O metal cobalto tanto presente nos blocos de construção tipo ‘lego’ como nos babadores infantis. Etilenoglicol nas bonecas. Metil-etil-cetona em roupas. Antimônio em cadeirinhas altas de plástico e cadeira de bebê para carros. Parabenos em lenços umedecidos para bebês. D4 (nt.: conforme informativo da transnacional Merck, esta substância –octametlciclotetrasiloxaneo- ‘pode causar efeitos negativos no ambiente aquático.Possíveis riscos de comprometer a fertilidade’) em cremes infantis . Em uma análise feita pela Environmental Health News, de milhares de relatórios das maiores companhias norte-americanas, mostram que os brinquedos e os produtos infantis contêm baixas doses de dezenas de químicos industriais, incluindo alguns ingredientes surpreendentes para o público interessado nestes tipos de contaminações. Estes relatórios foram apresentados pelas 59 grandes companhias como Gap, Mattel, Gymboree, Nike, H&M e Wal-Mart, para cumprirem uma lei estadual sem precedentes.
http://www.environmentalhealthnews.org/ehs/news/2013/childrens-products
Os metais cobalto e molibdênio, usados em pigmentos, foram reportados em alguns bloquinhos de construção.
by Jane Kay
Environmental Health News – Maio de 2013.
“As crianças são especialmente vulneráveis a contaminações, oriundas do comportamento do tipo mão-para-boca, engatinhar ou brincar em pisos, quanto ao desenvolvimento dos sistemas neurológico e reprodutivo”. –Dra. Sheela Sathyanarayana, Universidade de Washington.Mais forte do que qualquer outra lei sobre a obrigatoriedade de declaração dos ingredientes químicos, nos EUA, a lei do estado de Washington Children’s Safe Product Act, decretada em 2008, mudou o jogo sobre o direito à informação em todo o país. Pela primeira vez, desde setembro do ano passado (2012), os consumidores têm acesso para pesquisar a um banco de dados online (online database) que informa quais companhias relatam a presença de “químicos de alta periculosidade” em produtos feitos e comercializados para crianças.
As 66 substâncias químicas (chemicals), coligidas das compilações feitas pelas agências tanto dos EUA como internacionais, foram escolhidos em razão de pesquisas que as conectam ao câncer ou por efeitos sobre a reprodução, o desenvolvimento e o sistema neurológico em animais ou pessoas.
Na maioria dos casos, ninguém sabe o que pode acontecer às pessoas, especialmente bebês e lactantes, que mordem e passam sobre suas peles estes produtos, ficando então expostas a baixas doses destes químicos. Para a maioria destes compostos houve pequena ou nenhuma pesquisa para investigá-los quando há exposição infantil.
No entanto, especialistas em saúde estão preocupados a respeito dos riscos desconhecidos já que está claro agora que dezenas de químicos, não testados para efeitos potenciais sobre a saúde, foram encontrados em itens do nosso dia a dia (everyday items) como roupas, tênis, móveis e brinquedos infantis.
“As crianças são especialmente vulneráveis em razão de seu comportamento de levar à boca os brinquedos e também por brincarem no piso, comprometendo seus sistemas do desenvolvimento neurológico e reprodutivo”, disse a Dra. Sheela Sathyanarayana, uma pesquisadora pediátrica junto à Universidade de Washington e do Instituto de Pesquisa Infantil de Seattle que assessorou os funcionários públicos quando escreveram a lei sobre as declarações obrigatórias de ingredientes.
Os fabricantes dizem que a presença dos químicos nos produtos não significa que ele seja danoso à saúde humana ou que seu padrão de segurança esteja sendo violado.
“Se uma substância é detectada conforme a lista do estado de Washington em brinquedo ou jogo infantil, não significa automaticamente que há um risco ou que cause preocupação. Pode ser que não haja definitivamente nenhuma exposição à substância”, diz Alan Kaufman, vice presidente da área técnica da Associação da Indústria de Brinquedos (Toy Industry Association).
horizontal.integration/flickr |
A lei de Washington foi promulgada depois das reclamações sobre os trens e outros brinquedos com chumbo. |
Funcionários creditados à agência estatal concordam. “A simples presença do químico no produto realmente não quer dizer que ela está causando dano a alguém”, diz Alex Stone, um químico do Departamento de Ecologia do estado de Washington e parte da equipe que escreveu as regulamentações.
