Saúde: Aumento de casos de câncer de tireoide em crianças está ligado à luz artificial e à poluição do ar

Carmen Lac/Shutterstock

https://www.usnews.com/news/health-news/articles/2025-04-18/air-light-pollution-increase-risk-of-thyroid-cancer-in-children

George Citroner

21 abr 2025

[NOTA DO WEBSITE: Uma informação que surpreende quanto à questão da iluminação artificial. Ficou-nos uma pergunta no ar. Se é um processo que está se intensificando nos últimos tempos, não poderia estar ligada essa iluminação artificial à troca das lâmpadas incandescentes pelo processo tecnológico essas lâmpadas ‘modernas’, frias? E outro aspecto que queremos destacar é o reconhecimento da influência dos disruptores endócrinos. E todos sabemos agora que muitas e muitas das moléculas sintéticas que nos envolveram cotidianamente, desde agrotóxicos a plásticos, são inquestionavelmente, disruptoras endócrinas].

A poluição do ar e a iluminação artificial noturna podem estar contribuindo para o aumento das taxas de câncer de tireoide entre crianças, de acordo com um estudo recente de Yale.

A pesquisa sugere que a exposição a essas condições urbanas prevalentes pode elevar o risco de câncer em até 25%.

O estudo de caso-controle, publicado recentemente em Environmental Health Perspectives, envolveu 736 crianças diagnosticadas com câncer papilar de tireoide na Califórnia, comparando-as com 36.800 indivíduos de controle sem câncer.

Pesquisadores avaliaram o impacto de dois fatores ambientais durante o período perinatal — desde antes do nascimento até um ano após o parto. Um fator foi a poluição atmosférica por partículas finas (PM2,5) e o outro, a exposição à luz artificial externa. Essas partículas microscópicas representam uma grande preocupação para a saúde pública, pois seu pequeno tamanho permite que penetrem profundamente no trato respiratório, atingindo os pulmões e até mesmo a corrente sanguínea.

Eles descobriram que, para cada aumento de 10 microgramas por metro cúbico de PM2,5, havia um aumento de 7% na probabilidade de desenvolver câncer papilar de tireoide. Essa relação foi mais pronunciada entre adolescentes mais velhos, de 15 a 19 anos, e crianças hispânicas.

Crianças expostas a níveis mais altos tiveram um risco significativamente maior de câncer de tireoide, com as chances aumentando em 25% nos grupos mais expostos.

Câncer de tireoide mais comum

O câncer papilar de tireoide é o tipo mais comum de câncer de tireoide, representando cerca de 80% de todos os casos. Embora geralmente tenha crescimento lento e bom prognóstico quando detectado precocemente, a doença frequentemente se apresenta como um nódulo ou inchaço indolor no pescoço, às vezes acompanhado de linfonodos inchados.

Para os pais, pode ser difícil identificar sintomas de distúrbios da tireoide, pois eles são comumente ignorados como distúrbios comportamentais ou outras condições médicas, disse o Dr. Francisco Contreras, oncologista-chefe do Oasis of Hope Hospital, ao The Epoch Times.

“Em particular, os sintomas a serem observados são batimentos cardíacos irregulares, distúrbios do sono, suor anormal, intolerância ao calor e nervosismo inexplicável”, disse ele.

Por que os fatores ambientais afetam o risco de câncer

Segundo os autores do estudo, a poluição atmosférica por PM2,5 pode afetar a função do hormônio tireoidiano, contribuindo potencialmente para o aumento da incidência de câncer de tireoide pediátrico. As partículas estimulam os tecidos pulmonares a liberar proteínas pró-inflamatórias no corpo, criando um ambiente propício a danos ao DNA, possivelmente levando ao câncer. Além disso, a poluição atmosférica por PM2,5 pode promover o crescimento de células com mutações cancerígenas preexistentes.

