Saúde: Níveis de cloração da água nos EUA e na UE provavelmente aumentam o risco de câncer, segundo estudo

O cloro pode representar riscos à saúde, de acordo com um novo estudo. Fotografia: Rogelio V. Solis/AP

https://www.theguardian.com/us-news/2025/feb/17/water-chlorination-cancer-risk-us-eu

Tom Perkins

17 fev 2025

[NOTA DO WEBSITE: De novo o cloro! Sem dúvida que esse elemento que foi praticamente desvelado com a ampliação da eletricidade e com isso facilitou-se com a eletrólise, as indústrias, ainda no século XIX, acessarem ao sódio e daí à soda cáustica para seus processos industriais. E com essa técnica puderam romper a ligação forte do cloreto de sódio ou o conhecido sal de cozinha, o NaCl. E assim, com a extração do NA=sódio, sobra o cloro. Mas tão explosivo que desperta o paradigma dos gases de guerra. A partir dessa disposição do cloro, com sua imensa reatividade e violência, passa a ser fonte de miríades de moléculas que invadem o século XX. Quais? Primeiro a atenuação do gás cloro que vira a arma de guerra mais usada na 1ª Guerra Mundial, o fosgênio dos franceses. Depois vem os agrotóxicos organoclorados como os malfadados DDT, Endrin, Aldrin e toda a família. Também do cloro vem a família dos PCBs, marca conhecida como ‘Ascarel’, para os transformadores elétricos e outros usos que chegaram ao nosso dia a dia. E por fim, mas não o último veneno terrível, estão as dioxinas e furanos, das armas de guerra do Vietnam e dos países do sudeste asiático, os Agentes Laranja, Roxo e outros. Agora ele se desnuda nas águas de nossas torneiras. E então?].

Risco de câncer de bexiga aumentou 33% e de câncer colorretal em 15% com o uso de cloro para desinfetar água.

Clorar a água potável em níveis comuns nos Estados Unidos e na União Europeia provavelmente aumenta o risco de vários tipos de câncer, segundo uma nova análise de pesquisas recentes realizadas em todo o mundo.

O processo de desinfecção da água com cloro cria subprodutos de trihalometano (THM), que são encontrados em praticamente todos os sistemas públicos de água potável nos EUA e na UE — cerca de 300 milhões de pessoas nos EUA têm níveis preocupantes em sua água, segundo uma estimativa.

Embora o processo de cloração seja um método “barato, eficaz e prontamente disponível” para matar organismos e doenças infecciosas, ele traz desvantagens, escreveram os autores do estudo, incluindo um aumento de 33% no risco de câncer de bexiga e de 15% no risco de câncer colorretal.

“O que vemos é alarmante e precisamos de mais estudos de alta qualidade”, disse Emilie Helte, autora principal do Karolinska Institutet na Suécia.

O processo de desinfecção da água é uma medida essencial de que aumentou drasticamente a expectativa de vida quando os EUA começaram a clorar a água potável no início dos anos 1900, porque isso reduziu significativamente as infecções microbianas e as doenças transmitidas pela água, como cólera e febre tifoide.

Foi só na década de 1970 que os pesquisadores descobriram que o processo tinha consequências. Quando o cloro é adicionado à água, ele reage com compostos orgânicos, como material vegetal em decomposição, para criar centenas de subprodutos potencialmente tóxicos.

Alguns dos mais comuns – clorofórmio, bromofórmio, bromodiclorometano e clorodibromometano – são conhecidos por serem genotóxicos e cancerígenos para ratos.

Os EUA e a UE estabelecem limites para subprodutos em 80 partes por bilhão (ppb) e 100 ppb, respectivamente, mas a nova pesquisa aponta para riscos aumentados de câncer em níveis tão baixos quanto 40 ppb, que é em torno do que foi encontrado na cidade de Nova York. Os níveis de relatórios da EPA estão tipicamente na faixa de 40 a 60 ppb e o Environmental Working Group/EWG, uma organização sem fins lucrativos de defesa da saúde pública, estima o nível seguro em 0,15 ppb.

O novo metaestudo está entre as evidências mais enfáticas porque analisou dados de cerca de 30 estudos e 90.000 participantes, e descobriu que os homens estavam em maior risco do que as mulheres. Os autores analisaram apenas os impactos na bexiga e no colorretal porque há uma escassez de pesquisas sobre outros tipos de câncer. Os pesquisadores não têm certeza do porquê os produtos químicos parecem ter como alvo mais frequente o intestino grosso e a bexiga, disse Helte.

O problema cria uma tensão difícil para os reguladores. A água da superfície normalmente tem níveis mais altos de THM do que a água subterrânea porque tem mais organismos e matéria orgânica para os desinfetantes reagirem. As concessionárias de água podem limpar parte da matéria orgânica da água antes de desinfetar, e também é potencialmente possível reduzir a quantidade de cloro adicionado, mas “é realmente importante não usar muito pouco desinfetante”, disse Helte.

Alternativas como tratar a água com luz ultravioleta ou instalar novos sistemas de filtragem também são possíveis, mas são caras, disse Helte.

Ela enfatizou que as pessoas devem continuar a beber água municipal. O carvão ativado granulado está entre os melhores sistemas de filtragem que podem ser usados ​​em casa para remover os contaminantes.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, fevereiro de 2025