SAÚDE-O Mito do Agrotóxico Seguro.

Resumo da hiStória

  • Existem cerca de 80.000 agrotóxicos registrados em uso. De todos, somente umas poucas centenas são, na verdade, testados para segurança;
  • Os poucos testes sobre segurança feitos, são considerados inadequados por muitos toxicologistas; 
  • A maioria dos químicos são testados somente de forma isolada. No mundo real das aplicações no entanto, a maioria deles são usados em combinações e nenhum é testado quanto a sinergias entre os produtos químicos; 
  • Uma das mais simples e efetivas estratégias para evitar exposições aos agrotóxicos que são venenos agrícolas, é comer alimento orgânico.

 

http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2014/12/28/safe-pesticides-myth.aspx

 

https://www.youtube.com/watch?v=2pypp9OANpU

(Nota do site: esta entrevista estará oportunamente traduzida e disponibilizada no site)

 

By Dr. Mercola

A maioria de nós nem têm noção qual o volume e a variedade de agrotóxicos que são aspergidos sobre os produtos que comemos. Para esmiuçar e clarear este importante tópico, André Leu escreveu o livro ‘The Myths of Safe Pesticides’.

Tem longa história em orgânica e seu livro conta a assustadora, mas importante história—do quanto estamos sendo expostos a muitos agrotóxicos que nunca suspeitamos e de que os testes de segurança são extremamente falhos.

Nos EUA, estão em uso, em torno de 80.000 agrotóxicos registrados. Destes, somente algumas centenas são, na verdade, testados para segurança e mesmo estes testes são considerados inadequados pela maioria dos toxicologistas.

Parte do problema é que a maioria destes químicos são avaliados isoladamente. No entanto, no mundo real de sua aplicação, a maioria deles é usado em combinação e, mesmo assim, nenhum é testado para as sinergias entre os químicos.

“Este é um ponto muito importante”, diz André. “São dois os aspectos relacionados a isso: primeiro, o produto que o agricultor compra é um coquetel de diferentes químicos.

Temos o que se chama de princípio ativo no agrotóxico e dai são agregados outros sinergistas, adjuvantes e substâncias químicas, tipo solventes, que são também tóxicos…

No entanto, eles só testam um ingrediente, o princípio ativo. Os outros são ignorados por serem considerados inertes. E assim surge a combinação que se transforma no produto de mercado e que é comercializado e usado em nossos alimentos e que não é testado”.

As coisas estão ficando cada vez mais desconcertantes pelas recentes aprovações de novas gerações de cultivos geneticamente modificados. Este novo momento caracteriza-se por culturas que são resistentes a agrotóxicos muito mais tóxicos dos que já vinham sendo usados. Neles, incluem-se o dicamba (nt.: herbicida da mesma família do glifosato da soja transgênica que comemos, e pertence à BASF) e o 2,4-D (dicamba and 2,4-D)—este  segundo é o princípio ativo do Agente Laranja (nt.: arma de guerra usada no Vietnam, finalizada em 1972, e que até hoje ainda faz gerar crianças que nascem com doenças congênitas. É pela presença da dioxina. Para maiores conhecimento, ver o site)

o mito dos ‘testes e análises Rigorosos’

O livro de André dizima uma série de mitos persistentes que giram em torno dos agrotóxicos. O primeiro deles é que os agrotóxicos e outros químicos são rigorosamente testados para segurança antes de serem permitidos de estarem no mercado.

O fato é que a vasta maioria não são. Como eles são testados é outra história. A maioria dos testes toxicológicos dos químicos são antiquados, com algumas metodologias que remontam a 150 a 400 anos!

“Acredite-se ou não, a ciência tem, na verdade, mudado muito pouco desde então”, André retruca. “Nós temos hoje meios muito mais rigorosos e sensíveis de testar em vez de apenas ser via a alimentação de animais, matando-os, e pesquisando as partes de seus órgãos com microscópio.

Agora podemos usar outros processos como escâneres com imagens de ressonância magnética (IRM), e realmente olharmos para dentro de animais vivos e os seres humanos e vermos onde há danos. Podemos usar linhas celulares, linhas de células humanas, a cultura delas, e realmente nos determos para os níveis de danos.

Quando fazemos isso, podemos perceber que, em alguns casos, que se pode perscrutar até partes por trilhão (nt.: doze zeros depois da vírgula, em níveis de picograma) e obtermos efeitos tóxicos significativos. 

