Pesquisa nos EUA também encontra glifosato no ar e na água da chuva.

Um novo artigo científico publicado na revista Enviromental Toxicology and Chemistry relata a detecção do herbicida glifosato, bem como do metabólito AMPA, um derivado tóxico da degradação do glifosato no meio ambiente, em mais de 75% de amostras de ar e de água de chuva no estado do Mississipi, nos EUA. O estudo foi realizado por pesquisadores do US Geological Service, órgão de pesquisa do governo dos EUA, e compara amostras de ar e de chuva coletadas semanalmente durante as épocas de cultivo em 1995 e 2007, na região agrícola do delta do Mississipi.

 

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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,

LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS

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Número 665 – 28 de fevereiro de 2014

Um novo artigo científico publicado na revista Enviromental Toxicology and Chemistry relata a detecção do herbicida glifosato, bem como do metabólito AMPA, um derivado tóxico da degradação do glifosato no meio ambiente, em mais de 75% de amostras de ar e de água de chuva no estado do Mississipi, nos EUA.

O estudo foi realizado por pesquisadores do US Geological Service, órgão de pesquisa do governo dos EUA, e compara amostras de ar e de chuva coletadas semanalmente durante as épocas de cultivo em 1995 e 2007, na região agrícola do delta do Mississipi.

Trinta e sete compostos químicos foram detectados nas amostras de ar ou chuva em 2007, 20 das quais estavam presentes tanto no ar como na chuva. O glifosato não havia sido analisado em 1995, mas foi o agrotóxico predominante em 2007, tendo sido detectado em 86% das amostras de ar e em 77% das amostras de chuva.

Segundo o relatório, foram aplicados 2 milhões de kg de glifosato no estado do Mississipi em 2007, ou 55% do total de herbicidas naquele ano, o que é condizente com o resultado que mostra a prevalência do herbicida nas amostras de ar e água. E, embora o glifosato não tenha sido analisado em 1995, dados sobre o uso do produto apontam que ele representava apenas 3% do total de herbicidas aplicados no estado. Se estiver correta, essa estimativa revela um aumento de 18 vezes nas concentrações de glifosato no ar e na água de chuva em apenas 12 anos – o que é devido à expansão das lavouras transgênicas de soja e milho tolerantes ao veneno.

Os pesquisadores observam que “o padrão de concentração no ar para o glifosato em 2007 foi similar àquele de outros herbicidas comumente detectados tanto em 1995 como em 2007, em que as concentrações mais altas ocorreram em abril e maio. Entretanto, havia concentrações detectáveis de glifosato ao longo de toda a estação de cultivo, o que é condizente com a forma como o glifosato é utilizado em lavouras transgênicas, incluindo aplicações de pós-emergência ao longo de todo o ciclo produtivo.”

Estudo similar já havia sido realizado no Brasil, no município de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, vitrine do agronegócio e da produção de soja. Em 2006 essa cidade foi banhada por uma chuva do herbicida paraquate, classificado pela Anvisa como “Extremamente Tóxico” para a saúde (Classe I). O produto foi despejado por um avião agrícola que se apressava por terminar o serviço antes da chuva, e atingiu casas, jardins, hortas, escolas e canteiros públicos. Embora eventos desse tipo sejamrecorrentes, o episódio de Lucas do Rio Verde ganhou repercussão na mídia e motivou um conjunto de ações sobre o tema na região. Nesse contexto, teve início o projeto de pesquisa “Impacto dos Agrotóxicos na Saúde do Ambiente na Região Centro-Oeste”, coordenada pelo médico e doutor em toxicologia Wanderlei Pignati, Professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e realizada em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás entre 2007 e 2010.

Nessa pesquisa também foram encontrados resíduos de agrotóxicos em amostras de ar e água de chuva: 11% das amostras de ar e mais de 40% das amostras de água da chuva coletadas no pátio de 4 escolas públicas do município de Lucas do Rio Verde continham venenos. Também foram encontrados agrotóxicos na água de poços artesianos e, ainda mais grave: no sangue, na urina e no leite materno de habitantes do município (no caso do leite, foram encontrados resíduos de ao menos um tipo de veneno em 100% das amostras de leite das 62 mulheres que participaram da pesquisa, entre a 3ª. e a 8ª. semana após o parto).

Esses estudos evidenciam a gravidade das consequências sobre a saúde pública, sobretudo nas regiões do agronegócio, advindas do modelo convencional de agricultura, baseado em grandes monoculturas intensivas no uso de venenos. Também revelam como estamos sujeitos aos riscos da exposição aos agrotóxicos através do ar que respiramos e da água que bebemos.

O artigo “Pesticides in Mississippi air and rain: A comparison between 1995 and 2007” (Agrotóxicos no ar e na chuva do Mississipi: uma comparação entre 1995 e 2007) foi publicado em versão eletrônica em 19/02/2014, previamente à publicação impressa:

Michael S Majewski, Richard H Coupe, William T Foreman, Paul D Capel. Pesticides in Mississippi air and rain: A comparison between 1995 and 2007. Environ Toxicol Chem. 2014 Feb 19. Epub 2014 Feb 19. PMID: 24549493

– Com informações de:

Roundup weedkiller found in 75% of air and rain samples, gov. study findsGreenMedInfo, 20/02/2014.

 

Mercado de glifosato deve alcançar US$ 8,79 bilhões nos próximos 6 anos

O mercado mundial de glifosato deve atingir, até 2019, um montante de US$ 8,79 bilhões. É o que aponta o relatório de mercado “O mercado de glifosato para culturas transgênicas e convencionais – análise global da indústria, tamanho, participação, crescimento, tendências e previsões 2013 – 2019”, produzido pela Transparency Market Research.

De acordo com o estudo, o mercado de glifosato mundial deve crescer a um CAGR (taxa composta de crescimento anual) de 7,2% no período entre 2013 e 2019. No ano passada, essa indústria foi avaliada em US$ 5,460 bilhões, com demanda de 718,6 mil toneladas.

O crescimento se dará devido ao aumento da adoção de culturas transgênicas tolerantes ao glifosato nos próximos seis anos. As regiões que mais vão demandar o produto serão as economias emergentes da América Latina e Ásia/Pacífico.

Por outro lado, dois fatores devem pressionar o crescimento do mercado: o primeiro é o rápido aparecimento e evolução das ervas daninhas resistentes ao glifosato. Outro componente são as rigorosas regulamentações sobre o uso de agroquímicos, que são especialmente restritas na Europa.

Como resposta aos fatores mencionados, os principais fabricantes do produto, como a Monsanto, Dow AgroSciences e DuPont, foram mudando seu foco para o desenvolvimento de sistemas integrados de manejo de plantas daninhas. O objetivo é reduzir a dependência de um herbicida dominante individual.

O mercado global de glifosato está concentrado em quatro grandes ‘players’, que detêm mais de 50% de participação. São eles: Monsanto Company, Ltd. Nufarm, a Syngenta AG., DowAgroSciences LLC, EI Du Pont de Nemours and Company. Também são relevantes as empresas Zhejiang Xinan Chemical Industrial Group Company, Ltd., Jiangsu Good Harvest-Weien Agroquímicos Co., Ltd . Nantong e agroquímicos Jiangshan & Chemicals Co., Ltd., entre outras.

Agrolink13/02/2014