Pegada de carbono da JBS cresce 51% e supera países como Itália

https://climainfo.org.br/2022/04/24/pegada-de-carbono-da-jbs-cresce-51-e-supera-paises-como-italia

ClimaInfo, 25 de abril de 2022.

A maior produtora de proteína animal do mundo, a brasileira JBS, segue escorregando quando o assunto é o impacto de suas operações em termos de emissões de gases de efeito estufa. Um levantamento conduzido por organizações internacionais mostrou que a pegada de carbono da empresa aumentou 51% nos últimos cinco anos, puxada principalmente pelo impacto do desmatamento em sua cadeia de fornecimento. Este valor contraria diretamente os objetivos da JBS de se tornar “carbono zero” até 2040.

Liderada por Institute for Agriculture and Trade Policy (IATP), Feedback, Mighty Earth e DeSmog, a análise utilizou metodologias aprovadas pelo IPCC para estimar o volume de emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa nos negócios da JBS em todo o mundo. Segundo o levantamento, as emissões acumuladas da empresa em 2021 ficaram em 421 milhões de toneladas de CO2 equivalentes, bem acima das 280 milhões de toneladas de CO2e observadas em 2016. De acordo com os autores do levantamento, esse volume é superior à pegada anual de carbono de países como Itália e Espanha, e próxima da de outras nações europeias, como Reino Unido e França.

“É impressionante que a JBS continue a reivindicar ações e objetivos climáticos aos seus investimentos, ao mesmo tempo em que aumenta massivamente suas emissões”, comentou Shefali Sharma, diretora do IATP. “Nossas estimativas mostram claramente o dano causado por anúncios vazios de net-zero”.

Os dados evidenciam também o desafio que investidores e acionistas enfrentarão com a falta de avanços climáticos da JBS no contexto de exigências cada vez mais rígidas de sustentabilidade por parte do mercado financeiro. “Já é hora de bancos e investidores, muitos dos quais adotaram suas próprias metas net-zero e se comprometeram a acabar com o desmatamento, deixem de financiar o caos climático e a destruição da natureza, desligando seu apoio financeiro à tóxica JBS e suas subsidiárias”, defendeu Carina Millstone, diretora-executiva da Feedback.

Bloomberg e Financial Times repercutiram essas informações e a cobrança à JBS pelo aumento de suas emissões de GEE.