Para que se possa entender o que significa uma parte por trilhão é assim: se eu dispusesse de três piscinas olímpicas, bastaria eu colocar uma gota lá dentro e isso é que é uma parte por trilhão. Sabemos agora que existem centenas destes produtos químicos que podem causar efeitos adversos neste nível”.

Curiosamente, alguns produtos químicos podem não causar um problema em níveis de partes por bilhão, mas ainda em doses mais baixas e nestas concentrações comecem a causar disfunções hormonais. Isso parece ser particularmente verdade no útero, já que os sinais hormonais que desencadeiam o desenvolvimento do feto são muito diminutas (nt.: ver o link – https://nossofuturoroubado.com.br/saude-semeando-o-microbioma-do-nene/).

o mito da ‘quantidade Insignificante’

Um mito relacionado a isso é de que os produtos químicos estão presentes em pequenas quantidades e não gerando preocupação com isso. Como acabamos de observar, a verdade é, muitas vezes, o inverso! Para determinar a ingestão diária aceitável (IDA) de agrotóxicos nos alimentos, eles colocam o químico nas rações dos animais para então observarem quais os danos.

Assim que for determinada a dose em que nenhum dano é observado sob um microscópio, que é chamada de nível de efeito adverso não observado (nt.: em inglês é: no-observed-adverse-effect level/NOAEL). Tecnicamente este nível é reduzido por um fator de 100 a 1.000 para se chegar a uma IDA adequada aos seres humanos.

Este conceito está baseado no princípio de que uma dose mais baixa, torna o químico menos venenoso (nt.: este era o princípio do alquimista da Idade Média, Paracelsus, que lidava com substâncias naturais e não artificiais como agora, onde ele dizia que a dose é que definia se uma substância era veneno ou medicamento). Mas como já foi mencionado, este é um erro crasso de concepção já que certos químicos tornam-se MAIS prejudiciais para a saúde das pessoas quando consumidos em pequenas quantidades. Os disruptores endócrinos caem dentro desta categoria.

“Esta é uma hipótese fora de certos dados”, diz André. “A dose real, baixa, que forma a IDA não é testada. Não é este químico que é testado; já se presume que será seguro.

É um mito dizer ‘porque reduzimos a dose, o agrotóxico passa a ser seguro’. As regulamentações devem ser feitas sobre a ciência efetiva, baseada em evidências, e não em suposições sem dados reais”.

o miTo da decomposição

Outro é o “mito da decomposição”. Estamos esclarecendo, dizem eles, de que os químicos mais recentes não são como os antigos: estes rapidamente se biodegradam e se decompõem.

De acordo com André, tais declarações podem ser facilmente contestadas porque você pode medir níveis residuais de muitos desses produtos químicos. Se um produto químico prontamente se decompõe, por que existem níveis residuais dele no alimento e/ou no solo e na água?

Mais importante, como pode ser isso, se níveis residuais são detectados no corpo humano? A razão é simples, é claro: é porque eles, de fato, não “desaparecem”, rapidamente.

“Outra coisa que sabemos é que ao se decomporem, estes químicos se transformam em metabólitos—e é um monte deles. Por exemplo, os organofosforados decompõem-se em ‘oxons’ e, de repente, eles são 100 a 300 vezes mais tóxicos.

Dizer que eles se decompõem é uma coisa. Mas eles não mencionam que, ao se decomporem, na verdade, eles são muito piores”.

Outro exemplo são os subprodutos de desinfecção (nt.: os mais conhecidos são: trialometanos/THM e o ácido haloacético/AIH) produzidos quando a água municipal é tratada com cloro. O cloro não é completamente livre de perigos, mas é relativamente inerte quando comparado com estes subprodutos de desinfecção criados quando ele se combina com material orgânico presente na água.

Alguns destes subprodutos de desinfecção são 10.000 vezes mais tóxicos do que o cloro! De acordo com André, um destes subprodutos primários do tratamento da água com cloro, é um possível contribuinte para o aumento em alergias e à sensibilidade química entre as populações da América do Norte.

