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Arquivos & Diversidade Étnica: de Coroados a Kaingangs.

3 de junho de 2015 by Luiz Jacques

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Muito ainda está por ser escrito sobre a história indígena no RS. Sabemos que as lutas por igualdade racial travadas ao longo do último século têm trazido uma série de conquistas para os movimentos negros e indígenas, como a aprovação de leis que garantem a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e dos povos indígenas nas escolas, entretanto, também sabemos que é longo o caminho a percorrer para que haja pleno reconhecimento de nossas matrizes identitárias e sócio culturais, e que as dificuldades e o desconhecimento são ainda maiores quando tratamos dos povos indígenas, sobre os quais pouco estudamos, com os quais temos menos contato cotidiano, e pouca informação sobre sua organização, modos de vIDA, cultura material e imaterial, transmissão oral do conhecimento, hábito alimentares, técnicas Artesanais…

 

https://arquivopublicors.wordpress.com/2014/06/11/arquivos-diversIDAde-etnica-de-coroados-a-kaingangs/

Conquista dos Campos de Guarapuava. Chegão os novos Indios ao arranchamento, tirão os Camaradas da sua rôpa quanto puderão até ficarem alguns sem camiza, e só os ponches cubertos, e os vestem. Guache e aquarela: atribuído a José de Miranda, século XVIII

Conquista dos Campos de Guarapuava. Chegão os novos Indios ao arranchamento, tirão os Camaradas da sua rôpa quanto puderão até ficarem alguns sem camiza, e só os ponches cubertos, e os vestem. Guache e aquarela: atribuído a José de Miranda, século XVIII

Para que haja a garantia de direitos a estes povos, tão múltiplos em sua origem, tão ricos culturalmente, e tão massacrados pelo processo de colonização, Acreditamos que é necessário passar pelo processo de (re)conhecimento e valorização de sua história, de sua diversIDAde, de suas contribuições à nossa composição societária, processo com o qual os arquivos e seus acervos certamente têm muito a contribuir!

Neste sentido, hoje gostaríamos de compartilhar o trabalho “De Coroados a Kaingang: as experiências vivIDAs pelos indígenas no contexto de imigração alemã e italiana no RS do século XIX e início do XX”, (clique aqui para acessar) da historiadora Soraia Dornelles, pesquisadora do APERS e de outras instituições de memória, que a partir de acervos diversos buscou problematizar as experiências vivIDAs pelos indígenas Kaingang ou Coroados, como eram conhecidos ao longo do período estudado, no processo de contato com os imigrantes alemães e italianos no século XIX e início do século XX. Soraia analisa relatos memorialísticos e literários, relatórios policiais e de governantes da província, correspondências, mAPAs e jornais, buscando reconstituir as relações travadas entre os grupos Coroados originários que habitavam o planalto e os imigrantes destinados a tais territórios.

Contextualizando o leitor a respeito do modo de vIDA Kaingang e de sua subsistência ancorada na pesca, coleta e caça rarefeita, com alimentação baseada no pinhão, Soraia demonstra a importância da mata de pinheiros e da distribuição de territórios entre os grupos familiares segundo a disponibilIDAde deste Alimento principal, evidenciando o impacto causado aos locais que se deparavam com os novos e desconhecidos habitantes explorando suas terras outrora delimitadas segundo critérios ignorados que foram completamente ignorados pelo Império. A autora também desenvolve análise em torno das formas de sociabilIDAde desses indígenas, sua organização familiar, o papel da guerra e a importância das mulheres entre os Coroados, para demonstrar a relação intrínseca entre os conflitos que se sucederam com os imigrantes e sua cultura originária, que em muitos momentos entrava em choque e era desarticulada pelos valores e práticas introduzIDAs pelo Estado e pelos colonos.Colares Kaingang p. 45

Um importante exemplo tratado ao longo da dissertação é a análise das chamadas “correrias”, ou assaltos praticados pelos Coroados às colônias, muitas vezes registrados pelas fontes documentais. Durante a prática das correrias os indígenas saqueavam as roças de milho e apropriavam-se de objetos de ferro, desde os mais simples. A introdução do metal influenciou de maneira direta sua organização, sendo utilizado para produção de pontas de flechas, machados e outras ferramentas, e em trocas de diversos tipos, inclusive por mulheres – prática que aos olhos dos imigrantes era abominável, mas que pode ser compreendIDA em relação à cultura do grupo em questão. Tamanho o impacto causado pela introdução desse material na Sociedade Kaingang, que objetos como botões, fivelas, cartuchos de balas e moedas foram incorporados a colares e outros adornos por eles produzidos, originalmente com FIBras vegetais, Sementes, dentes, garras e conchas. Sabendo-se que “os colares apresentam-se enquanto objeto de demonstração de poder e prestígio, pois a inclusão de cada elemento exposto no adorno remete à inCorporação da força e poder daqueles aNimais ao seu portador”, supõem-se que as anexações de tais objetos “condensam simbolicamente os dois principais instrumentos empregados pela Sociedade colonial no empreendimento da conquista dos territórios Kaingang: as armas e o Dinheiro”. Esta apropriação é exemplar dos processos de assimilação e transformação cultural nesse contexto de contato entre culturas, e reflete a complexIDAde das relações estabelecIDAs entre imigrantes e indígenas.

Neste trabalho, construído a partir de farta documentação, Soraia também aborda a relação entre as lideranças dos Coroados, especialmente de Cacique Doble, com as autorIDAdes provinciais, as tentativas de aldeamento e as formas de resistência a ele, entre outras importantes questões, demonstrando de forma clara as potencialIDAdes dos arquivos e seus acervos para a produção de conhecimento a cerca de nossa história, que é também a história dos povos indígenas! Boa leitura e bom trabalho para aqueles que desejarem se aventurar em descobertas conduzIDAs pelas páginas dos arquivos!

Índios do Toldo Cacique Doble

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Arquivado em: Notícias Marcados com as tags: 'Apartheid' brasileiro, Comunidades indígenas, Direitos humanos, História do Brasil, Rio Grande do Sul, RS

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