Produtos Químicos Domésticos Comuns Relacionados à Doenças Humanas É Destaque em Pesquisa.

By Dr. Mercola

A poluição do ar e a química de produtos domésticos comuns e de cuidado pessoal são as maiores fontes de exposição que pode levar a uma acumulação tóxica em nossos corpos.

O Forbes Magazine¹ recentemente listou as 20 cidades mais poluidas nos EUA. No topo da lista está Fresno, Califórnia, onde os habitantes são expostos tanto a poluição das águas subterrâneas pela agricultura como a pior poluição de partículas no ar, no país, durante todo o ano.

As números dois e três na lista são Bakersfield, CA, a capital do petróleo dos EUA, e Philadelphia, PA, conhecida por suas refinarias mau cheirosas e plantas de indústrias químicas.

O melhor conselho que posso dar se alguém mora em um local pesadamente poluido é se mudar dai. Mas sei que nem sempre esta é a opção mais prática.

É dificil se falar sobre fatos ambientais sobre os quais não se tenha controle sobre eles. O melhor é focar mais a nossa atenção sobre o nosso ambiente ao redor, sobre o qual temos mais, senão todo, o controle. Afinal aquilo que colocamos dentro, sobre e no entorno de nosso corpo, diariamente, é o que vai ter o maior impacto sobre a nossa saúde.

Estudo Referencial Conecta Produtos Domésticos Comuns a Doenças Humanas.

Um norte-americano típico tem contato regular com algo em torno de 6 mil químicos e um número incontável de substâncias potencialmente tóxicas com menor frequência. Existem cerca de 75 mil substâncias químicas regularmente fabricadas e importadas pelas indústrias dos EUA, assim podemos estar expostos a qualquer um deles. Perturbadoramente, muitos deles nunca foram completamente testados quanto à sua segurança.

Alguns dos químicos mais invasivos são usados nos produtos plásticos e são conhecidos como disruptores endócrinos. Estes químicos são similares na estrutura aos hormônios sexuais naturais, assim intereferindo com seus funcionamentos normais.

E em 19 de fevereiro de 2013, a Organização Mundial da Saúde/OMS anunciou² um novo relatório co-produzido com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente/PNUMA, entitulado: Estado da Ciência dos Químicos Disruptores Endócrinos (nt.: título em inglês – State of the Science of Endocrine Disrupting Chemicals).

O relatório sugere que um banimento dos químicos disruptores endócrinos (nt.: em inglês – endocrine disrupting chemicals/EDCs) possa ser necessário para proteger a saúde das futuras gerações. O estudo conjunto é tido como o mais abrangente relatório, até o momento, sobre os disruptores endócrinos, ressaltando a ampla variedade de problemas de saúde associados com sua exposição, incluindo:

 

Testículos retráteis em jovens homens.	Câncer de mama em mulheres.	Câncer de próstata em homens.
Efeitos sobre o desenvolvimento do sistema nervoso em crianças.	Déficit de atenção e hiperatividade em crianças.	Câncer da tiróide.

 

De acordo com o relatório:

“Os diversos sistemas afetados pelos químicos disruptores endócrinos possivelmente incluem todos os sistemas hormonais e  variam desde aqueles desenvolvimentos de controle e funções dos órgãos reprodutivos até os tecidos e órgãos que regulam o metabolismo e a saciedade. Efeitos sobre estes sistemas podem levar à obesidade, infertilidade e redução da fertilidade, dificuldades de memória e aprendizado, diabetes em adulto ou doenças cardiovasculares, como também uma variedade de outras doenças”.

