Ao menos nove cidades no Irã estão, há 10 dias, cobertas por uma espessa névoa marrom. E essa nuvem de poluição vem sendo culpada pela morte de centenas de pessoas no país. Segundo o ministério da Saúde do país, cerca de 4.460 pessoas morreram em decorrência da poluição nos primeiros nove meses do ano passado, apenas na capital Teerã.
http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2013/01/08/90446-poluicao-mata-mais-de-4-000-pessoas-em-teera-em-9-meses.html
No auge da crise, as internações em hospitais aumentaram em pelo menos um terço e os corredores de clínicas estão lotados de pessoas com dificuldade para respirar, especialmente crianças e grávidas em busca de tratamento.
O escritório da BBC em Teerã, localizado em uma área mais elevada da capital, normalmente tem uma vista clara de toda a cidade. Mas nos últimos dias, é possível ver apenas o contorno dos prédios mais altos e uma visão turva da torre de comunicação Milad.
Caminhar pelas ruas de Teerã é impossível sem usar uma máscara cirúrgica cobrindo o nariz e a boca. Mas os olhos lacrimejam e a garganta arde por causa de uma mistura de poluentes, formada por partículas contendo chumbo, benzeno e dióxido de enxofre.
Doenças respiratórias e câncer – Abarrotada de carros e cercada de fábricas e usinas, Teerã é conhecida por sua poluição, particularmente nos invernos secos, sem muito vento, como o atual. Mas a qualidade do ar vem piorando recentemente e está pior do que nunca.
Segundo estudos, Teerã tem menos de 100 dias saudáveis por ano. Segundo o ministério da Saúde, houve um aumento na incidência de doenças respiratórias e ligadas ao coração, assim como diversos tipos de câncer, relacionados à poluição.
Por ano, os 5,5 milhões de veículos na cidade despejam cerca de cinco milhões de toneladas de gás carbônico e outros gases na atmosfera.
Alguns especialistas acreditam que o combustível produzido no país é de baixa qualidade e isso teria agravado a poluição. O governo nega.
Órgãos públicos, escolas e bancos reabriram neste domingo, após o governo ter decretado o fechamento dessas instituições por cinco dias, para reduzir a poluição crônica.
Rodízio – Enquanto isso, o governo impôs severas leis para restringir o trânsito em Teerã. O rodízio que vigora atualmente tira cerca de metade dos veículos das ruas todos os dias. Mas essas são medidas de curto prazo e não têm um impacto real a longo prazo.
Sem uma estratégia governamental efetiva para coibir a poluição, a população precisa esperar pela chuva e pelos ventos para levar a névoa embora.
No hospital Farmaniyeh, no nordeste da cidade, as crianças tossem na sala de espera.
“Ouça sua mãe, tente não sair de casa e beba água e leite o máximo que puder”, diz o dr. Bahrami para um garoto de 10 anos que tosse ao respirar.
“Você pode misturar água quente e mel e dar para ele beber”, diz o médico à mãe do garoto.
Com a população de 14 milhões de pessoas, Teerã precisa de um plano estratégico para lidar com a poluição. Mas quando os ventos retornarem e a poluição for reduzida, o problema será rapidamente esquecido – até a névoa marrom voltar a tomar a cidade.
Brasil – Enquanto na capital do Irã, uma média de 495 pessoas morrem por mês, em São Paulo esse número é de cerca de 300 mortes.
(Fonte: UOL)