Pesquisas descobriram que entre os piores infratores está o plástico, um material que é amplamente desregulamentado e pode conter milhares de produtos químicos. Fotografia: Aleaimage/Getty Images/iStockphoto
https://www.theguardian.com/us-news/2024/sep/27/PFAS-toxins-chemicals-human-body
27 set 2024
[NOTA DO WEBSITE: A irresponsabilidade tanto dos fabricantes como dos embaladores e mesmo dos poderes públicos que deveriam resguardar a saúde pública, é escandalosa. Nós os consumidores, desavisados, negligentes e ‘avoados’, somos os grandes perdedores nesta sociedade de consumo que só está baseada no dinheiro. A única opção é estarmos atento e totalmente conectados com as informações que podemos acessar e fazermos as escolhas que forem possíveis para não só não nos prejudicarmos, mas também e principalmente sermos responsáveis com nossos dependentes, destacando nossos filhos].
Metais e PFAS associados a sérios problemas de saúde estão entre os compostos encontrados, destacando a necessidade de maior escrutínio.
Mais de 3.600 produtos químicos aprovados para contato com alimentos em embalagens, utensílios de cozinha ou equipamentos de processamento de alimentos foram encontrados em humanos, revelou uma nova pesquisa revisada por pares, destacando um risco de exposição pouco regulamentado a substâncias tóxicas.
Os produtos químicos foram encontrados no sangue humano, cabelo ou leite materno. Entre eles estão compostos conhecidos por serem altamente tóxicos, como PFAS , bisfenol, metais, ftalatos e compostos orgânicos voláteis. Muitos estão ligados ao câncer, distúrbios hormonais e outros problemas de saúde sérios.
Mas muitas outras são substâncias para as quais há perfis toxicológicos públicos muito limitados, como antioxidantes sintéticos usados como conservantes e oligômeros que estabilizam tinta em embalagens. Os autores do estudo dizem que as lacunas de conhecimento destacam a necessidade de um exame mais aprofundado de produtos químicos de contato com alimentos.
“O que certamente é preocupante é que temos uma forte ligação que mostra que alguns produtos químicos perigosos… migram da embalagem para os alimentos, então há uma contribuição para a exposição da embalagem”, disse Birgit Geueke, coautora do estudo com o Food Packaging Forum, uma organização sem fins lucrativos sediada em Zurique que defende regulamentações mais fortes.
O estudo identificou cerca de 14.000 produtos químicos aprovados para contato com alimentos e verificou bancos de dados e literatura científica em busca de evidências de acumulação humana em cada um deles. Os humanos são expostos a muitos dos produtos químicos em outros cenários, então a pesquisa não pretende sugerir que a embalagem dos alimentos seja a única responsável.
Entre os piores infratores está o plástico , um material que é amplamente desregulamentado e pode conter milhares de produtos químicos. Silicone e revestimentos em latas de metal também podem conter compostos tóxicos ou pouco estudados, disse Geueke. Muitos produtos de papel e papelão eram até recentemente tratados com PFAS e podem conter uma camada de plástico.
Vários fatores podem fazer com que produtos químicos vazem para os alimentos em taxas mais altas, como temperaturas mais altas, teor de gordura e acidez. A proporção entre embalagem e produto também importa – alimentos em recipientes menores podem ser muito mais contaminados.
Muitos produtos químicos nos EUA são aprovados com escrutínio limitado sob a regra “geralmente considerada segura” da Food and Drug Administration/FDA dos EUA , que permite que produtos químicos sejam usados para contato com alimentos com muito pouco escrutínio da agência. A lei dos EUA também não exige que a FDA considere novas ciências após um produto químico ser aprovado para contato com alimentos.
Isso tem sido um problema com produtos químicos como PFAS ou dióxido de titânio que estavam no mercado por décadas antes de serem removidos ou mais estudados. Embora a União Europeia tenha em vigor regulamentações mais rigorosas para alguns produtos químicos, como PFAS, “ainda há muito espaço para melhorias”, disse Geueke.
Os consumidores podem se proteger comprando alimentos em potes de vidro, que normalmente têm muito poucos produtos químicos. Alguns pesquisadores que trabalham na área dizem que levam seus próprios recipientes de vidro para restaurantes, caso queiram embalar sobras. Geueke disse que remover alimentos de recipientes de plástico comprados em uma loja ou de recipientes para viagem e colocá-los em potes de vidro em casa reduz a quantidade de tempo que os produtos químicos têm para transferir da embalagem.
“Mas não é possível evitar completamente [os produtos químicos]”, disse Geueke, acrescentando que a solução era uma regulamentação mais forte.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, fevereiro de 2025