O Alto Preço dos Produtos ‘Convenientes’…

O estudo assinala vários dos mais comuns vilões, estando entre eles o Bisfenol-A (BPA), os PCB’s, os ftalatos e os agrotóxicos. De acordo com o relatório, estudos com animais têm demonstrado que existe “evidências muito forte” de que o BPA pode interferir com os hormônios da tiróide. Danos cerebrais, decréscimo da inteligência, déficit de atenção, desordens da hiperatividade e autismo foram também detectados serem efeitos colaterais potenciais. O BPA é um dos químicos com mais alto volume de produção do mundo e é  amplamente utilizado na produção de:

 

Garrafas pláticas de água.	Selantes odontológicos.
Garrafas de galão de plástico para leite.	Alimentos e bebidas enlatadas (a maioria tem cobertura interna plástica).
Pratos de plástico para microondas, fornos e utensílios.	Brinquedos infantis, mamadeiras, bicos e copinhos de nenê.

 

Cuidado: muitos fabricantes simplesmente fizeram a substituição do BPA pelo bisfenol-S (BPS),  um químico igualmente tóxico.³ Estudos agora mostram que o BPS está sendo detectado em urina humana em concentrações em níveis similares aos do BPA–um indicativo de que os fabricantes simplesmente trocaram um pelo outro, enquanto ainda continuam fazendo propaganda de que seus produtos são “BPA-free.” Uma pesquisa de 2012⁴ detectou que 81% das pessoas testados dos EUA e sete países asiáticos tinham BPS em suas urinas.

E um estudo⁵ mais recente soa o alarme sobre o BPS, mostrando a atividade estrogênica do químico comparável ao estradiol, o estrogênio humano mais potente.  Também se constatou que ele é capaz de melhorar a sinalização celular que media o estradiol, fazendo dele um disruptor endócrino especialmente potente. Além disso, o estudo mostrou que o BPS pode induzir a apoptose (morte celular programada) e interfere com a secreção celular da prolactina (PRL)—um hormônio que regula centenas de funções biológicas, incluindo o metabolismo, a reprodução e a lactação.

 

 

Outro químico usado na fabricação de plásticos é o ftalato, que faz com que resinas plásticas como o polivinil cloreto (PVC) sejam mais flexíveis e resilientes.  São também um dos disruptores endócrinos mais invasivos até agora descoberto. Estes produtos químicos se tornaram cada vez mais associados com alterações no desenvolvimento do cérebro masculino, bem como com defeitos genitais (genital defects), alterações metabólicas e testosterona reduzida em bebês e adultos. Os ftalatos são encontrados em, dentro outras coisas:

 

Embalagens de alimento processado.	Lubrificantes e adesivos.
Mangueiras de irrigar.	Detergentes.
Capas de chuva.	Produtos de beleza como esmalte de unhas, spray para o cabelo, xampu, desodorantes e perfumes.
Cortinas de chuveiro.	Cosméticos.
Piso de vinil/PVC e papael de parede.	Brinquedos infantis.

Três Químicos Mais Comuns para se Evitar…

“A pesquisa fez grandes avanços nos últimos dez anos, mostrando que a disfunção endócrina era muito mais extensa e complicada do que se imaginava a uma década atrás. Como a ciência continua a progredir, é tempo de tanto o manejo de químicos disruptores endócrinos como a pesquisa posterior ser sobre a exposição e efeitos destes químicos sobre a vida selvagem e os seres humanos”, diz Åke Bergman, Edito Chefe do relatório.

Se és leitor há longo tempo desta ‘newsletter’, a descoberta deste relatório da ONU não vem como uma surpresa. É o tipo da confirmação “preferível tarde do que nunca” que as evidências realmente estão se avolumando a um ponto de que não se pode mais negar. Aqueles que agiram quando estes receios foram inicialmente levantados, agora estão anos à frente de seus amigos e familiares. Além de BPAs e ftalatos, os três seguintes estão entre os produtos químicos dos mais amplamente utilizados e que devem ser evitados tanto quanto possível:

