
O impacto do uso de pesticidas nas taxas de câncer foi considerado potencialmente rival do do tabagismo
04 ago 2025
[Nota do Website: O impasse está posto. O que fazer com essa realidade das moléculas sintéticas. Cada vez fica mais assustador perceber-se que a sociedade, consciente ou inconscientemente, não consegue se desvencilhar delas. Parece que sem elas não existiria vida. No entanto, os dados são irrefutáveis. Ou mudamos nosso vício por esta opção tecnológica ou realmente optaremos, por omissão, negligência e obtusidade pela auto extinção de todas as vidas planetárias].
Descrevendo a toxicidade como a “ameaça mais subestimada que a humanidade enfrenta”, um novo relatório alerta que os riscos à saúde são “amplamente subestimados”, com o impacto do uso de agrotóxicos nas taxas de câncer potencialmente rivalizando com o do tabagismo.
Produtos químicos tóxicos presentes no ar, alimentos e água estão fortemente associados a um grande número de problemas ambientais e sérios problemas de saúde, incluindo câncer, obesidade, demência, infertilidade e TDAH.
Descrevendo a toxicidade como “a ameaça mais subestimada que a humanidade enfrenta”, um novo relatório alertou que a “contaminação de humanos é endêmica” e que os riscos à saúde humana e planetária são “amplamente subestimados”, com o impacto do uso de agrotóxicos nas taxas de câncer potencialmente rivalizando com o do tabagismo.
Mais de 3.600 produtos químicos sintéticos provenientes de materiais em contato com alimentos, como embalagens e agrotóxicos, estão presentes em corpos humanos no mundo todo, revelou o relatório, 80 dos quais são considerados especialmente perigosos.
Produtos químicos conhecidos como substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas (PFAS) foram encontrados em quase todas as pessoas testadas, com 14% dos adolescentes europeus apresentando níveis sanguíneos altos o suficiente para representar sérios riscos à saúde.
Entre as descobertas chocantes está a ligação entre o uso de agrotóxicos e leucemia, linfoma não-Hodgkin e câncer de bexiga, cólon e fígado — incluindo sugestões de que a exposição pré-natal a eles aumenta as chances de leucemia e linfoma na infância em mais de 50%.
Também foram reunidas evidências mostrando que os produtos químicos sintéticos aos quais os humanos são expostos contribuíram para um declínio global na contagem de espermatozoides — por exemplo, descobriu-se que homens com altos níveis de certos PFAS tinham menos da metade da contagem normal de espermatozoides daqueles com níveis baixos.
Em meio ao aumento das taxas de câncer, ao declínio da fertilidade e ao aumento de doenças crônicas, a equipe por trás do relatório alerta que a abordagem internacional atual para o gerenciamento de produtos químicos sintéticos é “inadequada” e “mal compreendida”, pois eles pedem ações mais coordenadas em todo o mundo e melhor padronização para proteger os humanos e o planeta.
O relatório ‘The Invisible Tsunami‘ foi criado pela equipe científica da Deep Science Ventures com a Grantham Foundation for the Protection of the Environment, após uma investigação de oito meses envolvendo uma análise de artigos científicos revisados por pares, bem como entrevistas com pesquisadores, líderes de organizações sem fins lucrativos, empreendedores e investidores.
Segundo os pesquisadores, a economia industrial criou mais de 100 milhões de novos produtos químicos, com 350.000 atualmente em uso comercial, após a produção ter aumentado 50 vezes desde a década de 1950. Eles explicaram que a exposição a produtos químicos tóxicos, via ar, alimentos e água, tem origem em matérias-primas de carbono fóssil, que são os componentes que contêm carbono extraídos de combustíveis fósseis.
A equipe alertou que a produção de substâncias químicas persistentes, um grupo de substâncias químicas tóxicas que permanecem no meio ambiente por muito tempo, cresceu tanto que “um limite planetário de segurança foi violado”. Como exemplo, eles disseram que as PFAS “contaminaram o planeta inteiro”, com níveis de água da chuva frequentemente ultrapassando os limites de água potável segura e as substâncias químicas encontradas no sangue de quase toda a população.

A poluição não persistente é igualmente disseminada, com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrando que quase toda a população global (99%) respira ar que excede os limites das diretrizes da agência e contém altos níveis de poluentes.
A equipe disse que o relatório descreve ligações causais e correlacionais “fortes” entre toxicidade e uma variedade de condições graves de saúde humana, incluindo câncer, obesidade, Alzheimer, complicações na gravidez, TDAH, problemas de fertilidade, problemas cardíacos e doenças respiratórias.
Além da saúde humana, eles alertaram que produtos químicos tóxicos estão causando danos “perceptíveis e generalizados” em todos os sistemas ecológicos, afetando a biodiversidade e o delicado equilíbrio dos ambientes naturais.
“Esta pesquisa, que reúne trabalhos revisados por pares, mostra que a humanidade está enfrentando uma exposição amplamente subestimada a produtos químicos por meio de alimentos, ar e água”, disse o Dr. Adam Tomassi-Russell, diretor de clima da Deep Science Ventures.
“A escala do problema parece generalizada e a pesquisa mostra a necessidade de uma mudança fundamental na forma como abordamos nossos esforços de compreensão, financiamento e inovação para resolver esse problema.”
Jeremy Grantham, cofundador e presidente da Fundação Grantham para a Proteção do Meio Ambiente, acrescentou: “A toxicidade é a ameaça mais subestimada que a humanidade enfrenta”.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, agosto de 2025