Pesquisas anteriores descobriram que a poluição do ar por PM2,5 pode aumentar o risco de câncer de tireoide por meio do aumento da inflamação, estresse oxidativo e interrupção da produção do hormônio tireoidiano.

As partículas PM2,5 são minúsculas, com um diâmetro de 2,5 micrômetros ou menos — cerca de 28 vezes menores que a largura de um fio de cabelo humano.

Iluminação Artificial

A iluminação artificial pode afetar o sistema circadiano ou o relógio biológico do corpo e influenciar o eixo hipotálamo-hipófise-tireoide, responsável por manter os níveis normais dos hormônios tireoidianos.

Mudanças na exposição à luz e interrupções nos ciclos naturais de luz e escuridão podem levar a um desalinhamento dos processos genéticos e metabólicos, de acordo com os pesquisadores, aumentando assim o risco de câncer.

Aumento das taxas de câncer de tireoide infantil

A incidência de câncer de tireoide pediátrico aumentou  nas últimas décadas, com um aumento significativo após 2006, de acordo com o banco de dados Surveillance, Epidemiology, and End Results, informações populacionais sobre incidência e sobrevivência de câncer nos Estados Unidos.

Embora o câncer de tireoide pediátrico ainda seja raro, afetando aproximadamente cinco crianças por milhão nos Estados Unidos, as taxas estão aumentando cerca de 3 a 5 por cento ao ano, tanto nos Estados Unidos quanto no mundo, disse Nicole Deziel, professora associada da Escola de Saúde Pública de Yale e autora do estudo, ao The Epoch Times.

“Adolescentes entre 15 e 19 anos têm a maior taxa de incidência”, disse ela, enfatizando que pacientes pediátricos com as formas mais comuns de câncer de tireoide têm uma taxa de sobrevivência superior a 95%.

Apesar das altas taxas de sobrevivência, Deziel observou que “os sobreviventes do câncer de tireoide pediátrico enfrentam grandes desafios”, incluindo efeitos secundários da terapia, como aumento nas taxas de leucemia e câncer de glândula salivar, fadiga e problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.

Por que as taxas estão aumentando?

Existem vários fatores potenciais por trás do aumento da incidência de câncer de tireoide pediátrico.

Um motivo pode ser que as técnicas de imagem médica melhoraram, oferecendo detecção mais precoce de nódulos muito pequenos que podem não ter evoluído para uma doença grave, de acordo com Deziel.

“No entanto, muitos cientistas não acreditam que isso possa explicar completamente a tendência”, observou ela. “Exposições ambientais, particularmente a substâncias químicas disruptoras endócrinas, estão sendo investigadas como fatores contribuintes.”

Um índice de massa corporal mais alto entre crianças também pode contribuir para essa tendência.

“Em nossa pesquisa, descobrimos uma ligação entre o alto peso ao nascer e o risco de câncer de tireoide pediátrico, bem como ligações entre a exposição à poluição atmosférica e luminosa”, disse Deziel. “Há décadas, todos nós somos expostos a toxinas ambientais que atuam como disruptores endócrinos, substâncias que interferem no sistema hormonal do corpo, potencialmente causando efeitos adversos à saúde, levando ao aumento das taxas de doenças crônicas e câncer”, disse Contreras.

Várias toxinas ambientais são conhecidas por atuarem como disruptores endócrinos, interferindo nos sistemas hormonais do corpo. Entre elas, estão ftalatos, dioxinas, bisfenol A (BPA), bifenilas policloradas/PCBs/ASCAREL, encontradas em plásticos e embalagens de alimentos, além de agrotóxicos como DDT e atrazina, e alguns metais pesados, como o cádmio, que podem ser liberados no ar pela queima de combustíveis fósseis e resíduos urbanos.

Ela observou que a exposição contínua das crianças a produtos químicos disruptores endócrinos de longa duração leva a um acúmulo precoce de toxinas que prejudicam a função da tireoide, aumentando o risco de desenvolver câncer de tireoide na infância.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, abril de 2025

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