Os indignados ”ocupam” os EUA

Os ativistas começaram a armar barracas nas principais cidades e já planejam marchas em direção a bancos, corporações e instituições políticas por todo Estados Unidos. Os ativistas afirmam que a economia beneficia apenas a elite endinheirada.

 

7/10/2011

 

 
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=48123

 

A reportagem é de Stephen Foley e publicada pelo Página/12, 05-10-2011. A tradução é do Cepat.

O que originalmente começou como uma fraca promessa “Ocupar Wall Street” e um acampamento na praça do distrito financeiro de Manhattan já se espalhou em um movimento de protesto de alcance nacional. Organizadas através de redes sociais como Twitter e fortalecida pela prisão de 700 manifestantes em Nova York no sábado, os ativistas começaram a armar barracas nas principais cidades e já planejam marchas em direção a bancos, corporações e instituições políticas por todo Estados Unidos.

O programa dos protestos dos ativistas é tão amplo como  o protesto em si. A ausência de reivindicações específicas tem suscitado confusões em alguns setores, mas o movimento está coeso ao redor da ideia de que as políticas e a economia do país apenas beneficiam a elite endinheirada. “Ocupar Wall Street” foi seguida por “Ocupar Filadélfia”, “Ocupar Chigago” e mais de uma dezena de cidades se unem pela ideia de que “somos mais de 99% de norteamericanos comuns fora dos ganhos da economia da era pré-recessão, golpeadas pelo dowtun e ignorados no dia a dia nos assuntos políticos que vão desde a educação até o meio ambiente e a guerra”.

A estudante de doutorado em Harvard, Marisa Engerstrom, participou de uma marcha até a sede de Governo de Boston junto com outras cem pessoas onde se pediu o fim do corporativismo dos grandes grupos no governo. “Nosso sistema norteamericano de controle e contra-poderes foi destruído pela infuência de bancos que tornaram impossível que se escute a voz do povo”, disse a doutoranda. Mais de mil pessoas acampam nesse momento nas grandes cidades e prometem ficar ali todo o inverno.

No Zuccotti Park de Nova York, a metros da célebre estátua do touro que simboliza Wall Street, o protesto já dura 19 dias. Com doações de dinheiro e pizzas por parte de pedestres que passam pela praça, os indignados elaboraram um sistema de regras para essa comunidade.

Ouve-se música durante o dia, têm o seu proprio jornal chamado de The ocuppied Wall Street. Ocasionalmente, uma ou outra celebridade passa pelo lugar para apoia-los. Os manifestantes se valem de suas câmaras e laptops para divulgar os detalhes dos protestos pela Internet. As críticas contra o prefeito Michael Bloomberg aumentaram logo depois de ter dito que não permitiria que os indignados acampassem na Praça Liberty. “Foi um imbecil por criticar-nos dizendo que nosso obbjetivo era ir contra milhões como ele”, disse Joan Pleune, uma aposentada de 72 anos, que apoia a mobilização de rua.

Durante as duas primeiras semanas, as lideranças da ocupação se queixaram da pouca cobertura dos meios de comunicação, ainda que os editores tenham dado tratamento correspondente ao tamanho do protesto. Agora, entretando, percebe-se um crescimento do movimento e que o mesmo começa a incomodar e ganhar repercussão, como quando da chegada dos manifestantes na ponte do Brooklyn e as 700 prisões.

Em Seattle havia 30 barracas e 125 pessoas na madrugada de ontem. O prefeito lhes disse que não poderiam ficar outra noite. “Queria nos tirar, mas o convidamos para que participe da assembleia de hoje e esperamos fazê-lo entender”, dizia o comunicado de “Ocupar Seattle”. Em Nova Órleans, os ativistas planejam marchar até o Reserve Federal.

Montou-se um acampamento  em Los Angeles pela primeira vez desde sábado e o mesmo começou a crescer. Em São Francisco, 200 indignados cercaram o edifício do Bank of America no distrito financeiro da cidade, e um dos organizadores do acampamento, John Avalos falou para a multidão:  “Este edifício é um símbolo da incrível avareza e riqueza que se acumulou nas mãos de poucos”.

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