Resumo da Historia
- O livro “Swallow This” (nt.: livremente ‘Engole essa’ – lançado em fevereiro de 2015 – http://www.amazon.co.uk/Swallow-This-Serving-Industrys-Darkest/dp/0007548338) oferece um ponto de vista de alguém de dentro das indústrias alimentícias, sobre suas práticas de processamento e que não se conhecerá em qualquer outro lugar;
- Existe uma quantidade de produtos químicos utilizados nos alimentos processados que não vêm sendo de nenhuma maneira descritos nos rótulos, já que são considerados “auxiliares de processamento”;
- O objetivo dos tecnólogos de alimentos é reduzir a quantidade de ingredientes que constituem a essência do produto, ao encontrarem substitutos que se assemelhem aos reais; o produto final parece, cheira e tem o mesmo sabor como se fosse um bom alimento, mas na realidade não é.
http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2015/05/03/processed-food-industry-shocking-secrets.aspx
By Dr. Mercola
https://www.youtube.com/watch?t=12&v=JcFTvC_zVbA
(Nota da tradução: consta no artigo original a transcrição da entrevista com a autora que oportunamente será traduzida e colocada também à disposição neste site)
Provavelmente já escutamos de que devemos evitar os alimentos processados (processed foods) e que isso é uma das chaves para nos mantermos saudáveis. No entanto, será que entendemos exatamente o porquê?
A escritora escocesa Joanna Blythman escreveu este documento jornalístico, na condição de estar por detrás dos panos, que se transformou no livro Swallow This: Serving Up the Food Industry’s Darkest Secrets (nt.: “Engole essa: na mesa os obscuros segredos da indústria de alimentos”) em que aprofunda os detalhes do que será a antítese de uma dieta saudável com os alimentos processados.
Se temos alguma preocupação acerca do alimento que estamos ingerindo, este é um livro que devemos ler. Na realidade ampliará radicalmente nosso conhecimento sobre quão processados estão sendo nossos alimentos, mostrando, na verdade, muitos dos truques enganosos que a indústria utiliza para nos enganar.
É muito difícil evitar os alimentos processados já que quase todos nós comemos em restaurantes ocasionalmente. A única pergunta é quanto? Depois de ler este artigo, garanto-lhes que a motivação para se evitar os alimentos processados disparará.
Joanna é uma premiada jornalista investigativa e este antecedente lhe serviu para que literalmente se infiltrasse no meio industrial para obter este aspecto inédito sobre o que realmente está sucedendo na indústria de alimentos processados. Na verdade ela trabalhou cuidadosamente para se infiltrar e assim ser capaz de participar de muitas conferências só para os membros das indústrias.
“Venho escrevendo acerca de alimentos há mais de duas décadas”, disse Joanna. “Escrevi outros seis livros, que falam sobre a produção de alimentos: o que chega e a maneira como vem do campo, o que ocorre nas granjas, como identificar um frango de boa qualidade e outro de má, esse tipo de coisas.
Mas ai percebi de que não tinha toda a historia. Não se tratava da produção final, senão do processamento final.
Sabemos muito sobre a maneira de como os frangos são criados para o consumo, mas não sabemos muito, ou melhor, nada, sobre como se produzem os produtos de consumo ‘Nuggets’ em uma fábrica. Sabia que tínhamos que chegar a esta informação sobre os alimentos processados.”
A Ideia de Passar Desapercebida…
Obter essa informação é mais fácil dizer do que fazer, tendo em conta como a indústria alimentícia criou um muro quase impenetrável de segurança em torno de suas atividades de fabricação.
As empresas se escondem atrás da justificativa de que os métodos de processamento são segredos industriais cujo único objetivo é proteger a informação de propriedade de seus concorrentes.
“Há muitos anos que elas vêm se saindo com esta. Isso significa que, ao menos que se seja um membro da indústria de alimentos, simplesmente não há maneiras que se possa acessar sobre que está acontecendo por trás dos panos“, diz Joanna.
Joanna então, para poder dar este passo, assume uma identidade falsa e convence um pequeno fabricante de alimentos a lhe facilitar a obtenção de uma identidade profissional falsa. Com ela, consegue ver o interior dos fundamentos básicos da indústria de alimentos processados. E o que viu foi surpreendente para dizer o mínimo.
Para começar, o que as pessoas comuns não sabem é que há uma grande quantidade de produtos químicos utilizados nos alimentos que não têm que ser de maneira nenhuma identificados nos rótulos, já que são considerados “auxiliares de fabricação”. Assim, além de conservantes, emulsificantes, corantes e aromatizantes, que generalmente são mencionados nos rótulos, existe outra quantidade de ingredientes que nunca se conhecerá.
