ClimaInfo
27.10.23
Novo relatório da Universidade das Nações Unidas (UNU) aponta para proximidade cada vez maior de “pontos de inflexão” que podem dificultar a vida na Terra.
A persistência da crise climática, somada à perda da biodiversidade, está pressionando as condições de vida na Terra a um cenário jamais visto pela humanidade. Essa é a conclusão de um novo relatório da UNU, divulgado nesta semana, que sintetizou os “pontos de inflexão do risco” que estão se tornando cada vez mais prováveis e como ainda há tempo para evitar o pior.
Como o Guardian explicou, os pontos de inflexão do risco são diferentes dos pontos de inflexão climática. Enquanto estes dizem respeito a mudanças em grande escala impulsionadas pela ação humana sobre o clima global, aqueles estão ligados à vida das pessoas através de sistemas sociais e ecológicos complexos.
“Um ponto de inflexão de risco é o momento em que um determinado sistema socioecológico não é mais capaz de amortecer riscos e fornecer suas funções esperadas, o que aumenta consideravelmente o risco de impactos catastróficos nesses sistemas”, explicou o relatório. “Os pontos de inflexão de risco vão além dos domínios individuais do clima, dos ecossistemas e da tecnologia em geral. Em vez disso, eles são inerentemente interconectados e também estão intimamente ligados às atividades humanas e aos meios de subsistência”.
Entre os pontos de inflexão assinalados pelo estudo, estão o esgotamento dos estoques de água subterrânea, a perda de glaciares nas montanhas (sendo que ambos prejudicam o fornecimento de água doce às comunidades humanas), o acúmulo de detritos espaciais (que destroem satélites meteorológicos e podem impedir previsões de eventos climáticos extremos), e até mesmo a insustentabilidade do setor de seguros para assegurar construções em geral (por conta da intensificação de eventos extremos).
“À medida que extraímos indiscriminadamente nossos recursos hídricos, danificamos a natureza e a biodiversidade e poluímos a Terra e o espaço, estamos nos aproximando perigosamente da beira de vários pontos de inflexão de risco que podem destruir os próprios sistemas dos quais nossa vida depende”, explicou Zita Sebesvari, autora principal do relatório e diretora-adjunta do Instituto de Segurança Ambiental e Humana (EHS) da UNU.
A Reuters destacou os principais pontos do relatório da UNU sobre os pontos de inflexão de risco.
Em tempo: O novo presidente do Painel Intergovernamental da ONU para Mudança do Clima (IPCC), Jim Skea, expressou ao Financial Times sua preocupação com a probabilidade do mundo conseguir limitar o aquecimento global em 1,5oC em relação aos níveis pré-industriais, como defendido pela ciência climático e definido pelo Acordo de Paris. Para Skea, que foi coautor do relatório especial do IPCC sobre a meta de 1,5oC, as reduções esperadas nas emissões a partir de 2018, quando o documento foi lançado, não se concretizaram. “Ainda é possível que o aquecimento fique abaixo de 1,5oC. Mas, a cada ano que continuamos a emitir os níveis que temos neste momento, isso se tornará cada vez menos provável”, disse.