Onde estão as mãos brancas na fome do mundo?
[NOTA DO WEBSITE: importantíssima matéria que mostra, mais de 500 anos depois, o que os enviados da Igreja romanocêntrica não tiveram condições de perceber e compartilhar com o mundo branco, a beleza e a referência divina que os povos originários, de todo o mundo, já vinham praticando e vivenciando há milênios. Mesmo com a situação criminosa atual da desigualdade social, econômica e humana, devemos acolher a humildade da Igreja].
O Cardeal Peter Turkson, Prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, em seu discurso na Pré-Cúpula da ONU sobre Sistemas Alimentares que está sendo realizada em Roma, disse que para aumentar a produção de alimentos, é preciso valorizar os pequenos produtores indígenas e tradicionais, “que mantêm uma relação saudável com a terra que cultivam”
A reportagem é de Alessandro Di Bussolo, publicada por Vatican News, 28-07-2021.
Para aumentar a produção mundial de alimentos em mais de 50%, e assim suprir as mais de 9 bilhões de pessoas que deverão povoar o planeta até 2050, “é necessário promover os sistemas alimentares indígenas“. Isto requer o estabelecimento de “um diálogo permanente de conhecimento com os povos indígenas/tradicionais de todo o mundo que permitirá a elaboração de políticas públicas globais que valorizem os pequenos produtores indígenas e tradicionais como protagonistas de uma ação global para combater a pobreza alimentar”. Este é o centro do discurso proferido pelo Cardeal Peter Kodwo Turkson, Prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, na Pré-Cúpula da ONU sobre Sistemas Alimentares que está sendo realizada em Roma, na sessão de discursos sobre “Sistemas Alimentares Indígenas e Dieta Natural“. Em seu discurso o cardeal explicou que o uso destes sistemas alimentares, definidos como “agroecossistemas“, será especialmente útil “em países com sistemas agrícolas sensíveis às mudanças climáticas (por exemplo, a variabilidade das chuvas, a temperatura, a seca, as enchentes)”.
As sete regiões socioculturais identificadas pela FAO
Por esta razão, lembrou o Cardeal Turkson, a FAO, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, “identificou sete regiões socioculturais para representar os povos indígenas do mundo: África; Ásia; América Central, América do Sul e Caribe; Ártico; Europa Central e Oriental, Federação Russa, Ásia Central e Transcaucásia; América do Norte e Pacífico“. Um próximo passo, para o Prefeito do Dicastério do Vaticano, “seria identificar e aplicar as instituições informais que permitiram a persistência dos sistemas alimentares ao longo do tempo” e “organizar os sistemas alimentares dessas regiões à medida que se desenvolvem ao longo do tempo”.
As instituições indígenas suprimidas devem ser restabelecidas
Como grande parte das terras do mundo “são espaços indígenas“, concluiu Turkson, “a restauração de sistemas eficazes de gestão de recursos bioculturais em todo o mundo deve incluir a manutenção, e em alguns casos o restabelecimento, de instituições indígenas em múltiplos níveis. Em suas observações, o Cardeal ganense lembrou que “muitas pesquisas e estudos sobre a produção de alimentos indígenas destacaram seu potencial mesmo no caso de mudanças no uso do solo e do clima”, e o grande valor de sua restauração no futuro. Os povos indígenas souberam proteger o conhecimento que permitiu a perpetuação de seus sistemas agroalimentares ao longo do tempo”, disse o cardeal, “e este conhecimento pode ser usado nos territórios com pobreza alimentar.
A agricultura comercial é prejudicial às espécies alimentares indígenas
Citando estudos sobre a produção de alimentos indígenas no Havaí e na Austrália, Turkson enfatizou que o uso de técnicas tradicionais provou ser crucial para a viabilidade e a resiliência das culturas indígenas e das espécies alimentares, enquanto a introdução de espécies estrangeiras, acompanhadas de fertilizantes, pesticidas, herbicidas, “compromete seriamente esta vitalidade, e a agricultura tradicional indígena na África demonstra isto”. Criar novos habitats, como faz a agricultura comercial, para as espécies indígenas pode ser prejudicial para elas, “como a necessidade de usar fertilizantes químicos (efetivo somente quando o solo está morto), pesticidas (efetivo somente para proteger plantas insalubres) e máquinas agrícolas (útil somente quando uma grande área tem que ser cultivada)”. Esses métodos”, segundo o cardeal Turkson, “são ineficazes ou mesmo prejudiciais em solos férteis, culturas saudáveis e sementes pequenas e locais”. No entanto, interesses econômicos impulsionam algumas dessas práticas ecocidas“!