“Dei-me conta que têm muitas e muitas coisas acontecendo por detrás dos panos da fabricação de alimentos. A maioria dos consumidores, não tem a menor ideia e não lhe é permitido saber. Inclusive nem sequer se poderia confiar nas coisas que parecem ser alternativas saudáveis”, disse ela.
Isso tudo é desconcertante. No entanto, agora existem muitos consumidores conscientes que dispõem de tempo para lerem cuidadosamente os rótulos dos alimentos. Entretanto, o que revela a investigação de Joanna é que há uma série de aditivos (array of additives) que nunca serão mencionados nos rótulos.
As Surpreendentes Verdades Que a Indústria de Alimentos Processados Oculta
Por acaso comes carnes processadas como hamburgueres, pensando que estás comendo carne de uma vaca real? Pois o mais provável é que ela estará muito longe desta tua suposição. Um tipo de processamento de carnes implica submergir as carcaças de animais que foram retalhadas, em água quente com agregação de enzimas. Isso tem o efeito de liberar mais cinco por cento da substância similar à carne que estava presa ao esqueleto.
Isso posteriormente se agrega a hamburgueres baratos, salsichas e outros produtos de carne processados. Os produtos de sangue tratados com enzimas também são rotineiramente agregados aos produtos de carne processados.
“O que realmente me surpreendeu foram as coisas que pareciam ser muito naturais… Por exemplo, encontrar um tipo de corante conhecido como ‘cloudifier’. Este produto faz com que o suco pareça como se fosse suco real de frutas já lhe dá uma aparência natural como se tivesse sido exprimido a mão”, disse ela.
As enzimas são utilizadas em número e maneiras diferentes no processamento de alimentos. Por exemplo, quando os ovos são pasteurizados, perdem sua cor. E então se agrega um tipo de enzima para que a cor volte ao ovo.
Tem pelo menos 150 enzimas que se utilizam na fabricação de alimentos e quase nunca são mencionadas no rótulo. Segundo Joanna, em geral existe pelo menos um ingrediente modificado com enzima em todos os alimentos processados. Os pães têm geralmente cinco ingredientes modificados com enzimas.
Elas em si não são intrinsecamente tóxicas. São simplesmente proteínas funcionais compostas de aminoácidos naturais. Mas o que fazem é mascar e enganar seu processo subjacente, levando a crer que se vai comprar algo que realmente não é o que se está comprando.
“O caso clássico é sabor a queijo maduro. Se o queijo for maturado de maneira adequada, então ai se tem um queijo. E pode se manter durante três a seis meses, e até mais, para desenvolver esse agradável sabor maduro. No entanto, isso pode ser feito em uns dias com uma enzima. Pode-se assim criar um falso sabor”.
A Maioria dos Alimentos Processados São Uma Imitação do Real
O objetivo dos tecnólogos de alimentos é reduzir a quantidade de ingredientes reais ao encontrar substitutos baratos que imitam o autêntico alimento. Deste modo, químicos e processos são utilizados para converterem o produto final em algo que pareça, cheire e tenha o sabor como se fosse um “alimento real”, mas na realidade é tudo ao contrário.
Por exemplo, raras vezes se utiliza manteiga verdadeira, porque ser cara. Por essa razão é que se utiliza aditivos que fazem com que o sabor dos alimentos pareça manteiga, mas através de uma fração do custo original.
“No entanto colocarão o suficiente de manteiga, verdadeira, de forma que possa ser colocado no rótulo que foi ‘feito com manteiga'”, assinala Joanna. “Outra coisa que descobri é que a maioria dos alimentos processados não parece nada atrativo se não tiver corantes agregados. Se não teria as cores cinza e/ou beije…
Os aromatizantes desempenham duas funções nos alimentos processados. A primeira é que encobrem o sabor desagradável que vem como resultado do processamento. Este acobertamento do sabor é uma das principais razões porque a indústria de alimentos utiliza aromatizantes. E a segunda é que eles também os empregam para dar sabor aos alimentos quando se crê que o processo de fabricação tenha eliminado completamente o sabor original.
Devem tentar agregar alguma coisa que se assemelhe ao sabor que foi perdido. Em função do processamento de alimentos ser em alta temperatura e pressão, alguma coisa tem que se fazer com eles para melhorar novamente seu sabor. Essa é a lógica da presença tanto do aromatizante como do corante.”