“Na Alemanha é, na verdade, ilegal clorar-se os seus suprimento de água”,  diz André. “Eles, na prática, usam uma combinação de micro filtragem e raios ultravioletas (UV), tendo água limpa sem quaisquer resíduos químicos. Para todos estes químicos, sempre há um alternativa viável. E se a Alemanha pode fazer para todo o país, por que os outros também não podem?”.

o mito das autoridades RegulaDoras

O próximo mito é que nossas autoridades reguladoras (nt.: imagine-se que estamos falando dos Estados Unidos onde o mundo ‘pensa’ que existe realmente ‘democracia’ e honestidade!!) usam uma boa ciência; que elas nos protege; que não há conflitos de interesses e que nós podemos confiar nelas. E se eles dizem que isso é seguro, não há causa de preocupações.

“Destaco este mito porque estão sendo ignorados, centenas de estudos científicos publicados, muito bons de revisão aos pares, que demonstram os efeitos adversos destes produtos químicos sobre a saúde. Tudo o que eles realmente estão levando em conta são os estudos que lhes foram remetidos pelos fabricantes. Isso realmente é um conflito de interesses”, diz André.

Como mencionado antes, muitas das metodologias usadas para estabelecerem os níveis de resíduos seguro são na verdade hipóteses isentas de dados. Eles não estão usando uma ciência com base em evidências para determinarem o nível seguro. Como André observa, “Pode-se perceber que no fim, estas decisões não são científicas; são, na verdade, políticas”. Uma dica é a discrepância entre os países.

Por que o princípio ativo de herbicidas chamados ‘atrazina’, está banido na Europa por ser perigoso, mas nos Estados Unidos e na Austrália, exatamente o mesmo produto químico é, de repente, totalmente “seguro se for utilizado como as instruções”? Em 2009, a ONG Environmental Working Group (EWG) publicou um estudo que detectou 232 substâncias químicas no sangue do cordão umbilical dos recém-nascidos norte americanos. Isso foi há cinco anos atrás e nenhuma ação aconteceu a partir da publicação destes resultados perturbadores.

“As autoridades reguladoras sobre alimentos estão ignorando completamente a realidade específica das crianças”, diz André. “Eles testam somente sobre animais jovens e adultos, mas não há testes específicos para embriões e nas primeiras fases do desenvolvimento do recém-nascido”.

não abandonemos a esperança—ExisTem Soluções

Apesar de todas estas notícias negativas, exite esperança—existem meios de se evitar muitos destes riscos químicos. Uma das mais simples e eficientes estratégias de evasão é comer alimentos orgânicos. Outra opção é cultivar seu próprio alimento—sem agrotóxicos, é claro.

“Temos ótimos estudos que agora mostram que quando as crianças comem alimentos orgânicos e eles urinam, os metabólitos de agrotóxicos caem a zero dentro, mais ou menos, quatro dias”, diz André. “É muito fácil sair fora deste sistema… Devemos dar a nossas crianças o melhor que nós pudermos em nossas vidas. Isso significa que quaisquer jovens casais devem planejar sua concepção, iniciando a comerem alimentos orgânicos a partir de agora, para assim fazer algo quanto a estes tóxicos pesados. Dar ao nosso bebê a melhor chance tanto durante a gravidez como no aleitamento materno. E para o resto de suas vidas, assegurar que eles só comam orgânico. Por este meio, eles não terão acesso a estes agrotóxicos em nenhum nível”.

o mito de que ‘Orgânico tem baixa produtividade’

A ideia que a produção orgânica é menos eficiente e produz baixos rendimentos é mais um mito que não tem qualquer relevância na realidade. A agricultura convencional nos EUA é considerada como a que tem o mais alto rendimento no mundo. Os agricultores orgânicos podem obter o mesmo rendimento … Isso nos diz que nós realmente não precisamos de produtos químicos, para maximizar o rendimento. Isso pode ser feito sem eles. Mesmo que a agricultura orgânica não fosse tão produtiva como a agricultura convencional, ela ainda seria superior do ponto de vista da densidade de nutrientes que fornece ao consumo.

