Orgânicos apresentam expansão na produção e interesse de consumo.

Comer mais saudável é um dos desejos mais encontrados nas listas de fim de ano de muitas pessoas. Uns cortam o chocolate, outros frituras, refrigerantes etc. Tudo isso segue aliado ao consumo maior de frutas, legumes e verduras, assim recomendam os nutricionistas. Mas e quando estes alimentos são cultivados com agrotóxicos que também podem, em longo prazo, fazer mal à saúde?

 

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2014/01/06/101516-organicos-apresentam-expansao-na-producao-e-interesse-de-consumo.html

 

O crescimento do interesse popular e o aumento no consumo impulsionaram a produção de produtos orgânicos no país, ou seja, cultivados com isenção de agrotóxicos. O Brasil é forte na produção orgânica de açúcar, soja, café, óleos, amêndoas, mel e frutas. Estima-se que o mercado de orgânicos no mundo supere 40 bilhões de dólares por ano.

Por conta desta expansão, o Ministério da pediu às certificadoras dados para criar um banco de produtores no país. Por enquanto, os números são desconhecidos até que estas estatísticas sejam avaliadas. Mas segundo o Instituto Biodinâmico (IBD), responsável por certificações no país, é possível que o Brasil já tenha quase 1 milhão de hectares em produção orgânica. Destes, 95% são produtores de pequeno e médio porte, exceto o açúcar, que é fabricado apenas por usinas.

No mundo, faturam-se U$ 50 bilhões com produtos orgânicos. No Brasil, somente U$ 150 milhões. As estatísticas apontam que há mais de 1.380.000 produtores orgânicos no planeta. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) estima que o Brasil possua mais de 50 mil agricultores que não praticam a agricultura convencional.

O Brasil é considerado pelos principais importadores de orgânicos – EUA, União Européia e Japão – como o país de maior potencial de produção orgânica para exportação: cerca de 60% da produção orgânica brasileira vai para fora do país. Outros 30% dos orgânicos são vendidos no mercado brasileiro e o restante segue para consumo próprio.

As commodities (como açúcar, soja, café) são quase que totalmente exportadas e todas as frutas, verduras e legumes são vendidos aqui. Além disso, o Brasil tem o maior mercado consumidor de orgânicos da América do Sul e este mercado está em crescimento.

Nos últimos anos, a procura por alimentos orgânicos tem sido maior que a capacidade de produção, o que eleva o preço desse tipo de alimento. A tendência é que os preços caiam com o aumento de pecuaristas e agricultores investindo neste tipo de produção.

Apesar de ter diminuído nos últimos anos, a diferença de preços entre produtos orgânicos e convencionais ainda pode ser percebida pelo consumidor. Nas prateleiras dos supermercados, o alimento livre de agrotóxicos, hormônios e adubos químicos pode custar até três vezes mais que os de produção tradicional.

Na região noroeste paulista, produtores de orgânicos apresentaram crescimento de 40% no último ano. Segundo a certificadora, são 17 Produtores, destes, cinco em conversão, ou seja, estão preparando seus solos para a produção orgânica.

Alguns deles, há dois anos criaram a Associação Eco 17, que organiza eventos e feiras entre os produtores certificados. Eles vêm de toda região noroeste, como Nova Itapirema (SP), Potirendaba (SP) e Nova Aliança (SP) para realizar em São José do Rio Preto (SP) uma feira todas as quartas-feiras, das 17h às 20h. A venda de hortaliças, legumes, grãos e frutas orgânicas é feita na Avenida José Munia, 5650, Chácara Municipal.

O produtor de folhas e legumes Marcos Antonio Regine, de Potirendaba foi um dos primeiros a aderir ao movimento. Há dois anos na área de orgânico, ele agora vai expandir os negócios e vender para supermercados. “Uma andorinha sozinha não faz verão, não é? A nossa união fortaleceu a produção local e hoje cresci o suficiente para começar a distribuir a supermercados da cidade, o que farei em breve. O preço é um pouquinho mais caro, os insumos naturais e controles biológicos são mais caros, então o preço é 30% maior que os produzidos com agrotóxicos”, comenta Regine.

O produtor João Luis Cardoso Junior, de Mirassol (SP), cultiva orgânicos há quatro anos. Há dois, conseguiu a certificação oficial e passou a vender folhas e alguns legumes como berinjela e jiló. Com o aumento da procura, agora ele faz investimentos para crescer mais. “O perfil de quem procura mudou, antes só quem nos conheciam nos procuravam, hoje, com as feiras e com a conscientização, nosso público aumentou. Então com isso, vou aumentar minha produção e o espaço. Ela é mais demorada, porque não vai adubo agrícola, nem veneno, nem é tão mais caro, hoje um maço de folhas sai por R$ 4. Esse é o preço que você pagará por uma vida mais saudável e tranquila, você pode comer sem medo”, comenta Junior.