No entanto, tentar chegar ao fundo do poço onde se escondem estas moléculas presentes em produtos infantis foi a força por trás da qual direcionou a implantação desta lei pioneira do estado de Washington. O legislador promulgou esta lei na esteira dos ‘recalls‘ dos brinquedos com os pigmentos com chumbo, o conjunto de trens ‘Thomas the Train’ e o ‘Elmo’ da Vila Sésamo, dentre outros.
Os varejistas não têm condições de procurar por brinquedos específicos e outros itens, mas podem ver que companhias informam as substâncias químicas nas classes de produtos. Existem centenas de tipos pesquisáveis de produtos (searchable product types), como conjuntos de trenzinhos, roupas, babadores e bonecas. Também os consumidores podem pesquisar por estes químicos.
Uma mãe da cidade de Seattle, Rachel Koller, que fez campanha por esta lei, disse que tentou evitar comprar produtos para sua filha de 5 anos que contivessem certas substâncias químicas. No entanto, a maioria dos compostos não estavam incluídos na lista dos ingredientes, vê-se assim há pouca informação disponível. Ela diz que estes novos bancos de dados auxiliam, embora gerem muitas questões sem respostas sobre seus riscos.
“Nós usamos a pesquisa que temos e então tomamos a melhor decisão”, informa a sra. Koller.
O primeiro relatório, editado em agosto passado (2012), requereu que as empresas com faturamento anual bruto de US $1 bilhão reportassem os químicos nos produtos que pudessem ser colocados na boca pelas crianças, abaixo de 3 anos de idade, e aqueles que fossem projetados para serem levados à boca como mordedores por exemplo, ou que fossem esfregados na pele para crianças abaixo de 12 anos. O segundo relatório, de fevereiro último (2013), foram incluídos produtos desenvolvidos para contatos prolongados com a pele como roupas, joias e roupas de cama. Relatórios feitos por empresas menores deverá vir no próximo mês de agosto (2013).
Juhan Sonin/flickr |
Em cadeirinhas altas e noutros produtos infantis têm alguns destes químicos detectáveis. |
Esta nova lei já está levando a mudanças nos produtos. Algumas companhias, incluindo Wal-Mart, Gap, Nike e VF Corp., têm apresentando documentos com declarações que afirmam estarem eliminando alguns destes químicos presentes nas listagens.
A Nike, a Lego Systems, a Gap e a Wal-Mart não responderam às indagações feitas pelo o site do EHN solicitando que comentassem esta situação. Em mensagem enviada por e-mail, a Gymboree insiste de que todos os seus produtos estão de acordo às exigências de segurança federais e estaduais ou mesmo excedem , enquanto a H&M diz que segue todos os padrões e que trabalha para limitar ou mesmo encontrar substitutos para os químicos perigosos. A Mattel (nt.: é quem é dona de toda a linha da Barbie) encaminhou as chamadas para a Toy Industry Association (nt.: o lobby das indústrias de brinquedos).
O Cobalto sobe para o topo.
O cobalto, um elemento químico usado em muitos corantes azuis e outros pigmentos, virou o favorito entre os fabricantes. Surpreendentemente, foi a substância mais comumente relatada, transformando-se de longe em elemento presente em 1.228 produtos individuais em 40 categorias diferentes. A fábrica Lego relatou sua presença nos pigmentos de alguns de seus blocos de construção, enquanto na fábrica Mattel está como corante de revestimento em brinquedos ou carrinhos de pilha para serem empurrados, como em quadros para desenhar e fantasias e implementos de super heróis. O cobalto e seus compostos também foram reportados em pigmentos e tintas de babadores para bebê vendidos pela Gap e Gymboree e em mantas sintéticas para troca de fraldas do bebê feitas pela VF Corp., o que representa estar presente em duas dezenas de marcas, incluindo Nautica, Wrangler e JanSport. New Balance e outras empresas estão usado o cobalto em superfícies como revestimento, bem como em polímeros sintéticos e têxteis de calçado.
Traços de cobalto (Traces of cobalt) têm sido encontrados na urina de praticamente todas as crianças e adultos testados nos EUA, de acordo com dados dos CDCs/U.S. Centers for Disease Control and Prevention (nt.: equivalente ao Ministério da Saúde).
“Se uma substância exigida para ser listada conforme a lei do estado de Washington, é detectada em algum brinquedo ou jogo infantil, não significa que haja risco ou causa de preocupação. De modo algum isso representa contaminação pela substância”. -Alan Kaufman, Toy Industry Association O entendimento sobre os efeitos do cobalto na saúde humana vem primeiramente dos trabalhadores metalúrgicos, conectados à exposição do trabalho, e que desenvolvem asma brônquica e doenças pulmonares, incluindo o câncer. Nas autópsias, os trabalhadores contaminados geralmente apresentam níveis mais altos de cobalto nos rins, pulmão e tecido do baço, do que trabalhadores não expostos.
