Referência: lista de algumas das mais recentes pesquisas sobre aquecimento global e/ou mudanças climáticas.

Há quem diga que não existem evidências científicas do aquecimento global e/ou das ou que as pesquisas não indicam ou sugerem que estes fenômenos realmente existam. Bem, visando colaborar com o debate, listamos abaixo algumas das mais recentes pesquisas sobre o tema.

 

http://www.ecodebate.com.br/2014/02/25/referencia-lista-de-algumas-das-mais-recentes-pesquisas-sobre-aquecimento-global-eou-mudancas-climaticas/

 

Damos especial destaque para a pesquisa ‘Recent global-warming hiatus tied to equatorial Pacific surface cooling‘, que apresenta um indicativo sobre a desaceleração do aquecimento, que vem ocorrendo desde 1998. Essa desaceleração, ou hiato como o IPCC classifica, tem sido usada pelos chamados céticos do clima como argumento para dizer que está errada a crença científica de que a emissão de gás carbônico na atmosfera aumenta a temperatura do planeta. Para eles, essa conclusão sobre o impacto negativo das emissões de gás carbônico é exagerada.

No entanto, a polêmica se dá porque a maioria dos cientistas concorda que o aquecimento tem se mantido linear nesse período, mas justamente porque a maior parte do calor teria ido para o oceano*.

Sendo assim, a superfície terrestre estaria, sim, enfrentando uma pausa no aquecimento, mas porque a energia presa pelos gases do efeito estufa seria ‘enterrada’ debaixo da superfície do oceano, “transferindo” o aumento de temperaturas.

Destacamos que esta pequena lista não é de artigos de opinião, mas pesquisas devidamente publicadas em relevantes revistas científicas e submetidas a revisão por pares.

Uma boa explicação de como funciona a revisão por pares pode ser encontrada no European Food Information Council ou EUFIC (Conselho Europeu de Informação Alimentar), em http://www.eufic.org/article/pt/artid/the-scientific-peer-review-process/. Vejam, abaixo, alguns pontos desta explicação:

Como é que funciona?

Quando a investigação é submetida para publicação numa revista científica com revisão por pares, a revista convida vários (normalmente dois ou mais) especialistas independentes para avaliarem a credibilidade do trabalho. Estes especialistas apreciam a metodologia científica, os resultados e as conclusões apresentadas pelos autores, questionando se a ciência é tecnicamente credível, se a interpretação realizada é consistente com os dados apresentados e se a investigação é inovadora e abre portas a novas perspectivas de investigação.

Geralmente, os revisores são anônimos, não recebem honorários pela sua avaliação e não devem ter conflito de interesses relativamente à investigação apresentada. Se o artigo revisto pelos pares não cumprir os requisitos, o editor pode não aceitá-lo para publicação ou então solicitar alterações de acordo com críticas dos revisores, dando oportunidade aos autores de reagirem e reverem o seu manuscrito.

Esperamos que as informações sejam úteis e desejamos a todo(as) uma boa leitura

Henrique Cortez
coordenador editorial do Portal EcoDebate

Spread in model climate sensitivity traced to atmospheric convective mixing
Nature 505, 37–42 (02 January 2014) doi:10.1038/nature12829
http://www.nature.com/nature/journal/v505/n7481/full/nature12829.html

Identifying external influences on global precipitation
PNAS 2013 110 (48) 19301-19306; published ahead of print November 11, 2013, doi:10.1073/pnas.1314382110
http://www.pnas.org/content/110/48/19301.full?sid=9f5a1cc0-7b04-4d80-a620-a5d61367aa1a

* Recent global-warming hiatus tied to equatorial Pacific surface cooling
Nature (2013) doi:10.1038/nature12534
Published online – 28 August 2013
http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature12534.html

Ice Shelf Melting Around Antarctica
E. Rignot, S. Jacobs, J. Mouginot, and B. Scheuchl
Science 1235798Published online 13 June 2013 [DOI:10.1126/science.1235798]
http://www.sciencemag.org/content/early/2013/06/12/science.1235798

Warm Ocean Causing Most Antarctic Ice Shelf Mass Loss

Explaining Extreme Events of 2012 from a Climate Perspective
http://www.ametsoc.org/2012extremeeventsclimate.pdf

State of the Climate in 2012: Highlights

2012: Extreme Events
2012: Earth’s Surface Temperature
2012: Temperature of the Lower Stratosphere
2012: Humidity
2012: Snow in the Northern Hemisphere
2012: Global Sea Level
2012: Glaciers
2012: Sea Surface Temperature
2012: Ocean Heat Content
2012: Arctic Sea Ice

  • Blunden, J., and D. S. Arndt, Eds., 2013: State of the Climate in 2012. Bull. Amer. Meteor. Soc.94 (8), S1-S238.