O Que Se Necessita Saber Sobre o Conceito de ‘Clean Label‘
Também expôs o conceito da industria sobre o que entende por “Clean Label” (nt.: rótulo limpo). A indústria alimentícia se deu conta de que os consumidores não gostam dos nomes químicos extensos quando fazem parte da listagem dos ingredientes ou de sua composição. Estes nomes técnicos são conhecidos como “poluidores dos rótulos”.
Para evitar ter que mencionar no rótulo os nomes químicos dos aditivos, inventaram um conceito chamado “Clean Label”. O objetivo é eliminar todos os velhos aditivos e os grandes nomes químicos, substituindo-os por nomes de ingredientes que soem melhor. “Concentrado de cenoura” em lugar de “corante” é um exemplo de troca pelo uso do ‘Clean Label‘. Outro exemplo é ‘extracto de alecrim’ como outra forma de dizer “conservante”:
“Soa saudável e feliz. Poderia faze-lo pensar que é algo verde e aromático. Mas na realidade começa com alecrim seco, e depois de todo o processo é um pó ou um líquido marrom que, em absoluto, nem cheira a alecrim e nem mesmo tem o sabor de alecrim. Na realidade é um químico extraído desta planta que funciona como antioxidante.
Outro nome dos conservantes é antioxidante (antioxidants). Assim que, quando se observa um pacote de nhoques de batata e diz extracto de alecrim … logo se reage, HUMMMM! Isso soa bem, mas na verdade é só um conservante…Os substitutos utilizados no ‘Clean Label’ na realidade são aditivos com outro nome. Não são mais naturais. No entanto, soam melhor.”
Um tema relacionado é o método de extração utilizado para estes extratos que soam saudáveis. Mesmo que os antioxidantes sejam saudáveis, eles normalmente são extraídos das plantas inteira mediante o uso de solventes orgânicos tóxicos como hexano, que não se pode eliminar. Esses solventes permanecem no ingrediente e não existe nenhuma norma para que sejam mencionados no rótulo.
A Percepção É Tudo
A indústria de alimentos processados é impulsionada principalmente pela percepção do saudável. No momento em que a indústria alimentícia se dá conta que um ingrediente presente no rótulo está sendo mal recebido, trocam o nome ou encontraram uma alternativa que pode ser inclusive tão má ou pior do que a anterior, desde que não tenha uma relação negativa.
“A percepção é uma boa palavra para entender o que planeja a indústria de alimentos processados“, diz Joanna. “Elas têm esta coisa chamada ‘percepção de naturalidade’. Todo seu trabalho é intencionar integrar-lhes ingredientes que soem naturais, mas que na realidade não são o mesmo que ‘natural’.
Outra situação similar é a qualidade semelhante ao frescor. A indústria já não menciona a palavra frescor. Falam de uma qualidade fresca/natural. Existe uma série de tecnologias que podem utilizar, de forma sub-reptícia, sobretudo dos rótulos dos produtos que levam o nome de qualidade fresca/natural. Tudo o que está se relacionando com a naturalidade e o frescor está sendo manipulado constantemente.
Em meu escritório, neste momento, tenho uns ‘muffins’ de chocolate que comprei há seis semanas. Tenho-os em meu escritório e nada se alterou. Estão da mesma maneira que os deixei. Estou guardando-os como uma espécie de projeto de ciências para ver se eventualmente se alteram”.
De fato, tem todo um capítulo no livro dedicado aos produtos processados para assá-los. Muitos supermercados agora dispõem de padarias, onde o pão fresco se assa a cada dia. No entanto, o que muitos não entendem é que nada ali é feito a partir do zero, ou seja, do início.
Como disse Joanna, estas padarias são como os “salões de bronzeamento” para os produtos congelados processados e pré-cosidos em fábricas a milhares de quilômetros de distância. Outro fato real: quando os produtos assados são vendidos soltos, não dispõem nem sequer de um rótulos sobre os ingredientes. Este é outro benefício para elas: não ter que revelar os ingredientes.
“Uma das razões por que comecei a escrever o livro foi porque sabia que se faço um ‘muffin’ em minha casa, não terá o mesmo sabor como o de um comprado. Eu queria averiguar o porquê. É muito interessante saber este porquê, já que os ingredientes e os processos são completamente diferentes.
