
https://www.ehn.org/cell-phone-cancer-animal-study
Equipe de Ciências da Saúde Ambiental
08 mai 2025
[Nota do Website: Mais uma publicação que nos chama a atenção para os perigos, não aparentes, das tecnologias ‘sem fio’ como celulares e telefones de mesa. Importante porque, ao julgarmos que são tecnologias inócuas, não só usamos nós mesmos adultos, como entregamos com a maior boa fé para nossas crianças. É claro que o lobby das Big Tech nunca deixarão que essas informações cheguem a todos a ponto de redirecionar os atuais usos feitos por praticamente toda a humanidade. Seus interesses econômico-financeiros sempre estarão acima de todos. Então, o que fazer? Divulgar o mais que pudermos para que todos possam ter, pelo menos, a oportunidade de continuar como hoje, fazendo o que fazem, mas sabendo o que representa suas opções].
Uma nova revisão sistemática de estudos em animais sobre radiação de radiofrequência (RF) sem fio e câncer, encomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicada na Environment International, concluiu com “alta certeza” que a exposição à radiação de RF sem fio causa dois tipos de câncer em animais. Essa “certeza” reflete a confiança dos pesquisadores de que os efeitos observados — como a ligação entre radiação de RF sem fio e câncer — são reais e não decorrentes do acaso, viés ou falhas no desenho do estudo.
Estudos em animais nem sempre se traduzem diretamente em riscos à saúde humana, mas se estudos em animais mostram evidências de uma substância causando câncer, a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC/International Agency for Research on Cancer) da Organização Mundial da Saúde e a Agência de Registro de Substâncias Tóxicas e Doenças dos Estados Unidos (ATSDR/Agency for Toxic Substances and Disease Registry) geralmente a consideram um potencial carcinogênico humano.
Resumidamente:
- A revisão encontrou evidências de alta certeza ligando a exposição à radiação de RF sem fio a dois tipos de tumores malignos em animais: gliomas do cérebro e schwannomas (nt.: tumores benignos -não cancerosos- que se desenvolvem a partir das células de Schwann, que revestem os nervos periféricos) do coração.
- A revisão também encontrou evidências de certeza moderada para um risco aumentado de tumores raros na glândula adrenal e no fígado.
- A revisão encontrou uma certeza moderada de evidências para linfomas; embora alguns experimentos sugerissem uma ligação, as descobertas não foram uniformes o suficiente para concluir com alta certeza.
Citação principal:
“Os resultados desta revisão sistemática indicam que há evidências de que a exposição a campos eletromagnéticos de radiofrequência aumenta a incidência de câncer em animais experimentais, sendo o CoE (certeza da evidência) mais forte para schwannomas cardíacos malignos e gliomas.”
Especialistas respondem:
Alguns cientistas pedem medidas políticas imediatas para proteger a saúde pública e o meio ambiente, alertando que atrasos podem ter consequências graves. A Comissão Internacional sobre os Efeitos Biológicos dos Campos Eletromagnéticos (ICBE-EMF), um consórcio internacional de cientistas, médicos e pesquisadores, declarou: “Dado esse alto nível de certeza, os formuladores de políticas governamentais em todo o mundo devem imediatamente revisar seus limites de exposição à radiação de RF para proteger a saúde pública e o meio ambiente.”
Por que isso é importante:
Em 2011, a IARC classificou a radiação de RF sem fio como um “possível” carcinogênico humano do Grupo 2B, citando evidências limitadas de estudos com animais na época. Desde então, estudos em larga escala do Programa Nacional de Toxicologia e do Instituto Ramazzini relataram que a exposição à radiação de RF causou câncer em animais. Vários cientistas afirmaram que essas evidências em animais acrescentam um suporte crucial para que a IARC reavalie e fortaleça sua classificação da força das evidências científicas sobre radiação sem fio e câncer.
O que isso significa para os humanos
Os tipos de tumores observados nos estudos com animais (gliomas e schwannomas) são os mesmos tipos de tumores relatados em estudos com humanos.
- Gliomas cerebrais são tumores raros que, em humanos, são cancerígenos em cerca de 80% dos casos. Entre eles, os glioblastomas — a forma mais agressiva — têm sido associados ao uso prolongado de celulares em estudos epidemiológicos em humanos.
- Schwannomas são raros e tipicamente benignos em humanos, mas podem causar sérios efeitos à saúde, incluindo perda auditiva, problemas de equilíbrio e pressão no cérebro. Schwannomas vestibulares, também conhecidos como neuromas acústicos, também foram associados ao uso prolongado de celulares em estudos epidemiológicos em humanos.
Uma análise de 2021 de dois estudos em larga escala com animais sobre radiação de celulares, destacados na revisão encomendada pela OMS (os estudos do Programa Nacional de Toxicologia e do Instituto Ramazzini), concluiu que suas descobertas sobre o câncer apoiam a redução dos limites federais de segurança atuais em várias centenas de vezes para proteger adequadamente a saúde pública. Diversas outras organizações médicas e científicas também recomendam a redução da exposição à radiação de RF para proteger a saúde humana e o meio ambiente.
“Não podemos nos dar ao luxo de ignorar este estudo. Estudos em animais preveem o futuro, enquanto estudos em humanos examinam o passado” (nt.: sem dúvida que essa expressão informa todo o cuidado que deveremos todos, como humanidade, ter com quaisquer tecnologias que geremos em nossos laboratórios, principalmente os privados por estarem fundamentados em lucros muito além do que na saúde dos usuários), disse Theodora Scarato, MSW, Diretora do Programa de Redes Sem Fio e Campos Eletromagnéticos da Environmental Health Sciences. “As evidências científicas devem orientar as políticas.”
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2025