The projected timing of climate departure from recent variability
Nature 502, 183–187 (10 October 2013) doi:10.1038/nature12540
http://www.nature.com/nature/journal/v502/n7470/full/nature12540.html

Referências do artigo he projected timing of climate departure from recent variability:

  1. Reilly, J. & Schimmelpfennig, D. Irreversibility, Uncertainty, and Learning: Portraits of Adaptation to Long-term Climate Change (Springer, 2000)
  2. Alley, R. B. et al. Abrupt climate change. Science 299, 2005–2010 (2003)
  3. Williams, J. W. & Jackson, S. T. Novel climates, no-analog communities and ecological surprises. Front. Ecol. Environ 5, 475–482 (2007)
  4. Peterson, A. T., Soberon, J., Pearson, R. G. & Martinez-Meyer, E. Ecological Niches and Geographic Distributions (Monographs in Population Biology Vol. 49) (Princeton Univ. Press, 2011)
  5. Doney, S. C. et al. Climate change impacts on marine ecosystems. Annu. Rev. Mar. Sci. 4, 11–37 (2012)
  6. Parmesan, C. & Yohe, G. A globally coherent fingerprint of climate change impacts across natural systems. Nature 421, 37–42 (2003)
  7. Chen, I.-C., Hill, J. K., Ohlemüller, R., Roy, D. B. & Thomas, C. D. Rapid range shifts of species associated with high levels of climate warming. Science 333, 1024–1026 (2011)
  8. Parmesan, C. Ecological and evolutionary responses to recent climate change. Annu. Rev. Ecol. Evol. Syst. 37, 637–669 (2006)
  9. Thomas, C. D., Franco, A. M. A. & Hill, J. K. Range retractions and extinction in the face of climate warming. Trends Ecol. Evol. 21, 415–416 (2006)
  10. Crowley, T. J. & North, G. R. Abrupt climate change and extinction events in Earth history. Science 240, 996–1002 (1988)
  11. Mora, C. & Zapata, F. A. in The Balance of Nature and Human Impact (ed. K. Rohde) 239–257 (Cambridge Univ. Press, 2013)
  12. Berg, M. P. et al. Adapt or disperse: understanding species persistence in a changing world. Glob. Change Biol. 16, 587–598 (2010)
  13. Lobell, D. B. & Gourdji, S. M. The influence of climate change on global crop productivity. Plant Physiol. 160, 1686–1697 (2012)
  14. Zhang, X. & Cai, X. Climate change impacts on global agricultural water deficit. Geophys. Res. Lett. 40, 1111–1117 (2013)
  15. Taylor, R. G. et al. Ground water and climate change. Nature Clim. Change 3, 322–329 (2013)
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  17. Epstein, P. R. Climate change and infectious disease: stormy weather ahead? Epidemiology 13, 373–375 (2002)
  18. Khasnis, A. A. & Nettleman, M. D. Global warming and infectious disease. Arch. Med. Res. 36, 689–696 (2005)
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Erupções vulcânicas explicam redução do aquecimento global, diz estudo

 

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2014/02/25/103046-erupcoes-vulcanicas-explicam-reducao-do-aquecimento-global-diz-estudo.html

Dos 14 anos mais quentes já registrados, 13 foram neste século. Mas desde 1988, o ritmo do aumento da temperatura da Terra está mais devagar. As contas dos cientistas não fecham: a velocidade do aquecimento global está muito inferior ao nível de emissões de gases estufa. Essa fase de “silêncio” ficou conhecida como hiato.

Um estudo publicado neste domingo (23) na Nature Geosciense ajuda a explicar o mistério. As erupções vulcânicas registradas desde 2000 compensariam a diferença entre o aquecimento global previsto e o observado para este século. As partículas despejadas na atmosfera pelos vulcões são capazes de refletir a luz solar e, assim, manteriam a Terra mais fria.

Simulações climáticas feitas com dados de satélites sugerem que as cerca de 20 erupções ocorridas nos últimos 13 anos foram responsáveis por até 15% da diferença entre o aquecimento previsto segundo o alto nível de emissões e o de fato registrado.

“Esse ‘hiato’ no aquecimento desde 1988 tem uma série de causas diferentes. O resfriamento causado pelas erupções vulcânicas é apenas uma delas”, pontuou Ben Santer, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, um dos co-autores do estudo.

Uma questão de sorte – Para os cientistas, os humanos contaram com a sorte na última década. O estudo não pode ser usado para apoiar a falta de iniciativa das nações para cortar as emissões de gases estufa. “Nós tivemos sorte por observar um resfriamento natural que, parcialmente, contrabalanceou o aquecimento provocado pelo homem”, comentou Santer.

“Não não sabemos como a atividade vulcânica vai se desenvolver nas próximas décadas e, por isso, não sabemos quanto tempo essa sorte vai durar.” Segundo o estudo feito por pesquisadores dos Estados Unidos e Canadá, outros motivos para a desaceleração do aquecimento global podem ser uma maior absorção do calor pelos oceanos, ou um declínio da atividade solar.

Os autores ainda não têm uma dimensão da magnitude do efeito dos vulcões. Para reduzir essas incertezas, será necessário aprimorar os modelos de simulação climática e as observações sobre as propriedades específicas dos gases expelidos nas erupções vulcânicas.

“Os vulcões dão apenas um alívio temporário à pressão implacável do aumento contínuo de emissão de gases de efeito estufa”, analisa Piers Forster, da Universidade de Leeds.

Divergências – Céticos do aquecimento global apontam a desaceleração do aquecimento da Terra observado nos últimos anos como uma prova de falhas nos modelos usados ​​para prever o fenômeno global. Eles alegam que há um exagero quanto ao efeito da retenção do calor a partir da emissão dos gases estufa, mas os autores do estudo discordam.

Grande parte dos especialistas em mudanças climáticas concordam que o planeta está excedendo o limite de aquecimento de dois graus Celsius, estabelecido em negociações climáticas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).

Em 2013, o nível de gás carbônico na atmosfera ultrapassou a marca de 400 partes por milhão (ppm), nível nunca experimentado por seres humanos. As concentrações de CO2 na atmosfera crescem de três a quatro partes por milhão a cada ano, especialmente por causa da queima de combustíveis fósseis.

(Fonte: Terra)