Mais químicos nos produtos: Dois metais; Metil etil cetona; Parabenos; D4 e nonilfenol; Ftalatos; Bisfenol A. |
Estudos feitos com roedores mostraram cânceres de pulmão e outros, atrofia testicular, redução da fertilidade e acumulação de cobalto em certos órgãos afetando suas funções, particularmente em animais jovens. A exposição em peixes danifica espermatozoides e impede a reprodução.
Mas não existem estudos publicados de pessoas rotineiramente expostas ao cobalto presente em produtos de consumo.
O cobalto não está “na rota dos radares dos pesquisadores”, disse David Bellinger, um professor de neurologia de Harvard que estuda os efeitos da contaminação de metais sobre o desenvolvimento cerebral das crianças. “Eu não lembro de ter visto alguma vez um estudo sobre sua toxicidade potencial em crianças – ou adultos. Se há uma exposição comum e está biodisponível, então devemos olhar para isso”.
Um solvente em poliéster.
O segundo químico mais comum era um solvente industrial chamado etilenoglicol e reportado em mais de mil produtos, a maioria plásticos. Conhecido por seu uso como um anticongelante, o etilenoglicol é também utilizado para se fazer poliéster além de garrafões e garrafas d’água plásticas.
Gap, Gymboree e VF Corp., entre outros, reportaram sua presença em seus babadores infantis, bonecas e brinquedos macios. A Gymboree e a H&M reportaram sua presença em brinquedos pedagógicos e de desenvolvimento além das fantasias e disfarces. A MGA Entertainment/Little Tikes detectou em brinquedos e jogos.
Como o cobalto, pouco ou nada é sabido sobre se há algum alto risco ou efeitos sobre a saúde quanto à exposição de traços de etilenoglicol em produtos de consumo. O estado de Washington listou-o porque o Programa Nacional de Toxicologia (National Toxicology Program) concluiu que pode gerar danos no desenvolvimento humano se as exposições orais forem altas o suficiente. Regulamentadores sabiam que era um ingrediente de pomada de fraldas, produtos de limpeza do corpo e outros produtos para crianças.
louis chan/flickr |
Parabenos foram reportados em lenços umedecidos e algumas pomadas contêm um solvente. |
Respira-lo por períodos prolongados pode irritar as vias aéreas. Mas nos animais de laboratório, os rins são o órgão mais vulnerável ao dano das altas doses de etilenoglicol. Também agride o feto de animais de laboratório em altas doses, mas “não tem informação disponível sobre os efeitos quanto à reprodução e ao desenvolvimento do etilenoglicol em humanos”, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental (nt.: according to the Environmental Protection Agency).
Outras substâncias comumente utilizadas estão dois metais, antimônio e molibdênio (antimony and molybdenum), muitas vezes usados nos pigmentos amarelo, vermelho e laranja para brinquedos infantis. Eles fora reportados em quase 800 produtos, incluindo as bonecas e blocos de construção tipo ‘lego’.
Um poderoso solvente industrial, metil etil cetona (methyl ethil ketone) foi reportado em mais de 400 produtos, incluindo os plásticos e têxteis de brinquedos e roupas infantis.
Muitas outras substâncias que podem ser disruptores hormonais – ftalatos, bisfenol A (bisphenol A), parabenos (parabens), nonilfenol e D4 (nonylphenol and D4) – estão presentes em têxteis, produtos pra a pele, plásticos e outros itens infantis. Baixos níveis de ftalatos (Low levels of phthalates) foram detectados em mais do que 700 produtos.
Os riscos de vários químicos dependem da quantidade que acabam no produto e se são transferíveis de uma forma que poderiam resultar em contaminação às pessoas, disse John Meeker, professor de ciência de saúde ambiental da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan.
Alguns dos químicos listados, incluindo os metais, ftalatos e o BPA, são conhecidos de chegarem aos organismos das crianças que os inalam, tocam ou consomem. Traços destes químicos foram detectados na corrente sanguínea e na urina em levantamento nacional conduzido pelo CDC (nt.: equivalente ao Ministério da Saúde) .
“Ao longo dos anos tem sido demonstrado que alguns destes produtos químicos estão indo para o interior dos corpos das crianças. Não podemos esperar muito tempo para desvelar se causarão doenças e danos mais tarde em suas vidas”, disse Meeker.