• PFOA: As panelas e utensílios de cozinha com película para não aderência são as fontes primárias dos perigosos químicos perfluorados (perfluorinated chemicals (PFOAs). Panelas com tratamento tipo ‘teflon’ rapidamente alcançam temperaturas que favorecem que a película se decomponha, liberando toxinas que estão conectadas ao câncer, danos aos pássaros e doenças da tiróide, porque se vaporizam no ar da cozinha. Recomenda-se firmemente jogar todos estes produtos fora imediatamente e substituí-los por outros tanto de cerâmcia como de vidro. Minha escolha pessoal é pelos de cerâmica porque são mais duráveis e fáceis de limpar e praticamente não têm risco de exposição a químicos prejudiciais.
• Formaldeido: Formaldeido, mais comumente conhecido como um fluido embalsamador, serve a numerosos propósitos na fabricação de produtos. É na verdade frequentemente utilizado em tecidos para lhes dar uma variedade de “propriedades que facilitem o cuidado” como também vem sendo um componente comum dos produtos feitos com madeira prensada (nt.: materiais como MDF e os antigos ‘compensados’). O formaldeido tem sido mostrado como causador de câncer em animais e provavelmente em seres humanos. Outros efeitos de saúde adversos comuns incluem fadiga, erupções cutâneas e reações alérgicas. Escolher todos os materiais naturais para nossas roupas e mobílias podem nos auxiliar a eliminar estas exposições.

Seria também sábio evitar todo o consumo de aspartame, bem como sucos de fruta engarrafados ou enlatados, pois eles têm metanol que em teu corpo se converte a formaldeído. Isso é ainda mais perigoso do que o formaldeído nos produtos, já que o nosso organismo carrega o metanol (methanol) como um Cavalo de Tróia para os  tecidos sensíveis como os do cérebro, onde uma enzima o converte em formaldeído.

• PBDEs: Estes químicos polibromados que são empregados como retardadores de chamas vem sendo conectados a alterações nos níveis dos hormônios da tiróide, descrésimo de fertilidade e numerosos problemas com o desenvolvimento fetal quando a exposição ocorre no útero. Os PBDEs são comumente detectados em itens domésticos como estofados, televisão e computador. Felizmente, muitos estados (nt.: nos EUA) agora baniram o uso dos PBDEs,  assim há algum progresso no sentido da redução da exposição.

Outra fonte comum dos polibromados, os PBDEs, é o nosso colchão e como dispendemos um terço de nossas vidas na cama, esta é uma preocupação de saúde significativa. Os fabricantes de colchões não são obrigados a informar nas etiquetas que químicos seus colchões contém. Devemos procurar colchões 100% lã, livres de tóxicos. Outra opção viável é procurar colchões que usem o material chamado Kevlar, anti-tiros em lugar destes  com retardadores. O fabricante dos EUA, Stearns and Foster, usa este processo para seus colchões, que é suficiente para estar de acordo com os padrões de segurança contra chamas.

O Que se Pode Fazer para Reduzir a Exposição Química Desnecessária da Família?

Em vez de compilar uma lista infindável do que se pode fazer para evitar, é mais fácil focar sobre o que se pode fazer para levar um estilo de vida saudável com um mínimo de exposição química o quanto for possível:

