
Vale a pena substituir o açúcar pelo adoçante? Veja 5 benefícios dessa troca — Foto: Shutterstock
Talyta Vespa, g1
15 out 2025
[Nota do Website: Há quatro dias, dia 13.10, publicados um material onde demonstrava o aumento vertiginoso de câncer entre jovens. Agora, a Rede Globo, buscou algumas hipóteses que poderiam justificar essa tragédia dos nossos dias. Chamamos de tragédia para não dizermos crime, porque isso já vinha sendo previsto há mais de 40 ou 50 anos. Não se acreditou que com essa artificializarão de nossas vidas com moléculas sintéticas e por isso agressivas porque os fundamentos da Vida as desconhecem, de que iriam sim afetar todas as formas de vida. E os chamados hoje ‘mais jovens’ foram aqueles que sofreram mais diretamente seus efeitos. Imagina-se o que está para vir com aqueles e aquelas que hoje são crianças ou adolescentes. Por que, ao se constatar isso, não se muda completamente o atual modo de vida? Por ser difícil? Preferimos então ficar inertes frente a presumível dificuldade e deixarmos as novas gerações sofrerem por nossa irresponsabilidade? Ou assumimos nosso ‘mea culpa’ e vamos à luta, por eles/as?].
Após reportagem mostrar aumento de 284% nos diagnósticos entre pessoas de até 50 anos, especialistas esclarecem mitos e explicam o que se sabe sobre o fenômeno.
Diagnósticos de câncer em jovens adultos cresceram quase quatro vezes em cerca de 10 anos, segundo dados do DataSUS apresentados em levantamento realizado pelo g1. Mas o que a causa essa “explosão de casos”?
Na reportagem sobre o tema, leitores enviaram perguntas sobre as possíveis causas, questionando desde um suposto papel de vacinas, dos agrotóxicos e dos adoçantes até os efeitos do estresse, da alimentação e do uso de tecnologias.
O g1 reuniu as respostas com base em evidências científicas e dados oficiais. Veja abaixo:
1. As vacinas podem causar câncer?
Não. Nenhuma vacina — nem contra a Covid-19, nem outras do calendário nacional — tem relação causal com câncer.
“Vacina não causa câncer”, enfatiza Stephen Stefani, oncologista do grupo Oncoclínicas e da Americas Health Foundation. “As pessoas podem ficar tranquilas — não há nenhum dado que relacione imunizantes à doença. Pelo contrário: a tecnologia desenvolvida para as vacinas da Covid-19 ajudou a impulsionar novas plataformas de terapias oncológicas.”
As vacinas contra o HPV, por exemplo, previnem um tipo de câncer, o de colo do útero.
Além disso, o aumento recente de tumores em adultos jovens começou anos antes da pandemia, e estudos internacionais, como o publicado na revista Nature Medicine (2022), não encontraram qualquer vínculo entre vacinas e aumento de risco oncológico.
2. O uso de agrotóxicos está relacionado ao aumento de casos?
Há evidências de risco aumentado em exposições prolongadas, mas isso não explica sozinho o crescimento dos casos.
“Sim, há dados que mostram que o consumo de alimentos com quantidade acima da recomendada de agrotóxicos aumenta o risco. Não é um aumento explosivo, mas ele está relacionado, estatisticamente, ao aumento de tumores”, explica Stephen Stefani (nt.: infelizmente esse médico está ainda baseado na toxicologia da Idade Média, de Paracelsus, onde a relação dos efeitos danosos estava relacionado à dose. Com a constatação de que a maioria dos agrotóxicos é disruptor endócrino, a dose que suste efeitos danosos na fisiologia dos seres vivos, se dá em doses infinitesimais já que imitam ou bloqueiam a função dos hormônios naturais. Ou seja, são TÓXICOS A NIVEL MOLECULAR!).
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também reconhecem que a exposição a agrotóxicos pode elevar o risco de alguns tumores, sobretudo em trabalhadores rurais e populações vulneráveis (nt.: aqui podemos, sem nenhuma dúvida, considerar como ‘populações vulneráveis’, todos os consumidores que se alimentam com produtos vindos da agricultura chamada moderna, quimificada).
No entanto, especialistas alertam que dieta (nt.: nunca esquecer que essa ‘dieta’ aqui mencionada está ligada aos alimentos ultraprocessados), obesidade e sedentarismo têm peso muito maior na origem do câncer do que a contaminação química isolada.
3. O aspartame causa câncer?
Em julho de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou os resultados da avaliação de perigo e risco do aspartame. O adoçante foi classificado como “possivelmente cancerígeno”, mas a própria OMS e a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) afirmaram que o limite atual de ingestão (nt.: se essa molécula é um disruptor endócrino, o efeito tóxico da ‘dose’ é infinitesimal) é considerado seguro.
