Pesquisa da Embrapa Semiárido aponta contaminação da água do rio São Francisco por resíduos químicos e biológicos.

O que apenas era uma desconfiança ou especulação está a se confirmar: a água do rio São Francisco que banha os quatro municípios baianos (Sobradinho, Sento Sé, Remanso e Casa Nova) localizados à borda do lago formado pela Barragem de Sobradinho, apresenta indícios de contaminação por resíduos químicos e biológicos. Em vários pontos do Lago, metais pesados, coliformes fecais e substâncias químicas já se misturam à água em proporções acima da permitida pela legislação brasileira.

 

 

http://www.ecodebate.com.br/2013/10/07/pesquisa-da-embrapa-semiarido-aponta-contaminacao-da-agua-do-rio-sao-francisco-por-residuos-quimicos-e-biologicos/

 

 

Bacia do Rio São Francisco
Bacia do Rio São Francisco

O que apenas era uma desconfiança ou especulação está a se confirmar: a água do rio São Francisco que banha os quatro municípios baianos (Sobradinho, Sento Sé, Remanso e Casa Nova) localizados à borda do lago formado pela Barragem de Sobradinho, apresenta indícios de contaminação por resíduos químicos e biológicos. Em vários pontos do Lago, metais pesados, coliformes fecais e substâncias químicas já se misturam à água em proporções acima da permitida pela legislação brasileira.

É uma situação muito preocupante, afirmam as pesquisadoras Alessandra Monteiro Salviano Mendes e Paula Tereza de Souza e Silva, da Embrapa Semiárido. E embora manifestem essa opinião com base em informações preliminares, os dados de amostras coletados em 27 locais diferentes e em períodos de maior e menor cota do Lago, dão uma boa noção da realidade atual e dos riscos que representa sua evolução se mantido o atual modelo de agricultura praticado na região. Outras campanhas de coleta estão sendo realizadas para confirmação desses dados.

De acordo com as pesquisadoras, as análises das amostras identificaram teores totais de metais pesados – ferro (Fe) e cádmio (Cd) – superiores aos que são permitidos por lei. E o aumento da concentração desses elementos na época de cheia do rio, pode estar relacionado, entre muitos outros fatores, “com o carreamento do solo pela erosão para dentro do Lago no período de chuva e com o avanço das áreas agrícolas para o Lago, na época de menor cota”, explicam.

O níquel (Ni) e o cromo (Cr) também foram constatados em elevadas quantidades, em pelo menos um ponto de coleta. Para ela, a presença de metais pesados na água que conhecidamente estão presentes em alguns fertilizantes e agrotóxicos normalmente utilizados na atividade agrícola da região, são indicativo da influência desta atividade na qualidade da água do Lago de Sobradinho.

Outras substâncias, como o acefato, metalaxil, oxyfluorfen, pendimetalina, e carbendazim, foram detectados em 90% das amostras, indicando a potencial de contaminação da água do Lago por agrotóxicos que são muito utilizados nos cultivos de cebola.

Um dado que também merece atenção é o que constata que 99% das amostras de água coletadas em áreas rurais ribeirinhas nos municípios de Sobradinho, Casa Nova, Sento Sé e Remanso apresentaram altas concentrações de coliformes fecais. A contaminação detectada decorria a presença de estercos de animais. Nesses locais, as águas são impróprias para o consumo humano. Segundo a portaria n°2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, uma água para consumo humano deve estar ausente de coliformes fecais.

Entre os 4 pontos de coleta do município de Remanso, de acordo com as pesquisadoras, apenas num lugar, identificado como Salgadinho, a água estava apropriada para uso pelos agricultores e suas famílias.

Este trabalho é realizado num dos planos do projeto “Ações de desenvolvimento para produtores agropecuários e pescadores do território do entorno da Barragem de Sobradinho-BA” executado pela Embrapa e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF). As pesquisadoras são responsáveis por avaliar e monitorar como as atividades agropecuárias afetam a qualidade do solo na região de entorno e da água do Lago.

Rebert Coelho Correia, pesquisador da Embrapa Semiárido e coordenador do projeto, explica que embora os dados ainda não sejam os definitivos, eles apontam uma situação preocupante e dão uma noção da gravidade da realidade atual e dos riscos que representa sua evolução se mantido o atual modelo de agricultura praticado na região.

“Nós vamos buscar as prefeituras, que são parceiras na execução do projeto, e a sociedade desses municípios para discutirmos o problema que o estudo das pesquisadoras aponta. Precisamos alterar essa situação, com rapidez”, afirma.

Mais informações:

Alessandra Mendes Salviano – pesquisadora,
[email protected]

Paula Teresa de Souza e Silva – pesquisadora,
[email protected]

Rebert Coelho Correia – pesquisador
[email protected]

Fernanda Birolo – jornalista
[email protected]

Marcelino Ribeiro – jornalista
[email protected]

Informe da Embrapa Semiárido.

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