1. O máximo que for possível, comprar e comer produtos orgânicos produzidos ao ar livre (nt.: aqui é uma referência sobre os chamados ‘hidropônicos’), bem como alimentos manufaturados também orgânicos para reduzir a exposição a agrotóxicos e fertilizantes sintéticos;
2. Em vez de comer peixe convencional ou de criatórios que são muitas vezes contaminados com PCBs e mercúrio, suplementar com óleo de krill de alta qualidade ou comer peixe selvagem e testado em laboratório quanto à sua pureza.
3. Comer alimentos principalmente crus, frescos, livres de alimentos processados, pré-embalados de todos os tipos. Desta forma, evita-se automaticamente aditivos artificiais, incluindo adoçantes artificiais perigooas, corantes alimentares e MSG (nt.: sigla em inglês do glutamato monossódico).
4. Armazenar os alimentos e bebidas em vidro em vez de plástico e evitar filmes plásticos para envolver alimentos bem como não comprar alimentos enlatados (que muitas vezes estão com uma lâmina interna que contém BPA).
5. Ter a água encanada testada e, se tiver contaminantes, instalar um filtro apropriado para todas as torneiras (mesmo aquelas do chuveiro e da banheira).
6. Usar somente produtos de limpeza naturais nos lares.
7. Mudar para marcas naturais de produtos de higiene pessoal como shampoo, creme dental, desodorantes e cosméticos. O Environmental Working Group/EWG (nt.: ver no site vários artigos deste grupo) tem uma grande volume de dados⁶ para nos ajudar a encontrarmos os produtos de cuidados pessoais que são livres de ftalatos e de outros produtos químicos potencialmente perigosos. Também disponho de linhas de cuidado de pele orgânico de alta qualidade, incluindo shampoos, condicionadores de cabelo e creme corporal que são completamente naturais e seguros.
8. Evitar usar purificadores de ar artificiais, secadores de lençóis (nt.: para entender melhor ver – http://www.wisegeek.com/what-are-dryer-sheets.htm#slideshow), amaciantes de tecidos e outros perfumes sintéticos.
9. Substituir potes e panelas com anti-aderentes por panelas e utensílios de cerâmicas ou vidro.
10. Quando reformar a casa, procurar por alternativas “verdes”, livres de tóxicos em vez de serem com tintas regulares e coberturas com pisos de vinil/PVC.
11. Substituir a cortina do chuveiro de PVC por uma de tecido ou instalar portas de vidro no box. A maioria dos plásticos flexíveis como a cortina de chuveiro contém plastificantes perigosos como os ftalatos.
12. Limitar o uso de medicamentos (com receita e no balcão) o máximo que for possível. Medicamentos são químicos também e deixam resíduos além de serem bioacumulativos.
13. Evitar aspergir agrotóxicos em torno das casas ou inseticidas que contenham DEET (nt.: é um composto químico que serve como repelente de insetos. Nome químico: N,N-dimetil-meta-toluamida ou N,N-dimetil-3-metilbenzamida ou Benzamida, N,N-dietil-3-metill-. É fabricado para ser aplicado diretamente na pele ou nas roupas.) sobre os seus corpos. Existem alternativas seguras, efetivas e naturais pelo mundo a fora.

Limitar a Exposição Química é Importante para uma Ótima Saúde.

É importante fazer estes passos, positivos e graduais, em direção ao decréscimo dos riscos com os químicos através de escolhas de um estilo de vida saúdavel. Enquanto se faz a mudança para remover ou reduzir os químicos em nossas casas, lembrar que um dos caminhos para reduzir (reduce your toxic load) significamente a carga tóxica é ter muito atenção naquilo que estamos comendo.

Alimentos integrais produzidos organicamente e com a técnica biodinâmica são realmente a chave do sucesso nesta busca e, como um prêmio, quando se come de forma correta, pode-se otimizar o sistema natural de desintoxicação do próprio corpo, pode ndo então auxiliar a eliminar toxinas que o organismo recebe de outras fontes.

A poluição ambiental é um problema massivo, mas para a maioria não há soluções imediatas que resolvam isso. Nosso tempo será gasto de maneira mais eficaz se nos focarmos sobre nosso ambiente imediato;  nossa casa e todos os produtos utilizados ou que entramos em contato cotidianamente. Limpando esta situação poderemos ir bem longe no sentido de reduzirmos nossa carga de contaminação e por isso diminuirmos nosso risco de problemas de saúde induzidos por estes químicos.

Fontes e Referências

• The Telegraph February 19, 2013
• Medical News Today February 19, 2013
• MailOnline February 19, 2013
• Science Daily February 19, 2013

• ¹ Forbes Magazine, Americas 20 Dirtiest Cities
• ² WHO February 19, 2013 Press release
• ³ Greenmedinfo.com March 6, 2013
• ⁴ Environ Sci Technol. 2012 May 23. Epub 2012 May 23. PMID: 22620267
• ⁵ Environ Health Perspect. 2013 Mar 1 ;121(3):a97
• ⁶ EWG Skin Deep Database

 

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, março de 2013.