Cinco anos atrás, dez milhões de mamadeiras e copinhos infantis com biqueira foram vendidos nos Estados Unidos, manufaturados com a resina plástica feita de petróleo que continha Bisfenol A – BPA. Hoje, de acordo com o poderoso lobby da indústria petroquímica dos EUA, American Chemistry Council, o número é – zero! (nt.: os organizadores do site perguntam: QUANDO TEREMOS ISSO NO BRASIL?).
http://www.enviroblog.org/2011/10/feinstein-renews-fight-for-bpa-free-formula.html?utm_source=2011q3update&utm_medium=email&utm_content=first-link&utm_campaign=fund
October 27, 2011
By Elaine Shannon, Environmental Working Group editor-in-chief
De acordo com o American Chemistry Council, o número de produtos infantis com BPA é zero!
A razão: o mercado – milhões de pais e mães norte-americanos – esmagadoramente rejeitaram estes produtos de alimentos feitos com BPA, um plastificante que endurece a resina e que lixivia destes produtos. A ONG Enrivonmental Working Group/EWG e outras organizações que lutam pelos consumidores e pela saúde da população auxiliaram a se construir uma revolta contra as mamadeiras e copinhos com biqueira feitos com a resina plástica chamada policarbontato, PC, n° 7, em razão de seu maior componente, o BPA, mimetizar estrogênios e poder gerar disfunções no aparelho endócrino. Pesquisas têm demonstrado a conexão entre o BPA e o câncer e desordens no cérebro e nos sistemas cardiovascular e reprodutivo, particularmente quando os testes com animais são feitos no útero materno e nas fases iniciais da vida infantil.
Em 04 de outubro último (2011), a Califórnia tornou-se o último e mais populoso estado norte-americano a barrar a onipresente e lucrativa substância química sintética presente em mamadeiras e copinhos de biqueira. A legislação da Califórnia foi apoiada totalmente pela EWG que, em 2009, havia publicado os primeiros testes de biomonitoramento para detecção do BPA em recém nascidos norte-americanos. As análises do sangue do cordão umbilical reforçaram a pesquisa de biomonitoramento feito pelo CDC (nt.: similar ao minstério da saúde brasileiro) que detectou o BPA em praticamente todos os norte-americanos acima de seis anos de idade. A EPA (nt.: agência de meio ambiente dos EUA) estimou que o país produziu 1,5 milhões de toneladas de BPA num montante de 2 bilhões de dólares em 2007.
Dois dias depois deste projeto tornar-se lei na Califórnia, o poderoso American Chemistry Council declarou que não havia mais esforços em batalhas legislativas e regulamentadoras para eliminar o BPA de mamadeiras e de copinhos com biqueiras (nt.: para ver a posição do lobby sobre este assunto, clique: https://nossofuturoroubado.com.br/aditivos-plastificantes/california-finalmente-rejeita-o-banimento-do-bisfenol-a). De fato, o ACC realmente peticionou a agência norte-americana que trata de medicamentos e alimentos, a Food and Drug Administration, para alterar suas regulamentações para que refletissem de que o “BPA não será mais utilizado para manufaturar mamadeiras nem copinhos com biqueiras e nem mesmo será mais empregado na fabricação futura destes produtos”. Steve Hentges, Ph.D., e partícipe do Grupo Global do Policarbonato/BPA do ACC, disse num press release,”Apesar dos governos ao redor do mundo continuarem a apoiar a segurança do BPA em materiais que fazem contato com alimentos, a confusão a respeito destes produtos gerou uma desnecessária perturbação para os consumidores, legisladores e regulamentadores”. (A determinação categórica do ACC pretende cobrir TODAS as mamadeiras e copinhos de biqueira vendidos nos EUA, mas uma pesqauisa independente é necessária para determinar se alguns varejistas do país não estarão ainda vendendo mamadeiras e copinhos com biqueira feitos com BPA, mais baratos, fabricados em outros países sem esta proibição).
A senadora Dianne Feinstein (Democrata, Califórnia), escreveu à EWG em 12 de outubro último (2011) de que ela intenta levar adiante projeto de sua autoria, apresentado em janeiro pp, que impõe um banimento federal nos EUA do BPA em todos os produtos infantis e não somente sobre mamadeiras e copinhos, mas também sobre os enlatados que contenham alimentos infantis e quaisquer outros produtos alimentícios dirigidos à infância. Quase todas as latas são revestidas internamente com a resina epóxi que, como o policarbonato, também é feita com o BPA.
“Tanto a nível estadual como federal a indústria gastou milhões de dólares fazendo lobbying contra quaisquer restrições sobre o uso do BPA”, escreveu a senadora Feinstein ao EWG. “Vocês auxiliaram a conduzir este processo na Califórnia e agora a indústria se apercebeu que os consumidores, os defensores e os legisladores não vão aceitar uma substância química que irá causar malefícios à sua saúde”.
Jeremy Jacobs do Greenwire reportou no dia 12 de out., no New York Times, que o American Chemistry Council gastou perto de 10 milhões de dólares fazendo lobbying na Califórnia desde 2005, e cifras incalculáveis através de campanhas nacionais online.
Para a senadora Feinstein, para o EWG e outros militantes, o próximo obstáculo será a indústria de enlatados que continua relutante em abandonar a resina epóxi para ao revestimento interno das latas, clamando que não há substitutos disponíveis e nem baratos. Se a senadora continuar em seu intento, a indústria será forçada a encontrar um novo tipo de material para o revestimento das latas de alimentos infantis e alimentos para crianças. A reformulação para estes produtos pode levar a uma mudança muito mais daramática no mercado, já que, conforme material documentados pelo EWG em 2007, muitos alimentos enlatados como sopas e refrigerantes favoritos pelos meninos e meninas mais velhos e mesmo pelos adolescentes estão também contaminados com o BPA que lixia dos revestimentos internos das latas.
Feinstein reconheceu que está frente a uma batalha muito dura. “Como vocês sabem, no ano passado o American Chemistry Council obstruiu a votação no Senado sobre exatamente o que agora parecem estar advogando – um banimento nacional do BPA tanto para mamadeiras como para copinhos com biqueira”, escreveu. “…Eu sei o quanto cabeça-dura a indústria tem sido e como eles têm feito vista grossa para as ações que os fabricantes, os varejistas e os próprios estados têm feito para remover o BPA”.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, novembro de 2011.