos para se combater resfriado comum ou gripe, porque o corpo só se recuperará de infecções virais depois que o vírus tiver terminado seu ciclo. Tomar antibióticos para infecções virais é desnecessário e perigoso, uma vez que contribui para a ampliação do problema da resistência aos medicamentos. Sobre eles, os CDCs afirma:15

“Os antibióticos estão entre os medicamentos mais comumente prescritos na medicina humana e podem ser os que salvem vidas. No entanto, acima de 50% das vezes, eles não são indicados de maneira ideal, geralmente quando não são necessários [e administrados com] dosagem ou duração incorreta.

Como mostrado no diagrama abaixo, outros fatores importantes no crescimento da resistência aos antibióticos são a disseminação de cepas resistentes de pessoa para pessoa ou de animais para pessoas através do suprimento dos alimentos. Além do abuso humano de antibióticos, o uso indevido dessas drogas pela indústria agrícola desempenha um papel significativo.

Afinal de contas, quase 80% de todos os antibióticos utilizados nos EUA são aplicados na criação de animais em confinamento ou em gaiolas (nt.: em inglês é tratado como CAFO/concentrated animal feeding operation) (concentrated animal feeding operations/CAFOs), tornando-os uma câmara de compensação para doenças resistentes a antibióticos. Essas fazendas industriais (factory farms) criam bactérias resistentes a antibióticos devido à sua longa prática de administrar continuamente baixas doses de antibióticos aos animais confinados, o que permite que os patógenos sobrevivam, adaptem-se e eventualmente prosperem.

 

examples of how antibiotic resistance spreads

Fonte: CDC.gov, Examples of How Antibiotic Resistance Spreads, 2013

Dicas na Luta contra a Resistência Antibiótica

Podemos auxiliar na luta contra a resistência antibiótica ao se escolher:

  • Evitar comer carne, ovos e laticínios produzidos no processo de confinamento (CAFOs); localizar fontes locais de carne e laticínios de animais que pastejam e de forma orgânica (organic grass fed meat);
  • Consumir probióticos e/ou esporobióticos durante e imediatamente após o ciclo de antibióticos para restabelecimento da flora intestinal;
  • Declinar antibióticos oferecidos para tratar infecções virais mesmo quando prescritos por médico — já que terão efeito nulo sobre os vírus;
  • Comer alimentos fermentados (fermented foods), como kimchi, natto e iogurte (yogurt), como também alimentos prebióticos (prebiotic foods) feitos de fontes ricas em fibras como aspargos (asparagus), alho e cebola para promoverem bactérias saudáveis dos intestinos;
  • Reservar o uso de antibióticos somente para tratamento de infecção bacteriana.

Esporobióticos Resistem aos Antibióticos, Ajudando na Resolução à Intolerância Alimentar

 

Esporobióticos (sporebiotics), ou probióticos baseados em esporos, são um excelente complemento para probióticos regulares. Eles fazem parte de um grupo de derivados do micróbio chamado bacilo, um gênero com centenas de subespécies, sendo o mais importante deles o Bacillus subtilis (nt.: ou bacilo da grama, aparece nos solos e nos tratos de animais e humanos). Os esporobióticos consistem na parede celular dos esporos dos bacilos, sendo uma ferramenta primária para aumentar a tolerância imunológica. Como os esporobióticos não contêm cepas de bacilos vivos – apenas seus esporos – eles não são afetados pelos antibióticos.

Em razão dos antibióticos eliminarem indiscriminadamente a flora intestinal, tanto os considerados benéficos como os patógenos, infecções secundárias e abaixamento das funções imunológicas estão entre os efeitos comuns que podemos experimentar quando tomamos estes tipo de medicamentos. Felizmente, os esporobióticos podem auxiliar na fortalecimento de nosso microbioma intestinal já que eles resistem aos antibióticos.