Além disso é a solução mais importante a longo prazo uma vez que protege e sustenta a saúde do solo. A maioria das práticas agrícolas industriais é degenerativa; dizimam a camada superficial do solo. E fazendo isso, estamos comprometendo as futuras gerações a não terem um bom solo para cultivarem seu alimento. Na abordagem orgânica muitas práticas regenerativas importantes e eficazes são incluídas como o plantio direto, minimizando o uso de fertilizantes sintéticos, integrando pecuária e o uso de plantas de cobertura. Esta técnica realmente reconstrói o solo o que vai garantir a sobrevivência das futuras gerações. André observa:

“Queremos legar um planeta melhor para as próprias gerações e isso é exatamente o que nós estamos fazendo com uma agricultura regenerativa orgânica. O uso pelo Rodale Institute, na Pensilvânia, tanto do biochar (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/portal/biochar-e-ouro-de-carbono-para-produtores-de-cacau-em-belize/) como do composto, é um excelente exemplo de como, com boas práticas agrícolas, eles estão não só obtendo o mesmo rendimento das colheitas como, às vezes, mais alto ao se comparar com as convencionais. Além disso, estão a cada ano melhorando mais o solo. Sua fazenda fica sempre melhor, enquanto as propriedades convencionais estão se degradando.

…Precisamos de uma mudança na forma como o financiamento para a pesquisa científica se faz. Neste momento, somente quatro dólares de cada mil está sendo gasto em soluções para os orgânicos. Sabemos agora que, com a ciência que dispomos, podemos obter igual a maiores colheitas. Mas, se nós podermos mudar este modo de pesquisar dos transgênicos para métodos orgânicos, podemos aumentar a escala de nossa produção agrícola em todo o mundo. Não precisaremos ter os agrotóxicos em nossos alimentos. Acredito realmente ser esta uma importante prioridade que precisamos ter através do governo, da indústria e das agências reguladoras”.

A forma mais poderosa de assegurar tal tipo de mudança é através do seu processo de compra. Devemos demandar por alimentos orgânicos onde estivermos. Este tipo de ação irá direcionar aquilo que mais seduzirá mais e mais agricultores na transição para os orgânicos. Juntamente com este redirecionamento, a alocação de fundos agrícolas irão finalmente mudar com isso.

fontes de alimentos Orgânicos

Uma série completa de problemas tanto ambientais como de saúde humana podem ser corrigidos pela forma como cultivamos nossos alimentos. Cultivados organicamente, os alimentos integrais biodinâmicos são realmente a chave para o sucesso aqui e, como um bônus que se acrescenta, quando nos alimentamos corretamente, podemos também otimizar o sistema de desintoxicação natural que pode auxiliar a eliminação de toxinas de nosso corpo originários de outras fontes. Não posso incentivá-lo a apoiar as pequenas explorações familiares (support the small family farms ) em sua região com força total. Sabendo por extensão, que são, juntamente com todos os consumidores, parte da solução. Mas, aqui vão alguns dos grandes recursos (resources) para obtermos alimentos saudáveis que preservam não só a saúde de todos, mas também a do meio ambiente: 
  1. Alternative Farming Systems Information Center, área apoiada nos EUA pelo seu departamento de agricultura (nt.: área federal equivalente ao nosso Ministério da Agricultura), onde se abriga a Community Supported Agriculture/CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura) (nt.: no Brasil o link é – http://csabrasil.org/);
  2. Farmers’ Markets — uma lista nacional norte americana de feira de agricultores (nt.: no Brasil podemos acessar – http://www.idec.org.br/feirasorganicas e https://nossofuturoroubado.com.br/feiras-organicas-registram-crescimento-em-sao-paulo/);
  3. Local Harvest — este website auxilia a que se encontre as feiras de agricultores, agricultura familiar e outras fontes de cultivo de alimento sustentável próximas de onde vivemos, onde se pode adquirir carnes orgânicas de produção ao ar livre e muitos outros produtos agrícolas;
  4. Eat Well Guide: Wholesome Food from Healthy Animals — O catálogo online gratuito Eat Well Guide de produção animal como carne de gado, frango, laticínios e ovos de fazendas, lojas, restaurantes, pousadas e hotéis bem como mercado popular online tanto nos Estados Unidos como no Canadá;
  5. Community Involved in Sustaining Agriculture (CISA) — CISA é dedicada à agricultura sustentável e a promoção de pequenos agricultores;
  6. FoodRoutes — O link FoodRoutes “Find Good Food” é um mapa que pode ajudar o interessado a se conectar com os agricultores locais para encontrar os alimentos mais frescos e mais saborosos possíveis. Em seu mapa interativo, pode-se encontrar uma listagem para os agricultores locais, o CSA e os mercados perto do consumidor.

Outras Sugestões que auxiliam a Redução à exposição química.

(Nota do site: acessar outros textos do Dr. Mercola, neste site, onde ele explicita as dicas sobre este tipo de sugestões).

Fontes e Referências

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, fevereiro de 2014.