Agricultura urbana e independência alimentar

Agricultura urbana e independência alimentar. Há três anos família com o que produz em casa, em  bairro do Rio de Janeiro.

 

 

http://extra.globo.com/noticias/rio/pai-filha-se-alimentam-ha-tres-anos-apenas-com-itens-que-produzem-em-casa-no-centro-de-campo-grande-18381875.html

 

 

Vanessa e Maurício Danciger com os milhos crioulos colhidos no quintal de casa

Vanessa e Maurício Danciger com os milhos crioulos colhidos no quintal de casa Foto: Guilherme Pinto

Desde 2009, o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, com cerca de 5,2 kg de veneno por habitante. Mas na casa de Studio Vanessa Danciger CineArt, de 34 anos, e Maurício Danciger, de 62, não entra nem um grama. Há três anos, o pai e a filha, que moram no centro de Campo Grande (nt.: bairro da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro), se alimentam apenas do que plantam.

Logo na entrada do imóvel é possível se deparar com os diversos tipos de plantas, cada uma em seu vaso: orégano, salsinha, manjericão… No meio deles, cresce mato e plantas. É essa organização dos vasos que faz com que haja um combate de pragas sem uso de agrotóxicos. A ideia, conta a agropecuarista formada pelo Colégio Técnico da Rural, é fazer com que o vegetal sirva de isca.

 

Uma das frutas do jardim em Campo Grande

 

“Desta forma, não precisamos usar inseticidas. Muitas pestes são atraídas por essas folhagens e se aproveitam delas. A ideia é deixar a natureza funcionar sozinha, mas sempre mantendo o olho nela”, diz Vanessa, com o conhecimento de quem fez cursos também na Fundação Oswaldo Cruz, Emater-Rio, Pesagro.

A rotina para manter a horta orgânica é rígida. Ela acorda às 4h para regar as plantas e fazer a colheita dos alimentos maduros. De 15 em 15 dias, é feito um novo plantio. No regador, água com um pedaço de carvão para dar força à planta. Limpar a terra nem pensar: o que cai ou morre fica para servir de adubo: “Acompanhar o crescimento das plantas é de suma importância para uma horta saudável, mas temos que interferir respeitando todo o ciclo da natureza”.

Pai e filha perderam, juntos, 85 quilos

A mudança na alimentação foi uma tentativa, com sucesso, de melhorar a saúde de Maurício. Há 15 anos, ele tomava três remédios para controlar a pressão sanguínea e foi informado pelo médico que precisaria aumentar a dosagem. A notícia não agradou ao agricultor. Ele reduziu aos poucos a quantidade de alimentos industrializados até chegar a zero.

“Com os alimentos orgânicos e sem conservantes, percebi mudanças e, hoje, não tomo mais remédios”, comemora o fotógrafo, que chegou a emagrecer 40 quilos.

 

O corredor de entrada cheio de plantas que dá acesso ao Quintal da Vanessa

O corredor de entrada cheio de plantas que dá acesso ao Quintal da Vanessa Foto: Guilherme Pinto

O mesmo aconteceu com Vanessa que, além de ter eliminado as dores da endometriose e da gastrite, perdeu 45 quilos.

Fabricação de bolos sem conservantes

Com mais disposição e menos problemas de saúde, pai e filha conseguiram se empenhar no trabalho da produtora de vídeo e foto Studio Vanessa Danciger CineArt, que têm há 34 anos, e na dedicação às plantas. Eles montaram um espaço nos fundos do imóvel, o Quintal da Vanessa, onde passaram a vender parte da produção de alimentos.

A loja foi aberta em fevereiro com o intuito de dividir com a população o estilo de vida saudável. Afinal, no terreno de 1.500 metros quadrados, pai e filha produzem 40 pés de plantas alimentícias não convencionais e outros 100 de frutas, legumes, flores, entre outros. É possível comprar às terças, das 9h às 13h, e domingo, das 8h às 12h30m, na Rua Professor Gonçalves 109, em Campo Grande.
Além dos produtos da horta, Vanessa faz, em sua cozinha, produtos sem conservantes, sem glúten, sem açúcar e sem lactose. Entre eles, bolo de cenoura com cobertura de cacau com melado, bolo de milho crioulo, cuca de banana, pão de inhame com linhaça e gergelim, cajuzinho de amendoim germinado, leite de inhame, suco de chaya com limão e farinhas.

Orgânicos para casa e para eventos

Por causa do trabalho com fotos e vídeos, Vanessa e Maurício tinham costume de comer salgados, pizzas e até sorvetes em festas. Hoje, se quiser um desses ingredientes, ela mesmo faz. O mesmo acontece com os bolos. Ela prepara a própria farinha e leite.

“Para mim, cozinhar é uma terapia. Sempre procuro unir o gostoso ao saudável”, diz a fotógrafa.

 

Pai e filha cuidam de algumas plantas no jardim de casa

Pai e filha cuidam de algumas plantas no jardim de casa Foto: Guilherme Pinto

A rotina do pai e da filha gira em torno dos alimentos saudáveis. Não só por causa do cuidado e dedicação com as plantas, mas com o modo de vida surgiram novas atividades. Todas às quintas, Vanessa leva os seus produtos para a Feira Agroecológica da UFRJ, em frente ao prédio do Centro de Ciências da Saúde.

Aos sábados, é a vez de fazer o mesmo trabalho na Praça jerusalém, na Ilha do Governador. Para abastecer os seus clientes, ela fabrica cerca de 200 bolos por semana. A agropecuarista também dá palestras e passou a organizar festas de aniversário. Agora, além da foto e do vídeo, eles fecham um pacote com o bufê. Para o próximo ano, as atividades devem aumentar. Pai e filha pensam em oferecer oficinas com receitas de biomassa de banana verde ou para ensinar como germinar: “As pessoas vão se sentir incentivadas a começar o ano com uma alimentação saudável em casa”.

 

2 Comentários

  1. Por favor, seria possivel explicar a maneira de preparar a semente do abacate antes de coloca-la no solo?
    Nao consegui compreender direito. O caroco do abacate tem que ser preparado dentro de um copo e os palitos na parte de baixo para deixar o caroco flutuando?
    Agradeco antecipadamente.
    Atenciosamente
    Rejane

    1. Bom dia. Pode ser colocado diretamente no solo, sem nenhum tipo de preparo. Ou se quiser, pode fazer assim com os palitos, colocando a parte dele que tem uma pequena depressão para cima e mergulhar a metade na água, ficando a semente apoiada nos palitos nas bordas do copo, como cita em sua mensagem e terá uma bela folhagem dentro de casa até que queira colocar na terra enterrando as raízes de deixando a parte a vegetativa acima do solo. Felicidades, Luiz.