E estas são grandes mentiras perpetuadas pelos fabricantes de alimentos–de que o que sucede nas fábricas é só uma fração em maior escala daquilo que se cozinha em casa. Mas isso é uma mentira. É uma atividade muito diferente”
As Raposas Estão Cuidando do Galinheiro
Se o leitor é como a maioria das pessoas, provavelmente pensaria que há alguém em algum lugar vigiando os interesses do consumidor. Se algo se vende como alimento, seguramente não pode ser perigoso. Será que não pode? Na verdade, era isso que deveria acontecer…
Muito frequentemente, os comitês de supervisão governamental são manejados por membros da indústria, os quais têm um grande interesse na comercialização destes ingredientes químicos; ou são por pesquisadores que a primeira vista poder-se-ia dizer que são independentes, mas na realidade, em seu trabalho cotidiano, estão recebendo grandes quantias como fundos das empresas de alimentos.
A maior parte da pesquisa utilizada para estabelecer a segurança também é levada a cabo pela própria indústria, que a prepara para demostrar que seus produtos são seguros. O que é pior é que na realidade ninguém está observando os efeitos sobre a saúde devido à exposição às toxinas dos alimentos processados.
“O que está se passando com as pessoas que consomem grandes quantidades de alimentos processados, ou as pessoas cuja alimentação está baseada nestes produtos? Ninguém está fazendo nenhuma pesquisa a respeito disso”, disse Joanna. “Existe toda uma classe de suposições de que os produtos químicos podem ser ingeridos em pequenas quantidades, mas isso não determina o efeito coquetel nos corpos das pessoas, especialmente as crianças, que obviamente são mais propensos a ser afetadas pela contaminação química. Neste exato momento, ninguém está observando isso”.
Mais Informações
Evitar os alimentos processados é uma das mudanças mais importantes que se pode fazer ao se desejar melhorar a saúde ou prevenir e mesmo abortar enfermidades. Se há alguma pergunta em sua mente sobre tudo isso bem como das razões para retornar novamente aos alimentos minimamente processados, recomendo fortemente que obtenha uma cópia do livro de Joanna: Swallow This: Serving Up the Food Industry’s Darkest Secrets. Irá auxiliar a ter mais conhecimentos e, em seguida, motivará a evitar estes alimentos tóxicos.
Devemos ter consciência de que a longo prazo, esperamos que mais pessoas se inspirem em fazer mudanças em sua alimentação para a mais saudável, protejendo sua saúde. Se não comprarmos estes alimentos, os fabricantes tenderão a deixar de produzi-los e os alimentos completos e saudáveis voltarão a se converter em uma norma.
Como disse Joanna, “temos que nos colocar no mesmo nível que estão as indústrias porque na realidade elas estão desviando nosso entendimento do que estão fazendo com nossa comida. A principal mensagem para mim é que, na Europa, temos ideia de que os alimentos processados estão melhorando. Tudo está mudando para uma forma supostamente “mais natural”. No entanto, de fato, isso não é verdade.
E realmente não podemos confiar em nossas estruturas reguladoras para que as indústrias façam o correto. Temos que adotar nosso Principio de Precaução Pessoal, como o chamo. Tu és a única pessoa que tens que te preocupares por as questões que envolvem teus alimentos. Não podes confiar de que alguém mais o fará por ti”.
No futuro, Joanna está considerando escrever outro livro sobre o processo da produção de alimentos, quando destacará as tecnologias de processamento mais atuais como as nanopartículas (nt.: ver no site, dentre outros, o link https://nossofuturoroubado.com.br/nanotecnologia-e-seguranca-do-trabalho-impactos-toxicologicos-e-psicologicos-entrevista-especial-com-arline-arcuri/) e a biologia sintética, chamada ‘SynBio‘. As nanopartículas não só são utilizadas nos ingredientes dos alimentos, como também no empacotamento e ambos usos representam preocupações sobre sua segurança. O uso da biologia completamente artificial também é desconcertante e é uma área que não tem regulamentações como se estivéssemos no Velho Oeste do século XIX.
A biologia sintética basicamente é uma forma extrema da engenharia genética que obviamente carrega uma série de riscos desconhecidos (nt.: ver neste site, dentre outros, o link https://nossofuturoroubado.com.br/do-transgenico-ao-sintetico-como-a-biologia-sintetica-escapa-da-lei/). E, da mesma forma que os alimentos transgênicos, a maioria das pessoas não tem nenhuma ideia sequer de que a biologia sintética já está sendo utilizada, ou seja, que se pode estar ingerindo regularmente. Para se saber mais a respeito do trabalho de Joanna, ver seu website, JoannaBlythmanWriting.com. Contém tudo sobre suas atividades, cobrindo as informações sobre seus sete livros.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2015.
Muito Bom o assunto das plantas alternativas para a alimentação. Muito importante.