“Ao longo do tempo vem sendo demonstrado que alguns destes químicos estão se imiscuindo nos organismos das crianças. Assim, não podemos ficar esperando para ver que no futuro estas substâncias gerarão lesões e doenças em suas vidas”. -John Meeker, Universidade de Michigan. “Agora há evidência suficiente para mostrar que devemos limitar a exposição a certas substâncias químicas, incluindo alguns ftalatos, certos pesticidas e certos retardadores de chama”, disse Meeker, que estuda os efeitos dos produtos químicos sobre a saúde , particularmente aqueles que interferem com os hormônios.
Décadas atrás, alguns químicos como o chumbo e o policlorado bifenilas (PCBs), foram largamente empregados em muitos produtos até serem reconhecidos como prejudiciais às pessoas mesmo em baixas doses. Foram ingredientes comuns em gasolina, tintas e equipamentos elétricos (nt.: os PCBs são conhecidos entre nós como Ascarel e se empregou largamente em transformadores elétricos. Este é o óleo que vazou em grandes quantidades no final de 2012, no sul da ilha de Santa Catarina).
“Isso faz com que se deseje saber qual químico que vamos olhar no futuro e perguntar como ele pode ter sido tão amplamente usado”, disse Meeker.
Pouco se sabe sobre os riscos à saúde.
Investigar os efeitos sobre a saúde dos produtos de consumo, que contenham muitos produtos químicos diferentes, apresenta-se como um desafio.
“É muito complicado faz-se um estudo deles em razão de que não se vai dosar crianças com estes químicos para ai se observar o que acontece com elas. Então, quando estamos fazendo este tipo de estudos, procuramos observar as que estão sendo expostas e tentamos analisar os resultados sobre sua saúde”, disse Sathyanarayana.
Com estes parcos entendimentos dos riscos, “devemos buscar reduzir a exposição dos pequeninos. Eles estão desenvolvendo seus sistemas e órgãos e estes químicos podem afetar todo este processo que está em desenvolvimento”, afirma a dra. Sathyanarayana.
melanie cook/flickr |
Algumas bonecas e brinquedos macios contêm estes químicos citados. |
Pesquisadores da organização Silent Spring Institute mediram (measured) os químicos em produtos de consumo, no ar e na poeira das casas, com o objetivo de que este conhecimento pudesse levar a uma redução de sua exposição. “Agora é o tempo de olhar como estes produtos de consumo afetam os níveis químicos no corpo”, ressalta o pesquisador Robin Dodson.
“Podemos medir o efeito quanto à asma. Mas e o câncer? Pode levar até 30 anos para se manifestar”, diz ele.
Os funcionários do estado de Washington afirmam que a simples presença não significa necessariamente que estes produtos sejam prejudiciais, significando de que os funcionários que fiscalizam podem acompanhar o processo industrial questionando porque estão presentes nestes produtos e se eles não podem ser feitos sem a presença destes tóxicos.
“O que esperamos fazer é ver o que está sendo reportado com frequência. Podemos examinar os dados e decidir com base na toxicidade do produto químico, se queremos ter mais ação através do processo legislativo”, disse Stone, um toxicologista do estado.
Um exemplo disso é o movimento dos regulamentadores para coletar mais informações sobre um grupo de cinco químicos relacionados – o ácido parahidroxibenzóico e quatro de seus ésteres, os parabenos – usados largamente como conservantes em pomadas, cremes, pós, adesivos e fragrâncias. A União Europeia classifica-os como disruptores endócrinos (nt.: ver em vários e vários links do site que falam sobre o que estes produtos fazem em todos os organismos vivos!). Produtos infantis, muitas vezes contêm misturas de dois ou mais parabenos e os cientistas governamentais querem considerar os efeitos sinérgicos.
“Em vez de perguntar: ‘Este produto é bom? é ruim?’ estamos tentando entender o quanto invasivo ele é em toda a cadeia de suprimentos, em todas as escalas, de todos os produtos”, disse o assessor ambiental John Williams, líder da agência quando da elaboração da lei do estado de Washington.
“Caso contrário, estaremos tateando no escuro a todas as diferentes possibilidade que um químico poderá chegar, até o consumidor final”, disse ele. “Por exemplo, se tivermos um plástico Lego, ou um botão plástico em nosso casaco e mesmo a cabeça de uma boneca de plástico. Se existe o mesmo produto químico tóxico em todos eles, esta é uma substância que vale a pena ser observada. Se encontrarmos uma alternativa para esta substância que seja menos tóxica e pode ainda servir a sua função, teremos um impacto muito mais amplo em todas as categorias de produtos”.
As Empresas dizem que o banco de dados causa confusão.