Valores nutricionais – De acordo com a nutricionista Maria José de Biazzi Bombini, o alimento orgânico carrega uma série de vantagens nutricionais e durabilidade maior que outros. Por exemplo, uma alface orgânica, por ser livre de agrotóxicos e não precisar passar por cloragem dura uma semana a mais do que as convencionais. “Como há uma higiene maior, livre de agrotóxico, não há necessidade de tanta eficiência na higienização, o que traz segurança ao consumidor. Saber que não tem nenhum defensivo agrícola, nem metais pesados, que futuramente podem trazer malefícios é muito confortante”, comenta.

Além disso, alimentos cultivados organicamente são nutricionalmente mais saudáveis e concentram o sabor. “Eles são muito mais saborosos, a qualidade é maior e a durabilidade durante o armazenamento também. Folhas lavadas e guardadas na geladeira chegam a durar até sete dias a mais do que as cultivadas com agrotóxicos, além de não haver perda nutricional, nem manchas”.

Foi pensando na saúde que o administrador de empresas Fernando Ezequiel Peres procurou se alimentar com orgânicos. Para isso, sai a procura de produtos com o selo e visita feiras para comprar legumes e verduras. “É mais saudável e, apesar de não ter nenhuma doença, penso no futuro e isso me incomoda. É muito interessante se você estudar os orgânicos e vê que o custo-benefício compensa. Gastarei menos com remédios no futuro para hoje consumir algo melhor para minha vida. O problema é que é muito difícil achar produtos bons, a produção deveria ser maior”, comenta Peres.

Como ser orgânico – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a entidade que estabelece a regulação da quantidade máxima de agrotóxico que pode ser utilizada nos alimentos. O órgão realiza avaliação toxicológica para que haja um registro sobre a aplicação das substâncias e coordena programas na área.

Os pequenos produtores não necessitam obrigatoriamente do selo de certificação caso façam uso da venda direta aos consumidores, mas devem estar vinculados a uma Organização de Controle Social (OCS) cadastrada nos órgãos do governo, cumprindo o regulamento da produção orgânica.

Na produção convencional, animais e vegetais têm o crescimento estimulado por adubos químicos e hormônios incluídos na alimentação, além de um período menor de colheita – ou abate – em comparação aos orgânicos. A agricultura orgânica mantém cuidados especiais para impedir a contaminação por agrotóxicos ou adubos químicos, como a criação de um perímetro improdutivo ao redor da área de plantio, contra as substâncias químicas, utilização de adubos naturais, geralmente mais caros aos produtos e período maior de germinação.

Para que um produto seja vendido como orgânico, ele passará por avaliação de uma certificadora, que através da legislação ambiental e trabalhista cederá o certificado ao produtor. Para isso, é necessário se cadastrar no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou se organizar com outros produtores locais, em um Sistema Participativo de Garantia. “Antes de tudo, é importante que o produtor ou o industrial tenha conhecimento técnico de como produzir organicamente, ou contrate um consultor em agricultura orgânica. Há bons escritórios de consultoria nessa área”, explica o gestor do Instituto Biodinâmico, José Pedro Santiago.

A certificadora fará uma inspeção e assina um contrato com o produtor, que passará por um período de conversão para o sistema orgânico, que varia de um a dois anos pela lei brasileira, ou de dois a três anos para os mercados europeu, norte-americano e japonês. Só depois que o produtor tiver feito as mudanças necessárias para se tornar orgânico, o que é verificado nas inspeções, recebe o Certificado Orgânico e poderá vender seus produtos como orgânicos.

Carne orgânica deve provir de animais alimentados com pastos e grãos orgânicos, que têm acesso ao pasto e não recebem remédios alopáticos, como antibióticos e outros. Se o produto é processado, os ingredientes têm de ser, no mínimo, 95% orgânicos certificados. Produtos com 70 a 94% de ingredientes orgânicos podem apresentar no rótulo a indicação “produzido com ingredientes orgânicos”, especificando as porcentagens de cada ingrediente, mas não podem ser certificados como orgânicos. “O produto orgânico certificado deve provir de unidades de produção que respeitem as normas trabalhistas, ambientais e florestais. O produto deve ser, previamente, registrado nos órgãos oficiais competentes, ou seja, ele é certificado como orgânico a partir das leis do país e é submetido a exigências adicionais, que são as normas legais acima mencionadas”, explica Santiago.

A renovação da certificação é sempre anual, seja para mercado interno ou para exportação. Para orientar os mercados interno e externo sobre as exportações brasileiras de produtos orgânicos, o Ministério das Relações Exteriores publicou a Resolução Camex no 13, de 8 de junho de 2006, que pede que o exportador informe se o produto é orgânico, em formulário do governo utilizado para exportação. “Com isso, teremos em breve dados sobre tipos e quantidades de produtos orgânicos exportados, embora a informação não seja obrigatória e, assim, os dados poderão estar sub-dimensionados”, finaliza Santiago.

(Fonte: G1)

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