Protesto na Alemanha critica defesa da agroindústria pelo governo.

Cerca de 23 mil pessoas participaram, no último dia 21/01, de uma grande marcha contra a política agrária da Alemanha e da Comunidade Europeia. Mesmo sob chuva e muito frio em Berlim, a manifestação conseguiu mandar um forte sinal de protesto às autoridades.

 

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31/01/2012

 

O protesto da capital alemã teve como lema “Basta. Familiar em vez de Agroindustrial!”. A manifestação é organizada pela Campanha “Minha Agricultura”, que aglutina mais de 90 organizações dos movimentos de ecologia e do campo. Com o lema “Basta. Agricultura Familiar em vez de Agroindustrial!” aconteceu no inicio da Semana Verde, uma das maiores feiras de agricultura do mundo.

Essa feira conta com a presença de uma delegação brasileira, formada entre outros pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, e representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Entre as exigências do movimento está o fim do uso de antibióticos na criação de porcos e bovinos, que cada vez mais prejudicam os alimentos com resíduos nocivos para a saúde humana. Outra crítica se faz à expansão das monoculturas, responsáveis pela diminuição da biodiversidade e a exploração da terra.

Segundo a campanha “Minha Agricultura”, a alternativa à agroindústria seria uma agricultura ecológica e familiar, baseada em princípios da sustentabilidade. O novo caminho da agricultura seria importante também frente ao desafio da crise climática e das necessidades de uma proteção real dos consumidores.

Stig Tanzmann, agrônomo do EED (Serviço das Igrejas Luteranas da Alemanha), e integrante da Campanha explica que, enquanto a Alemanha importa seis milhões toneladas de soja de países do sul para alimentar o gado, exporta produtos agrícolas para a África à preço abaixo do mercado. Para ele, se trata de “um favorecimento arbitrário ao por parte do governo” do país.

A Campanha a “Minha Agricultura” na Alemanha visa influenciar a reformulação da política agrária da Comunidade Europeia, prevista para 2013. Essa política tradicionalmente favorece as grandes empresas no campo e gasta bilhões de euros com o subsídio da produção agrícola.

A Ministra de Agricultura, Ilse Aigner, foi alvo das críticas. Dias antes, ela causou indignação entre muitos camponeses e consumidores ao dizer que a fome no mundo “só pode ser combatida pela intensificação da agricultura europeia”.

Organizações de política de desenvolvimento e de camponeses afirmaram que é inaceitável usar a fome no mundo para defender a agricultura industrial. Eles defendem a agricultura familiar e em pequena escala como modelo sustentável para a produção de alimentos.

Também lembram que são os danos ecológicos causados pelo agronegócio que dificultam a segurança alimentar em muitos países. Presente na manifestação, King David Amoah, representante da redes camponesas em Gana e na África Ocidental, afirmou que a causa da fome não se deve à falta de alimentos, mas a falta de terra e meios de produção.

Os manifestantes na Alemanha também acusavam a exportação agrícola, por parte dos países industrializados, por dificultar o desenvolvimento de uma agricultura local em muitos países do sul.