No entanto, os fabricantes dizem que compilar os dados do banco de informações não é algo útil para os consumidores.
“Reportar simples conteúdo sem o risco quanto ao seu propósito não é produtivo e ainda há muita confusão sobre esses relatos”, conforme um comunicado feito pela Juvenile Product Manufacturing Association.
O gerente de negócios global da AlphaGary Corp., Dave Kiddoo, concordou com este posicionamento. O fabricante de plásticos especiais tem assento no Comitê Consultivo do Estado que deu forma à lei de redução tóxica de Massachusetts.
“É irresponsável jogar esta lista no mundo lá fora e dizer que um determinado produto químico é errado para todas as aplicações. Uma abordagem adequada é olhar para cada aplicação e olhar para o perigo e a exposição em cada uma delas”, disse Kiddoo.
Defensores dos consumidores reconhecem que a listagem de produtos químicos não responde a perguntas sobre riscos à saúde. Mas veem o grande valor nesta primeira etapa do estado de Washington ao identificar os químicos problemáticos presentes em produtos infantis e observar quais indústrias os usam.
Yoshihide Nomura/flickr |
Children’s exposure to many of the chemicals is unknown. |
“Temos a noção de qual químico está em qual tipo de produto. A lista de ‘substâncias preocupantes’ torna-se uma listagem do tipo ‘não usar’ para os fabricantes porque ninguém quer que os consumidores saibam que seus produtos contêm químicos prejudiciais. Estas listas são essenciais para auxiliarem a transformação do mercado pela exclusão das substâncias tóxicas”, disse Ivy Sager-Rosenthal, uma porta-voz da ONG Safer States (nt.: Estados mais Seguros – http://www.saferstates.com/) uma coalizão de pressão (nt.: lobbying) sem fins lucrativos que luta pela maior divulgação dos químicos e de transparência. A coalizão apoia a legislação federal que possa vir modernizar a atual lei de substância tóxicas de 1976 (nt.: Toxic Substance Control Act), incluindo mais informação química aberta ao público.
Muitos outros estados da federação como New York, Oregon, Connecticut, Vermont, Maine e Minnesota, estão considerando vários tipos de legislação que possam forçar as indústrias a revelarem seu emprego de certos químicos nos produtos de consumo.
Depois que a lei do estado de Washington passou a ter efeito legais, as empresas Rite Aid, Wal-Mart, Vi-Jon Inc., Western Family Foods, dentre outras, mostraram que seus fornecedores teriam reformulado seus produtos infantis no sentido de eliminarem os químicos tóxicos parabenos. Já a Gap relatou que eliminou o ftalato do tipo ‘DINP’, que vinha usado em suas roupas.
Kaufman, do grupo das indústrias de brinquedos, disse que os ftalatos estão sendo substituídos nos brinquedos. Mesmo se o governo federal não esteja recomendando o banimento de três tipos de ftalatos que estão sob estudos – DINP, DIOP e DIDP – os fabricantes de brinquedos provavelmente não quererão mais usá-los, disse ele.
“Penso que as empresas têm alguns substitutos e não vão de repente querer voltar atrás”, complementou.
“Ultimately, public disclosure can motivate companies to start asking about the safety of the chemicals in their products, and speed up the shift from hazardous chemicals to safer ones.” -Megan Schwarzman, University of California, Berkeley Mas Kaufman advertiu de que alguns outros produtos químicos da lista são mais difíceis de serem substituídos. Eles podem ser as substâncias que dão aos brinquedos a capacidade de poderem ser jogados no chão, puxados, mordidos e sofrer pressões. O bisfenol A, substância usada para fazer a resina plástica ‘policarbonato’ (nt.: com a sigla PC e numerada como # 7) resistente em óculos e capacetes de ciclistas, é um exemplo, afirmou ele.
Megan Schwarzman, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, pesquisador que se especializou em questões políticas relacionadas à química verde, definiu o esforço do estado de Washington como “uma profunda arrancada para se sair do atual status quo”.
“Muita gente tem solicitado por este tipo de informações há muito tempo, no sentido de se descobrir que produtos químicos estão em nosso cotidiano. Em termos de produtos do nosso dia a dia, as informações simplesmente não estão no domínio público. Ninguém nunca antes exigiu que os fabricantes relatassem isso”, afirmou Schwarzman.
“Finalmente, a divulgação pública pode motivar de que as empresas a comecem a se questionar sobre a segurança dos produtos químicos usados em seus produtos, acelerando a troca destas substâncias químicas que são perigosas por outras mais seguras”.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, junho de 2013.