Agrega-se a isso de que os esporobióticos são resilientes e têm habilidade de sobreviverem a passagem através do ácido estomacal. Em contraste, muitos produtos acidófilos são eliminados pelo ácido estomacal, tornando-os ineficientes. Uma vez estabelecido no estômago, os esporobióticos podem melhorar a função de barreira intestinal. Esta função orgânica determina quais nutrientes absorver e quais excretar.

Os esporos também incrementam a tolerância imune, significando que eles auxiliam na reparação de dano na barreira intestinal gerado por condições como o intestino permeável (leaky gut). Meu mentor de longa data, Dr. Dietrich Klinghardt, também Ph.D. e fundador da Klinghardt Academy no estado de Washington, advoga o uso dos esporobióticos para o tratamento de intolerância alimentar relacionado à esclerose lateral amiotrófica (ALS/amyotrophic lateral sclerosis), autismo, doença de Lyme, esclerose múltipla e doença de Parkinson.

Podemos Nos Beneficiar Tendo Mais Contato com Solos (Saudáveis)?

Se estivermos morando num país desenvolvido, estaremos, provavelmente, entre aqueles que viver no equívoco de associar boa saúde com limpeza. Mantermos as mãos ‘sujas’, particularmente quando estivermos ao ar livre, poderá acontecer somente em raras ocasiões e geralmente é algo mal visto. Num esforço de “combater os germes”, nas assim chamadas casas modernas — como também as pessoas que vivem nelas — sabonetes bactericidas e outros produtos de limpeza domésticos antibacterianos, são empregados para manter tudo limpo. Infelizmente, esta obsessão pela limpeza desconecta tudo e todos da vida que vem com a terra que é vital para nossa sobrevivência.

Na verdade, em vez de preservar a saúde, estas táticas de higiene fundada em produtos químicos, mais serve para eliminar muitos dos microrganismos aos quais nosso corpo necessita ser exposto para desenvolver e manter a verdadeira função imunológica. Tentar incutir uma boa higiene tanto para si mesmo como para os familiares através da falta de exposição à terra, aos germes, parasitas e mesmo vírus, pode na verdade ter um efeito completamente contrário e mesmo negativo.

No lugar de criar esta intolerância saudável pelas influências dos ambientes ricos em vida “microbiana”, poderá, na verdade, se tornar é muito mais vulnerável a enfermidades e doenças. Afinal de contas, pelo menos um especialista sugere permitir que crianças pequenas catem melecas de seus narizes (pick their noses) e as comam, podendo desta maneira estar fazendo uma boa coisa! Em termos de limpeza de interiores, recomendo somente sabão e água para lavar as mãos.

Evitar quaisquer químicos que sejam antibacterianos (destacadamente o triclosan) encontrados em produtos de limpeza e mesmo em sabonetes. Agentes antibacterianos ou bactericidas são bastante tóxicos e foi detectado de que até promovem o crescimento de bactérias resistentes.

Com respeito à atividades exteriores, é uma ótima ideia dedicar algum tempo interagindo com solos. Plantar e cuidar de canteiros de flores, de árvores frutíferas e de uma horta (vegetable garden) são belos caminhos para manter as mãos na terra de maneira regular. Cultivar nossas próprias frutas e verduras irão introduzir naturalmente microrganismos potencialmente saudáveis em nossa dieta através de quantidades traço de solo que permanecem na produção colhida. Se for impossível fazer uma horta ou um jardim, comprar frutas e verduras orgânicas de um agricultor local também promoverá uma exposição saudável aos solos.

Seja qual for a direção que se tomar, banir definitivamente todos os pensamentos que se possa ter sobre terra/sujeira como sendo algo ruim para si mesmo e os filhos. Como está implícito na descoberta das malacidinas, as crianças (e os adultos) certamente se beneficiarão muito mais se brincarem ao ar livre e ficarem ‘sujas’ de terra do que passarem longos dias dentro de casa, em frente a computadores e outros dispositivos eletrônicos.

 

Fontes e Referências