“O aspartame é classificado como possível risco, mas não está bem estabelecido que vá aumentar o risco de câncer”, explica Stefani.
“É preciso calibrar esse debate para não gerar alarme e levar as pessoas a trocar o adoçante pelo açúcar — e o açúcar, sim, contribui para o ganho de peso, que é um fator de risco bem documentado.” (nt.: sendo o açúcar um produto natural, devemos considerar de que forma sua industrialização se d´s e quantidade que se consome cotidianamente).
4. O 5G, o Wi-Fi ou o micro-ondas causam câncer?
Não.
“Não, 5G e Wi-Fi não têm como causar câncer. O conteúdo biológico é absolutamente inverossímil — essas ondas não têm energia suficiente para danificar o DNA, que é o que precisaria acontecer para gerar uma doença oncológica”, afirma Stefani (nt.: existem controvérsias como se observa em outro material publicado hoje).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há qualquer evidência de aumento de risco de câncer associado à exposição a redes sem fio, celulares, antenas ou aparelhos domésticos.
5. O estresse pode causar câncer?
Não diretamente. O estresse não causa mutações genéticas nem danos celulares suficientes para iniciar um tumor.
“O estresse não é o causador, mas pode diminuir a imunidade em algumas situações e isso está relacionado ao crescimento de doenças existentes”, explica Stefani. Eu gosto de colocar de forma prática: o estresse não é a semente; ele é o ambiente — a terra, a luz e a água para essa semente crescer.”
Ou seja, o estresse não cria o câncer, mas pode favorecer a progressão de uma doença já instalada, dificultar o tratamento e interferir no sistema imunológico.
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Aditivos alimentares e ultraprocessados — Foto: Freepik
6. A alimentação tem influência?
Sim, e muita. A alimentação é hoje um dos principais fatores modificáveis de risco.
Estudos do INCA e da IARC mostram que dietas ricas em ultraprocessados, bebidas açucaradas e carnes processadas estão relacionadas à maior incidência de tumores colorretais, de mama e de fígado.
“É uma doença de estilo de vida. Só 5% dos casos são hereditários; 90% têm relação com alimentação, sedentarismo e obesidade”, explica Samuel Aguiar, líder do Centro de Referência de Tumores Colorretais do A.C.Camargo Cancer Center e diretor do programa de residência médica da instituição.
Segundo a médica nuclear Sumara Abdo, do INCA, a obesidade é um fator central, porque “a gordura abdominal é um tecido biologicamente ativo que produz substâncias inflamatórias capazes de estimular o crescimento celular e favorecer mutações”.
“O corpo é forçado a se regenerar o tempo todo num ambiente hostil. É um processo inflamatório silencioso, difícil de reverter”, conclui Stefani.
7. Os dados do SUS estão errados ou inflados?
Não. O Painel Oncologia BR – DataSUS usa a mesma metodologia de notificação desde 2013, com dados informados por hospitais e serviços de oncologia da rede pública de todo o país.
O crescimento de 284% reflete um aumento real na incidência.
“Toda política de saúde depende de dados, e hoje eles são frágeis”, disse Stefani. “Na saúde suplementar, a notificação não é compulsória. Então o país subestima a real dimensão do problema.”
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que não é possível medir a incidência de câncer na rede privada porque, desde 2010, uma decisão judicial impede o uso da Classificação Internacional de Doenças (CID) nas bases das operadoras.
O Ministério da Saúde também afirmou não possuir dados completos que integrem todo o sistema de saúde.
8. O que realmente causa câncer?
Segundo especialistas ouvidos pelo g1, o risco está mais ligado a comportamentos e exposições acumuladas ao longo da vida, como:
- consumo excessivo de álcool;
- tabagismo;
- alimentação ultraprocessada e obesidade;
- radiação solar sem proteção;
- poluição e exposição química crônica (nt.: aqui está o caso de usarmos alimentos permanentemente contaminados por agrotóxicos, sem falar na poluição do ar, da onipresença de micro e nanoplásticos no ar, na água e nos alimentos, além de outros contribuintes químicos sintéticos em nossas roupas, utensílios de cozinha, e miríades de fontes variadas como o PVC).
“Temos coisas que realmente agridem o DNA e o danificam ao longo da vida: álcool, cigarro, sol em excesso e poluição”, resume Stephen Stefani. “A bebida alcoólica, por exemplo, não tem dose segura — assim como o sol. Já o cigarro, com 7 mil substâncias e 300 delas cancerígenas, é o maior vilão conhecido.”
Fontes: Painel Oncologia BR – DataSUS; entrevistas com Stephen Stefani (Oncoclínicas e Americas Health Foundation), Sumara Abdo Lacerda Matedi (INCA), Samuel Aguiar (A.C.Camargo Cancer Center); OMS; INCA; Anvisa; Nature Medicine (2022); IARC (2023).